Dia do Fico

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O Dia do Fico, ocorrido em 9 de janeiro de 1822, foi protagonizado pelo regente do Brasil, o Príncipe Dom Pedro, quando decidiu contrariar as ordens das Cortes Portuguesas e permanecer no Brasil.

O evento recebeu esse nome porque, na ocasião, D. Pedro proferiu a frase que se tornaria célebre:

Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico. (Dom Pedro, 9 de janeiro de 1822)

Esta decisão é considerada um importante passo para o processo de independência do Brasil, que aconteceu em 7 de setembro de 1822.

Após isso, as relações entre Brasil e Portugal se estremeceram. Os portugueses não queriam manter D. Pedro em território brasileiro, porque isso seria fornecer mais autonomia política e vantagens para a antiga colônia.

A permanência de D Pedro foi um ponto crucial para que o processo de independência acontecesse em 7 de setembro de 1822.

Por que D. Pedro decidiu ficar no Brasil?

O desejo da permanência do Príncipe-Regente Dom Pedro no Brasil se inicia com o temor de que Portugal retirasse do Brasil os direitos adquiridos com a elevação do Brasil a Reino Unido, em 1815.

Se isto acontecesse, o Brasil voltaria novamente à condição de colônia e perderia o direito de comercializar com as demais nações.

Assim, surge a ideia entre a elite rural e política brasileira de formar um "Reino do Brasil", independente de Portugal.

Dom Pedro aclamado pela decisão de ficar no Brasil. Autor: J.B. Debret
Dom Pedro aclamado pela decisão de ficar no Brasil. Autor: J.B. Debret

O rei Dom João VI parecia prever que este território do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves poderia passar pelo mesmo processo das colônias espanholas.

Desta maneira, antes de voltar para Portugal por conta da Revolução Liberal do Porto, deixou seu filho e herdeiro no Brasil.

Entretanto, o próprio Dom Pedro considerava a ideia de se afastar da corte portuguesa, seja por influência de pessoas como José Bonifácio, seja pelo apoio da sua esposa, Dona Leopoldina.

Em dezembro de 1821, Dom Pedro recebeu ordens de voltar a Portugal a fim de terminar sua preparação acadêmica.

A notícia cai com uma bomba entre os brasileiros, sobretudo, a elite agrária brasileira. Isso porque ela queria conservar as liberdades comerciais que haviam adquirido após a Vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808.

Isso animou a aristocracia rural a pedir a permanência de D. Pedro no Brasil. Por esse motivo, iniciou-se a coleta de assinaturas no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo, pedindo que Dom Pedro não voltasse para Portugal.

Mais de oito mil assinaturas foram apresentadas pelo presidente do Senado, José Clemente Pereira, a Dom Pedro, o qual se decide permanecer no Brasil.

Por isso, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro, não acatou ordens das Cortes Portuguesas para que deixasse imediatamente o Brasil e retornasse a Portugal.

Na varanda do Paço Real (que viria a se tornar o Paço Imperial após a independência), Dom Pedro comunicou sua decisão à multidão que o assistia:

Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico (Dom Pedro, 9 de janeiro de 1822).

Esse episódio passaria à história conhecido como o "Dia do Fico".

Oito meses depois, apoiado pelas elites agrárias e a população livre, D. Pedro declara a Independência do Brasil.

Curiosidades sobre o Dia do Fico

Portugal chegou a enviar tropas para o Brasil, capitaneadas pelo tenente-general Jorge Avilez, com a intenção de reaver o poder sobre o Brasil. No entanto, o Príncipe-Regente D. Pedro ordena a retirada das tropas, o militar e seus comandados são expulsos do Brasil.

Uma versão mais reduzida da frase "Se é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, digo ao povo que fico." tornou-se uma citação comum no Brasil.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.