Fascismo: o que é e suas características

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

O Fascismo foi um sistema político nacionalista, antiliberal e antissocialista surgido na Itália, em 1919, no fim da Primeira Guerra Mundial. Esse modelo político apresenta influências e desdobramentos até os dias presentes.

Liderado por Benito Mussolini, o fascismo influenciou regimes políticos em vários países da Europa, como a Alemanha e a Espanha no período entre guerras (1919-1938).

O fascismo também inspirou movimentos políticos de direita no Brasil, como o Integralismo, durante a Era Vargas.

Significado de Fascismo

A política fascista surgiu durante o contexto de pós-Primeira Guerra, na Itália, com Benito Mussolini. Nesse período, o fascismo representou um governo totalitário, representado por um líder com busca reforçar sua imagem junto ao povo, apresentando discursos extremistas e nocivos a etnias minoritárias,

A palavra fascismo vem do latim fascio (feixe), pois um dos símbolos fascistas era o fascio littorio. Este consistia num machado envolvido num feixe de varas utilizado nas cerimônias do Império Romano como um símbolo de união.

Após os abusos e violências causados por essa ideologia na primeira metade do século XX, a palavra fascismo foi ganhando novos significados. Agora, nas primeiras décadas do século XXI, é comum denominarmos "fascismo" ou "fascista" o indivíduo ou movimento que defende a repressão e segregação étnica para resolver problemas da sociedade.

Características do Fascismo

O fascismo se caracteriza por ser um sistema político oposto ao socialismo e também imperialista, autoritário, antiliberal e antisocialista, anticomunista e nacionalista. Algumas características gerais:

  • Estado totalitário: o Estado controlava todas as manifestações da vida pública e privada da população.
  • Autoritarismo: a autoridade do líder era indiscutível. Ele seria o mais preparado e sabia exatamente o que a população necessitava.
  • Nacionalismo: a nação é um bem supremo, e em nome dela qualquer sacrifício devia ser exigido e feito pelos indivíduos.
  • Antiliberalismo: o fascismo comungava de algumas ideias capitalistas, como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas. Por outro lado, defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e, no caso de algumas correntes fascistas, a nacionalização de grandes empresas.
  • Expansionismo: alargar as fronteiras era visto como uma necessidade, pois era preciso conquistar o “espaço vital” para que a nação se desenvolvesse.
  • Militarismo: a salvação nacional viria por meio da organização militar, da luta, da guerra e do expansionismo.
  • Anticomunismo: os fascistas rejeitavam a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta, da luta de classes.
  • Corporativismo: ao invés de defender o conceito de "um homem, um voto", os fascistas acreditavam que as corporações profissionais deviam eleger os representantes políticos. Também sustentavam que somente a cooperação entre classes garantia a estabilidade da sociedade.
  • Hierarquização da sociedade: o fascismo valorizava uma visão do mundo segundo a qual cabem aos mais fortes, em nome da "vontade nacional", conduzir o povo à segurança e à prosperidade.

O fascismo prometia restaurar as sociedades destruídas pela guerra, prometendo riqueza, uma nação forte e sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.

Fascismo na Itália

Um profundo sentimento de frustração dominou a Itália após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O país saiu decepcionado por não ter suas reivindicações atendidas no Tratado de Versalhes e a situação econômica era mais difícil que antes da guerra.

Assim, a crise social ganhava aspectos revolucionários com o crescimento da esquerda e dos movimentos de direita.

Em março de 1919, em Milão, o jornalista Benito Mussolini cria os "Fasci di Combatimento" e os "Squadri" (grupos de combate e esquadrão, respectivamente). Esses tinham como objetivo combater os adversários políticos, em especial os comunistas, por meios violentos.

O Partido Nacional Fascista, fundado oficialmente em novembro de 1921, cresceu rapidamente: o número de filiados passou de 200 mil em 1919 para 300 mil em 1921. O movimento agrupava pessoas com tendências políticas de origens variadas: nacionalistas, antiesquerdistas, contrarrevolucionários, ex-combatentes e desempregados.

Em 1919, um milhão de trabalhadores entraram em greve; no ano seguinte, já totalizavam 2 milhões. Mais de 600 mil metalúrgicos do norte ocuparam fábricas e tentaram dirigi-las seguindo as ideias socialistas.

Por seu lado, o governo parlamentar, composto pelo partido socialista e pelo partido popular, não chegava a um acordo nas grandes questões políticas. Isto facilitaria a chegada dos fascistas ao poder.

