As Cruzadas

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

As cruzadas eram expedições de caráter religioso, econômico e militar que se formaram na Europa, entre os séculos XI e XIII, contra os heréticos e os muçulmanos.

Embora não tenha sido um movimento exclusivamente religioso, as cruzadas tiveram o espírito de religiosidade da cristandade europeia como fator importante de sua formação.

Isso se explica, diante de uma sociedade onde a fé superava a razão, a cultura era manipulada pela igreja e vivia-se preso à ideia do pecado e da condenação eterna, era natural que o homem buscasse a salvação da alma através de atos de fé e penitência.

Uma das penitências desejadas era fazer ao menos uma peregrinação à Palestina - a Terra Santa, o lugar onde Cristo nascera, sofrera e fora enterrado.

Objetivos das Cruzadas

  • Libertar a Terra Santa conquistada pelos turcos seldjúcidas (dinastia do fundador Seldjuk), que proibiu a peregrinação ao Santo Sepulcro, em Jerusalém;
  • A tentativa do papado de unir a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental, separadas desde 1054 pelo Cisma do Oriente.
  • A tentativa dos nobres europeus de se apropriarem de terras no oriente;
  • A necessidade de algumas cidades comerciais europeias, principalmente italianos, interessados por entrepostos e vantagens em busca de produtos orientais e pela possibilidade de abertura do mar Mediterrâneo ao comércio;
  • A explosão demográfica europeia, que gerou uma população marginal, sem emprego e sem terras, que uniu seu fervor religioso ao desejo de riqueza.

Principais Cruzadas

Do final do século XI à segunda metade do século XIII, houve oito cruzadas, que dirigiram sua luta contra os turcos no Oriente.

Em 1095, o papa Urbano II pronunciou um inflado discurso no Concílio de Clermont, conclamando os cristãos a ingressarem na expedição cruzadista rumo ao Oriente.

Primeira cruzada (1096-1099)

Chamada de Cruzada dos Nobres chegou a conquistar Jerusalém, onde promoveram uma matança da população muçulmana. Organizaram na região vários reinos nos moldes feudais. No século XII, os turcos reconquistaram os reinos, inclusive Jerusalém.

Segunda cruzada (1147-1149)

Foi organizada por reis e imperadores, com o objetivo de retomar Jerusalém dos turcos, mas fracassaram no seu objetivo.

Terceira cruzada (1189-1192)

Foi chamada Cruzada dos Reis, devido à participação do monarca da Inglaterra (Ricardo Coração de Leão), da França (Filipe Augusto) e do Sacro Império Romano-Germânico (Frederico Barba Roxa).

Não atingiu seus objetivos militares, mas foram estabelecidos acordos diplomáticos com os turcos que permitiram as peregrinações.

Quarta cruzada (1202-1204)

Foi chamada de Cruzada Comercial por ter sido liderada por comerciantes de Veneza. Desviada de Jerusalém, alvo religioso da investida, para Constantinopla, que acabou sendo saqueada.

Quinta, sexta, sétima e oitava cruzadas (1218-1270)

Secundárias sob todos os aspectos, não tiveram sucesso.

Consequências das Cruzadas

Do ponto de vista religioso as cruzadas fracassaram, do ponto de vista econômico elas tiveram um papel importante no desenvolvimento comercial, com o fim da dominação árabe no Mar Mediterrâneo.

As cruzadas conseguiram restabelecer as relações europeias com o norte da África e a Ásia. Foram responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo ao comércio internacional e pelo desenvolvimento do comércio ocidental.

Deve-se também às cruzadas a divulgação na Europa ocidental de parte dos conhecimentos das civilizações bizantina e muçulmana, do cultivo de novos produtos agrícolas e novas técnicas, na fabricação de vidro e tapete.

Leia mais sobre o tema:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.