Pedro Álvares Cabral

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História

Pedro Álvares Cabral (c.1467 - c.1520) foi um navegador e explorador português responsável por encontrar, em 1500, as terras pertencentes ao Brasil.

Filho de uma família nobre portuguesa antiga e abastada, nasceu em 1467 no Castelo de Belmonte, na Beira Baixa, em Portugal.

Ainda jovem, Cabral foi levado para residir na província interior. Ali recebeu boa educação, estudando temas como ciências humanas e táticas armadas, sob a tutela dos mestres da corte de Afonso V.

Sua ascensão começou quando, aos 16 anos, D. João II o nomeou fidalgo. Foi também comandante militar, navegador e explorador português, provavelmente o primeiro europeu no Brasil.

Retrato de Pedro Álvares Cabral
Retrato de Pedro Álvares Cabral

Adquiriu grande experiência em navegação e diplomacia. Mas, após realizar seus maiores feitos, decaiu na preferência do rei em favor de Vasco da Gama, momento em que se retira da vida pública.

Pedro Álvares Cabral foi casado com D. Isabel de Castro, e morreu em 1520 em Santarém, onde viveu durante seus últimos anos. A causa da sua morte não é conhecida.

Os feitos de Cabral ficaram no esquecimento por séculos. A partir da segunda metade do século XIX, suas proezas foram reafirmadas pelo imperador D. Pedro II do Brasil, um erudito e estudioso dos temas de História.

Principais feitos de Pedro Álvares Cabral

Como Vasco da Gama fora bem-sucedido em chegar às Índias, em 1498, ficou clara a possibilidade de lucros explorando a nova rota comercial para o oriente.

Assim, Pedro Álvares Cabral é encarregado pelo rei D.Manuel I de Portugal para comandar a segunda expedição às Índias, no ano de 1500. Com 33 anos, uma grande esquadra composta por 13 naus e mais de mil homens, Cabral iniciou sua viagem.

É nessa expedição rumo às Índias que ocorre o famoso desvio de rota, que resultou na "descoberta" ou achamento do Brasil. Até hoje os historiadores divergem se a rota foi desviada intencionalmente ou não.

Alguns anos antes, em 1492, Cristóvão Colombo já havia chegado ao continente americano. Em 1494, o Reino de Portugal e a Coroa de Castela firmam entre si o Tratado de Tordesilhas, estabelecendo um acordo de divisão acerca das terras descobertas e por descobrir entre ambas as partes. Nesse sentido, o desvio da rota de Cabral teria sido uma forma de tomar posse de eventuais territórios ao sul do Atlântico em nome da Coroa Portuguesa.

Rota de Pedro Álvares Cabral
Rota de Pedro Álvares Cabral

Após um período de cerca de 10 dias explorando o território recém-encontrado, a frota retomou sua viagem em direção às Índias. No caminho, várias embarcações foram perdidas, dentre as quais a de Bartolomeu Dias, outra figura de destaque deste período, por ter naufragado perto do Cabo da Boa Esperança, sobrevivido e atravessado o continente até retornar aos domínios portugueses.

A expedição de Cabral chegou em Calecute, na Índia, em 15 de setembro. Após um período de êxito nas negociações comerciais com o samorim, liderança que governava a região, Cabral consegue estabelecer uma feitoria (entreposto comercial) na cidade. Porém, a paz durou pouco.

Após cerca de três meses de conflitos entre portugueses e mercadores de outras origens (sobretudo muçulmanos) e a perda de boa parte de seus homens, a expedição comandada por Cabral deixou Calicute rumo a Cochim, outra cidade indiana.

De Cochim os portugueses conseguem retornar à Portugal com seus navios carregados de seu maior objetivo: as valiosas especiarias orientais.

Entretanto, mesmo com todos os prejuízos de vidas humanas e navios, a missão de Cabral foi considerada um sucesso. Isso se deveu aos lucros que a precederam, referentes à nova rota comercial das especiarias.

O objetivo desta empreitada era romper o monopólio dos italianos e árabes pelas lucrativas especiarias e, ao mesmo tempo, formar e consolidar relações comerciais e diplomáticas na Índia.

Descobrimento do Brasil

Sob a indicação de Vasco da Gama, Cabral tentou contornar o Cabo da Boa Esperança, no sul do Continente Africano, mas realizou o famoso desvio para sudoeste que os estudiosos tanto discutem. Assim, no dia 22 de abril de 1500, chegou à costa brasileira. Esse evento ficou registrado como a "descoberta" do Brasil.

É preciso lembrar que, na atualidade, o termo descobrimento é bastante questionado, pois se trata de uma perspectiva eurocêntrica, uma vez que o território já se encontrava povoado por milhões de habitantes de diferentes povos, hoje chamados de indígenas.

Nesse sentido, tornou-se cada vez mais comum o uso dos termos "invasão", "conquista" ou simplesmente "chegada" dos portugueses ao que é hoje o Brasil.

O território foi denominado à primeira vista de Monte Pascoal, devido às formações do relevo avistadas nas proximidades da costa da Bahia.

Os portugueses não atribuíram muito valor ao território encontrado, pois tinham outro foco, já que buscavam naquele momento uma rota comercial viável para o Oriente.

Após um curto período de exploração do território, que os portugueses denominaram de Terra da Santa Cruz, a expedição seguiu rumo ao Cabo da Boa Esperança. Uma única embarcação da frota retornou a Portugal levando a carta de Pero Vaz de Caminha, descrevendo a conquista.

Vale destacar que o novo território se encontrava dentro dos limites portugueses do Tratado de Tordesilhas, o que permitiu à Coroa Portuguesa reivindicar aquelas terras.

No ano em que chegou ao Brasil, Cabral ordenou o envio imediato de um navio comandado pelo melhor navegador da esquadra para Portugal, para levar ao Rei as notícias sobre o território encontrado, na famosa carta escrita por Pero Vaz de Caminha.

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Referências Bibliográficas

CROWLEY, Roger. Conquistadores: como Portugal forjou o primeiro império global. Tradução Helena Londres. São Paulo: Planeta, 2016.

BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento: um olhar sobre a expedição de Cabral. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.
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Edição por Equipe do Toda Matéria
A Equipe Editorial do Toda Matéria é formada por pesquisadores e professores com vários anos de experiência no sistema educacional brasileiro, com domínio em diferentes disciplinas do ensino básico, fundamental e médio.