Entenda o que é Elipse (figura de linguagem) com exemplos

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

A elipse é uma figura de linguagem usada para omitir termos que podem ser facilmente identificados pelo interlocutor, como se estivéssemos economizando palavras, por exemplo:

Estava falando sobre a minha mãe e não sobre à sua.

Nessa frase, a palavra mãe foi omitida: Estava falando sobre a minha mãe e não sobre à sua mãe.

As figuras de linguagem são recursos usados para dar mais ênfase à comunicação e torná-la mais bonita. A elipse é uma figura de linguagem classificada como figura de sintaxe (ou de construção), porque interfere na estrutura sintática dos enunciados.

Exemplos de elipse

Elipse do sujeito: Comi no restaurante da minha avó na semana passada. (Eu comi no restaurante da minha avó na semana passada.)

Elipse do verbo: A cidade parecia mais alegre; as pessoas, mais felizes. (A cidade parecia mais alegre; as pessoas pareciam mais felizes.)

Elipse do substantivo: Fui à casa do meu amigo, mas ele não veio à minha. (Fui à casa do meu amigo, mas ele não veio à minha casa.)

Elipse da preposição: Aquele dia, não descansei. (Naquele dia, não descansei.)

Elipse da oração: Perguntei quando viria. Ele disse que não sabia. (Ele disse que não sabia quando viria.)

Elipse da conjunção: E espero tenha sido simpática com os convidados. (E espero que tenha sido simpática com os convidados.)

Exemplos de elipse na música e na literatura

Exemplo: “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (Machado de Assis)
Nesta frase, houve a omissão do verbo haver: Na sala havia apenas quatro ou cinco convidados.

Exemplo 2: “A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade)
Nesta frase, houve a omissão da conjunção se: A tarde talvez fosse azul se não houvesse tantos desejos.

Exemplo 3: “Onde se esconde a minha bem-amada?/Onde a minha namorada...” (música “Canto triste” Edu Lobo)
Nesta frase, houve a omissão do verbo estar: Onde está a minha namorada...

Exemplo 4: “Quando olhaste bem nos olhos meus/E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei.” (música “Atrás da porta”)
Nesta frase, houve a omissão dos pronomes tu e eu: Quando tu olhaste bem nos olhos meus/E o teu olhar era de adeus, eu juro que não acreditei.

Diferença entre elipse e zeugma

A zeugma, tal qual a elipse, é uma figura de sintaxe. Ela é considerada um tipo de elipse.

A diferença entre a elipse e a zeugma é a forma como os termos omitidos são identificados. Na elipse, os termos omitidos são identificados pelo contexto, enquanto na zeugma, o termo omitido na frase já havia sido expresso anteriormente.

  • Exemplo de elipse: Andei por todo o parque. (Eu andei por todo o parque.)
  • Exemplo de zeugma: Anne comprou banana; eu, maçã. (Anne comprou banana; eu comprei maçã.)

Quando a zeugma é empregada, o uso da vírgula, do ponto e vírgula ou do ponto final é obrigatório, por exemplo:

  • Na casa de Alfredo tinha jacuzzi; na minha, uma piscina. (omissão de “tinha”)
  • Na casa de Maria havia laranjeira. Na minha, limoeiro. (omissão de “havia”)
  • Mariana prefere artes plásticas; eu, cinema. (omissão de “prefiro”)

Leia também: Figuras de Linguagem

Referências Bibliográficas

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).
Daniela Diana
Edição por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.