Adolf Hitler: a história do líder nazista (trajetória, ideologias e morte)

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

Adolf Hitler (1889-1945) foi o ditador que comandou a Alemanha Nazista entre 1933 e 1945. De origem austríaca, também foi o líder do Partido Nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) e principal responsável pela implementação do Holocausto.

Defendia ideias nacionalistas, militaristas, antissemitas (ódio aos judeus), racistas e contrárias ao marxismo.

Adolf Hitler
Adolf Hitler em sua residência conhecida como Ninho da Águia (Fonte: Hugo Jaeger - Creative Commons)

Assumiu o poder por meios eleitorais, sendo nomeado chanceler da Alemanha. Porém, em poucos meses, estabeleceu um governo autoritário, centralizado e militarizado, que perseguia violentamente minorias e opositores.

Conduziu a Alemanha durante o processo que culminou com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um conflito que resultou na morte de 56 milhões de pessoas.

Nascido em 20 de abril de 1889 na cidade de Braunau am Inn, Áustria, Adolf era o quarto filho do casal Alois Schickelgruber e Klara Hitler.

O pai era um funcionário de Alfândega conhecido pelo temperamento rigoroso com os filhos. A mãe era dona de casa. Eles tiveram seis filhos, mas apenas dois chegariam à idade adulta.

O casal Hitler mudou-se várias vezes antes de se estabelecer em Leonding, uma vila próxima a Linz, na Áustria.

Desde cedo, Hitler demonstrou interesse por desenho, pintura e história. Por decisão de seu pai, frequentou a Realshule, um tipo de escola secundária com foco em estudos técnicos. No entanto, obteve um desempenho acadêmico considerado insuficiente, com notas ruins ou medíocres até sua saída da instituição em 1905.

Já em Viena, em 1907, quatro anos após a morte do pai por um derrame pleural, Adolf Hitler tentou ingressar na Academia de Artes. Foi reprovado no exame de admissão, com seus trabalhos considerado "insatisfatórios" e de "poucas aptidões".

No mesmo ano, sua mãe faleceu vítima de câncer de mama. O tratamento, realizado pelo médico judeu Eduard Bloch, não teve êxito. Sozinho, permaneceu por seis anos em Viena, tendo como meio de sustento a pensão deixada pelo pai.

Ficou praticamente sem dinheiro em 1909 e dormiu em bares, abrigos para desabrigados e cortiços. Segundo historiadores, esse período foi fundamental para a formação do pensamento antissemita, o interesse para a política e o despertar das habilidades oratórias.

Viena, naquela época, destacava-se como um importante centro de surgimento de novas ideias, a exemplo da psicanálise. Também abrigava movimentos socialistas e um forte discurso antissemita, que atraíram o interesse de Hitler e moldaram seu ódio aos judeus e ao marxismo.

Vida pessoal

Pouco se sabe a respeito da vida familiar e sentimental daquele que seria o líder alemão. A única irmã que sobreviveu, Paula, manteve pouco contato com ele após a fundação do partido nazista e faleceu sem deixar descendência.

Hitler declarava que estava devotado à Alemanha e por isso, não podia contrair matrimônio. Manteve um relacionamento amoroso com Eva Braun desde a década de 30 até a sua morte em 1945.

A participação de Hitler na Primeira Guerra Mundial

O futuro líder alemão tentou evitar o serviço militar austríaco, mudando-se para Munique, em 1913. No entanto, terminou por ingressar voluntariamente no exército alemão quando começou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Tinha 25 anos.

O desfecho da Primeira Guerra Mundial causou desespero à Alemanha e não seria diferente para Hitler.

Os alemães saíram humilhados do conflito, a monarquia chegou ao fim e foi declarada a República. A nova Constituição adotou um modelo federalista e parlamentar, na qual um presidente era eleito a cada sete anos. Este indicaria um chanceler que exerceria o governo, enquanto duas câmaras compunham o poder legislativo.

No pleito, 423 deputados foram eleitos para a Assembleia Nacional naquela que ficou conhecida como a República de Weimar.

A Alemanha, então, ratificou o Tratado de Versalhes em 28 de julho de 1919 e, assim, o país teve que pagar por todos os danos civis causados na guerra.

Os alemães perderam parte do território e suas colônias. Também deveriam desmilitarizar uma faixa de 48 quilômetros à margem direita do Rio Reno.

Além disso, tiveram que aceitar a limitação de suas forças armadas. Todos os termos foram considerados humilhantes para a Alemanha.

Entenda o que foi o Tratado de Versalhes.

Partido dos Trabalhadores Alemães

Ao fim da guerra, Adolf Hitler conhece o Deutsch Arbeiterpartei (Partido dos Trabalhadores Alemães). Os preceitos da legenda, de extrema-direita, o seduziram e apontavam um meio de atingir seus objetivos políticos.

O partido, que antes contava com poucos membros, cresceu com os inflamados discursos nacionalistas e antissemitas de Hitler.

Orador imponente, Hitler apresentava de maneira impactante ideias bastante simples e, por vezes, repetitivas, facilmente captadas pela população. Suas falas tocavam em preconceitos, fobias e ressentimentos existentes na sociedade alemã. Assim, atraía inicialmente centenas e, depois, milhares de seguidores e doadores para o partido.

Igualmente, atraiu parte da classe média e alta, que via nas suas ideias a oportunidade de recuperar seu antigo prestígio.

Aos militares, lhes interessava sua ânsia de expandir o território alemão e se vingar da derrota sofrida na Primeira Guerra.

