Guerra do Afeganistão

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A Guerra do Afeganistão tem início em 1979. Inicialmente era um conflito entre a URSS e afegãos, e mais tarde, os EUA se envolvem na contenda.

Nessa guerra, que perdura até os nossos dias, a luta é travada entre os Estados Unidos e aliados, contra o regime talibã.

Contexto Histórico

Os principais países europeus foram praticamente destruídos por ocasião da II Guerra Mundial (1939-1945). Por sua parte, os EUA saíram da guerra com seu parque industrial ileso, passaram a abastecer o mercado mundial e a ajudar financeiramente esses países. Desta maneira, se ornaram a maior potência do mundo capitalista.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), contudo, tornou-se a segunda maior potência mundial e auxiliava política e economicamente os países do Leste Europeu.

Igualmente estendia sua influência para alguns países da Ásia como o Afeganistão desde a proclamação da sua república, em 1978.

Os EUA e a URSS eram adversários desde os anos 50 Este período onde ambos os países travam disputas ideológicas é conhecido como Guerra Fria.

As duas potências nunca se enfrentaram nos campos de batalha diretamente, mas se combateram em várias partes do mundo. Neste contexto tem início a Primeira Guerra do Afeganistão.

Primeira Guerra do Afeganistão (1979 -1989)

Guerra do Afeganistão 1979
No mapa, a invasão das tropas soviéticas

Em 1979, começou uma guerra civil entre vários grupos afegãos. Os principais eram aqueles que era aliados ao marxismo-leninismo e aqueles religiosos, que eram contrários a qualquer ideologia estrangeira. A URSS apoia os primeiros, pois considerava o país dentro da sua zona de influência.

Por isso, mantém e apoia o presidente afegão Babrak Karmal (1929-1996) e, em dezembro de 1979, invade o Afeganistão, dando início à Primeira Guerra do Afeganistão.

O objetivo era solidificar a influência soviética que vinha se deteriorando e pretendia pacificar o Afeganistão por causa da rebeldia dos grupos guerrilheiros mujahidins, na sequência das revoltas contra o regime comunista. Assim, o confronto é também conhecido como "Invasão Soviética do Afeganistão".

Os EUA, por sua vez, tomou partido da guerra e passaram a auxiliar economicamente a oposição. Os americanos se aliam à China e a países muçulmanos, como o Paquistão e a Arábia Saudita.

A URSS ocupou as principais cidades e as bases militares do Afeganistão e essa ação ia revoltando cada vez mais os rebeldes.

Foi um confronto sangrento de dez anos, no qual os EUA propiciaram o crescimento militar de certos grupos afegãos contrários ao comunismo. Posteriormente, os antigos aliados se voltariam contra os americanos, na altura em que o Afeganistão passou a ser governado pelo regime Talibã.

As relações dos EUA com o Afeganistão se viram abaladas com o sequestro e morte do embaixador americano no Afeganistão.

Também as já difíceis conversas com a União Soviética foram prejudicadas uma vez que os EUA os acusaram de terem sido responsáveis pelo acontecimento.

Sem condições de sustentar o conflito, em maio de 1988, Mikhail Gorbachev dá ordens para os soldados começarem a abandonar o território. No conflito, a URSS perdeu 15 mil pessoas.

Guerra do Afeganistão
Soldado afegão entrega uma bandeira a um soviético em maio de 1988 por ocasião da retirada do Exército de Cabul

As décadas seguintes serão marcadas por guerras civis e intervenções internacionais na região, dentre as quais, destacamos:

Segunda Guerra do Afeganistão (2001 – presente)

Os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA, deram início à Segunda Guerra do Afeganistão. Foram executados pela Al-Qaeda a mando de Osama bin Laden com o apoio do regime talibã.

Nessa altura era presidente dos EUA George W. Bush. Um dos alvos do atentado foi justamente o símbolo do poder econômico do país – o edifício World Trade Center, conhecido como as torres gêmeas.

Os EUA iniciaram os ataques ao Afeganistão no dia 7 de outubro de 2001, com o apoio da OTAN, mas contrários à vontade da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era encontrar Osama bin Laden, seus apoiantes e acabar com o acampamento de formação de terrorista instalado no Afeganistão, bem como o regime talibã.

Somente em 20 de dezembro do mesmo ano, o Conselho de Segurança da ONU autorizou, por unanimidade, uma missão militar no Afeganistão. Esta deveria durar apenas seis meses e proteger os civis dos ataques dos talibãs.

Declararam o seu apoio aos EUA o Reino Unido, o Canadá, a França, a Austrália e a Alemanha.

Batalhas, bombardeios, revolta, destruição e milhares de mortos marcam este conflito. Em maio de 2011, Osama bin Laden foi morto por soldados americanos.

Em 2012 é assinado um acordo estratégico entre os presidentes dos EUA e do Afeganistão, respectivamente, Barack Obama e Hamid Karzai.

O acordo trata de um plano de segurança que, entre outros, visa a retirada das tropas americanas. No entanto, as nações não chegaram a um consenso em algumas partes do acordo, tal como concessão da imunidade para os soldados americanos.

Em junho de 2011, os EUA começaram a retirar suas tropas do Afeganistão, o que se esperava que terminasse em 2016.

Consequências da Guerra

A Guerra do Afeganistão continua até os dias de hoje.

Desde então, a ONU tem feito grandes esforços em busca da paz. O trabalho da ONU consiste em tentar erradicar o terrorismo e fornecer ajuda humanitária aos afegãos.

Atualmente, grande parte da população morre de fome ou por falta de cuidados médicos, pois a infraestrutura do país ainda não foi reconstruída.

Para além da miséria do povo afegão, esta guerra teve como consequência milhares de mortes, problemas psicológicos dos militares e bilhões gastos em armamento.

Leia mais:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.