Veja também: Fascismo na Itália

Marcha sobre Roma

Em outubro de 1922, durante o congresso do partido fascista realizado em Nápoles, Mussolini anunciou a "Marcha sobre Roma", em que cinquenta mil camisas-negras — como eram chamados os fascistas, por utilizarem um uniforme preto — dirigiram-se à capital italiana.

Impotente após essa manifestação, o rei Vitor Emanuel III convidou o líder dos fascistas, Benito Mussolini, para formar o Ministério.

Nas eleições fraudulentas de 1924, os fascistas obtiveram 65% dos votos e, em 1925, Mussolini torna-se o Duce ("líder", em italiano).

Mussolini começou a implantar seu programa: acabou com as liberdades individuais, fechou e censurou jornais, anulou o poder do Senado e da Câmara dos Deputados, criou uma polícia política, responsável pela repressão, entre outras ações.

Lentamente foi instalado o regime ditatorial. O governo manteve as aparências de uma monarquia parlamentarista, mas Mussolini detinha plenos poderes.

Após garantir para si grande autoridade política e se cercar das elites dominantes, Mussolini buscou o desenvolvimento econômico do país. No entanto, esse período de crescimento foi duramente afetado pela crise de 1929.

Totalitarismo e Fascismo

O Totalitarismo representa um sistema político autoritário e repressivo, em que o Estado controla todos os cidadãos, os quais não possuem liberdade de expressão nem participação política.

O período entre guerras foi uma época de radicalização política. Foi assim que os regimes totalitários se instalaram em vários países europeus, como a Itália, a partir de 1922, e o nazismo, na Alemanha, em 1933.

A expansão dos regimes totalitários estava relacionada aos problemas econômicos e sociais pelos quais a Europa passou depois da Primeira Guerra Mundial. Também existia o temor de que o socialismo, implantado na Rússia, viesse a se expandir.

Para muitos países, uma ditadura totalitária parecia uma solução, pois prometia uma reação forte, próspera e sem agitações sociais. Além da Itália e da Alemanha, países como a Polônia e a Iugoslávia foram dominados por regimes totalitaristas.

O fascismo inspirou ainda regimes autoritários como o "franquismo" na Espanha e o "salazarismo", em Portugal.

Fascismo e Nazismo

É muito comum haver confusão entre os termos “fascismo” e “nazismo”. Afinal, ambos são regimes políticos de cunho totalitários e nacionalistas que se desenvolveram na Europa no século XX.

Entretanto, o fascismo foi implementado na Itália por Benito Mussolini durante o período entre guerras. Já o nazismo foi um movimento de inspiração fascista que ocorreu na Alemanha, liderado por Adolf Hitler e que se baseava, principalmente, no antissemitismo.

Símbolos do Fascismo

Na Itália, os símbolos do fascismo eram:

  • Fascio: o símbolo que deu origem ao vocábulo aparecia em vários monumentos, selos e documentos oficiais.
  • Camisa Negra: fazia parte do uniforme dos fascistas e, por isso, seus membros eram chamados "camisas-negras".
  • Saudação: com o braço direito levantado.
  • Lema: "Crer, Obedecer, Combater" era dito em discursos políticos e estava presente em medalhas, quadros, etc.

Fascismo no Brasil

O fascismo no Brasil teve como representante Plínio Salgado (1895-1975) fundador da Ação Integralista Brasileira (AIB), em 1932. Salgado adotou um lema em tupi-guarani "Anauê", a letra grega "sigma" como símbolo e vestiu seus simpatizantes de camisas-verdes.

Defendia um Estado forte, mas rejeitou o racismo publicamente, por ser esta doutrina incompatível com a realidade brasileira. Anticomunista, se aproximou e apoiou Getúlio Vargas até o golpe de 1937, quando a AIB foi fechada, assim como os demais partidos brasileiros.

Desta maneira, alguns militantes integralistas promoveram o Levante Integralista de 1938, mas que foi rapidamente sufocado pela polícia. Plínio Salgado foi exilado em Portugal e muitos de seus companheiros, presos.

O Estado Novo e o Fascismo

O governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937-1945) teve características fascistas como a censura, o unipartidarismo, a existência de uma polícia política e a perseguição aos comunistas.

Para consolidar o autoritarismo, Vargas contou com a chancela da constituição de 1937, apelidada de "Polaca", por possuir semelhanças com a constituição fascista polonesa de 1935.

No entanto, o Estado Novo não foi expansionista e nem escolheu nenhum outro povo para ser alvo de ataques. Assim, podemos afirmar que o Estado Novo foi nacionalista e não fascista.

Vídeo sobre o Fascismo

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Referências Bibliográficas

STANLEY, J. Como funciona o fascismo: A política do “nós” e “eles”. São Paulo: L&PM Editores, 2018.

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.