Hitler e o antissemitismo (ódio pelos judeus)

Em 24 de fevereiro de 1920, num encontro público que reuniu 2 mil participantes, Hitler apresentou seus 25 pontos. Entre elas estavam:

  • a exigência da revogação do Tratado de Versalhes pelo governo;
  • o confisco dos lucros da guerra;
  • a expropriação das terras dos judeus, a revogação de seus direitos políticos e a sua expulsão da Alemanha.

Hitler responsabilizava os judeus pela instabilidade política, o desemprego, inflação e a humilhação de guerra vividos pelos alemães.

Sob esse clima, o nome da legenda foi alterado para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães - NSDAP). A contração do primeiro nome, forma a abreviatura "Nazi" e de onde derivam as palavras Nazismo e Nazista.

O discurso de Hitler não ficou mais restrito às reuniões do partido, adquirindo um jornal para difundir suas ideias.

O partido nazista é favorecido pelo desespero dos alemães, da hiperinflação e do desemprego, levando milhares de pessoas a se filiarem ao NSDAP.

Entenda melhor o que foi o Nazismo.

Putsch de Munique

Em 1923, a República de Weimar é acusada pelos nacionais-socialistas de se inclinar às ideias de esquerda. Hitler realiza um comício em uma cervejaria de Munique, em novembro deste mesmo ano, onde pretendia tomar o governo da Baviera e dali, marchar sobre Berlim. Este episódio seria conhecido como o Putsch de Munique (Golpe de Munique) ou Putsch da Cervejaria.

No entanto, a polícia local invade a cervejaria e acaba com a tentativa de golpe. Hitler e vários correligionários são presos sob acusação de traição e condenados a cinco anos de prisão. Contudo, nove meses depois, ele é anistiado.

A obra Mein Kampf - Minha Luta

No tempo em que esteve preso, Adolf Hitler escreve Mein Kampf (Minha Luta), obra em que detalha seus pontos de vista sobre o futuro do povo alemão.

No livro, Hitler ataca democratas, comunistas e, principalmente, os judeus, reforçando que eles eram os inimigos da nação alemã.

Segundo Hitler, os judeus seriam parasitas sem cultura própria e que não constituíam uma raça. Já o povo alemão, de mais alta pureza racial, seria uma raça superior e deveria evitar o casamento com raças subumanas, entre elas os judeus e os eslavos.

Cabia, assim, à Alemanha, remover os judeus de seu próprio território e, expandir-se para a Rússia, combatendo o bolchevismo (marxismo) - sistema político que Hitler também atribuía ao “mal” da influência judaica. Desta forma seria constituído um império (Reich) que atingia sua supremacia sob o comando de um líder (Führer).

Também foram essas as ideias que nortearam a segunda edição de Mein Kampf, lançado em 1927. O livro trazia, ainda, a história do Partido Nazista e vendeu milhões de cópias nos anos subsequentes.

As ideias de Hitler levaram o Partido Nazista a conseguir 33% dos votos nas eleições federais em 1932. Um acordo político o conduziu ao cargo de chanceler em 1933, sob a presidência de Paul von Hindenburg (1847-1934).

A participação na Segunda Guerra Mundial

Após a morte do presidente, em 1934, Hitler o sucedeu e acumularia os dois cargos sendo presidente e primeiro-ministro da Alemanha enquanto Führer (líder).

Em 1933 e 1934 começa a pôr em prática as ideias descritas em Mein Kampf promulgando as primeiras leis antissemitas. Estas afastariam os judeus do serviço público e restringiriam o seu acesso à educação, dentre outras medidas.

Neste período, aproxima-se e ganha um parceiro em Benito Mussolini, autoritário primeiro-ministro italiano e criador do fascismo. Ambos serão aliados durante a guerra.

Em 1938, a Alemanha anexa a Áustria ao seu território. Em 1º de setembro de 1939, o exército alemão invade a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial.

A União Soviética é invadida em junho de 1941, mesmo ano em que os Estados Unidos entram na guerra.

Aprofunde os seus estudos sobre a Segunda Guerra Mundial.

O Holocausto

Hitler era conhecido por sua determinação e levou até o fim, com a cumplicidade de seus oficiais, sua terrível ideia de tentar exterminar todos aqueles que não pertencessem à raça ariana. Durante o confronto, 56 milhões de pessoas de 25 nacionalidades morreram.

Desses, 6 milhões eram especificamente judeus, o que representava um terço desse povo que vivia na Europa. O genocídio contra os judeus, organizado pelos nazistas, ficou conhecido como Holocausto.

Para os judeus foi planejada e executada a dita "Solução Final" que previa o extermínio dessas pessoas através de câmaras de gás.

Além do extermínio planejado de judeus no Holocausto, a ideologia nazista também fez vítimas entre incapacitados mentais e físicos, católicos, protestantes, testemunhas de Jeová, homossexuais, comunistas, socialistas, ciganos, entre outros.

Morte de Adolf Hitler

Cercados pelas tropas soviéticas que invadiram Berlim, Adolf Hitler e seu Estado-Maior se refugiaram num bunker localizado no centro da capital.

Percebendo que o fim estava próximo, Adolf Hitler cometeu suicídio no dia 30 de abril de 1945, aos 56 anos.

Estava em companhia da mulher, Eva Braun (1912-1945), com quem ficou apenas um dia casado após longos anos de relacionamento.

Conforme seu desejo, o corpo foi incinerado e as cinzas espalhadas para que nada caísse nas mãos dos soviéticos.

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Referências Bibliográficas

GEARY, Dick. Hitler e o Nazismo. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

KERSHAW, Ian. Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.