Coesão Textual

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias dentro de um texto. Ela permite a eficiência na transmissão da mensagem ao interlocutor e, por consequência, o seu entendimento.

A coesão necessita de recursos, como palavras e expressões, que têm como objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do texto. Esses recursos são chamados de elementos de coesão.

A coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas, como os advérbios, pronomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre outros, os quais são usados para evitar que palavras anteriormente mencionadas sejam repetidas.

Coesão referencial

É o vínculo que existe entre palavras, orações e as diferentes partículas do texto por meio de um referente.

Nesse tipo de coesão, os elementos de coesão anunciam, ou retomam as frases, sequências e palavras que indicam conceitos e fatos. Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfora.

A anáfora faz referência a uma informação mencionada no texto anteriormente, ou seja, ela retoma um componente textual. Também pode ser chamada de elemento anafórico.

A catáfora, por sua vez, antecipa um componente textual, sendo chamada de elemento catafórico.

Elementos de coesão referencial

Os principais mecanismos da coesão referencial ocorrem por meio de elipse e reiteração.

Exemplo de coesão referencial por elipse: Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?

Neste tipo de coesão, um elemento do texto é retirado e evita a repetição: Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha (à praia)?

Exemplo de coesão por reiteração: Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento todos os dias.

Neste tipo de coesão, é possível repetir o elemento lexical ou mesmo usar sinônimos.

Coesão sequencial

É a maneira como os fatos se organizam no tempo do texto. Para isto, são utilizadas relações semânticas que ligam as orações e os parágrafos à medida que o texto é descrito.

Elementos de coesão sequencial

A coesão sequencial pode ocorrer por justaposição ou conexão.

Exemplo de coesão sequencial por justaposição:

Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso, conhece os meandros da empresa.

A coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao texto no ordenamento temporal, espacial e de assunto.

Exemplo de coesão sequencial por conexão:

Acordou tarde, de forma que perdeu o ônibus.

Nesse tipo de coesão, as conjunções, como neste caso, estabelecem uma relação entre as orações.

Exercícios de coesão textual

1. (Enem-2010)

O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área.

No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a 0.

Disponível em: http://momentodofutebol.blogspot.com (adaptado).

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que

a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça.
b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções possíveis para serem aplicadas no jogo.
c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados no jogo em ordem cronológica de ocorrência.
d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado.
e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio.

Alternativa d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmente esperado.

2. (Enem-2011)

Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.

ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.

As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que

a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.

Alternativa a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.

3. (Enem-2013)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.

RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

Alternativa e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

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Referências Bibliográficas

KOCH, Ingedore Villaça. A Coesão Textual. 13. ed. São Paulo: Contexto, 2000.

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).
Daniela Diana
Edição por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.