Neocolonialismo: o que foi, consequências e diferenças do colonialismo

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

Neocolonialismo foi o processo de dominação de territórios na África, Ásia e América Latina pelos principais países capitalistas, ocorrido entre a metade do século XIX e início do XX.

Esse processo buscava principalmente a obtenção de mercados consumidores e matérias-primas para os países industrializados. Como consequência, a disputa por áreas coloniais intensificou a rivalidade entre as potências europeias e resultou em exploração, violações de direitos e conflitos nas áreas dominadas.

O neocolonialismo também é conhecido como Imperialismo do século XIX.

Contexto histórico e causas do neocolonialismo

Ao longo do século XIX, as principais nações europeias e os EUA passaram por um processo acelerado de industrialização.

O avanço tecnológico, o uso do petróleo como novo combustível e a difusão da eletricidade favoreceram o rápido crescimento industrial, caracterizando o que é conhecido como a Segunda Revolução Industrial.

Nessa época, a Inglaterra, a Bélgica, a França, os Estados Unidos e a Alemanha se destacam como principais centros industriais neocoloniais.

Para continuar o desenvolvimento econômico e abastecer suas economias, era necessário que os países buscassem fontes abundantes de matérias-primas e mercados consumidores para seus produtos industrializados.

Desta forma, os países europeus buscaram garantir a dominação em territórios de outros continentes, sobretudo na África e na Ásia. Já os Estados Unidos teve como principal foco a manutenção de sua influência na América Latina.

Foi em meio a esse contexto histórico que surgiram os maiores conglomerados econômicos, como os trustes, cartéis e holdings.

Como justificativa dessa dominação de outros continentes, o argumento civilizacionalista teve grande importância. Alegava-se que era preciso levar o progresso da ciência e da tecnologia ao mundo.

Esse mote foi reforçado pela teoria do darwinismo social, de Hebert Spencer, segundo o qual a Europa representava o auge do desenvolvimento das sociedades humanas. Em compensação, a África e a Ásia eram consideradas sociedades incivilizadas.

Consequências do neocolonialismo

O neocolonialismo trouxe consequências desastrosas para as áreas colonizadas, pois a exploração de seus recursos naturais enfraqueceu as economias locais. Houve também violência sistemática contra as populações colonizadas, que sofreram graves violações de direitos humanos nessa época.

Além disso, a divisão dos territórios da África entre as potências europeias não respeitou as características locais. Isso levou à formação de colônias que uniam povos rivais, favorecendo a instabilidade política e as guerras civis.

Foi somente no século XX que as colônias conseguiram suas independências, algumas ainda na década de 1970 e, em muitas dessas ex-colônias, destacam-se sérios problemas sociais e econômicos.

Para a Europa, o neocolonialismo acelerou a concentração de riquezas e a industrialização de seus principais países. Por outro lado, a disputa por colônias acentuou as rivalidades existentes entre as nações, elemento que contribuiu para o início da Primeira Guerra Mundial.

Diferenças entre Neocolonialismo e Colonialismo

Neocolonialismo e Colonialismo são processos históricos distintos.

O Colonialismo ocorreu entre os séculos XVI e XVIII e concentrou-se na formação de colônias nas Américas pelos reinos europeus. Estes buscaram explorar metais preciosos e cultivar produtos agrícolas raros na Europa, com o intuito de lucrar através da mineração ou do comércio.

Por sua vez, o Neocolonialismo do século XIX teve como principais áreas colonizadas a África e a Ásia. Aqui, as nações capitalistas buscaram recursos naturais e mercados consumidores para fortalecer suas economias já industrializadas.

Outra diferença envolve o povoamento dos territórios colonizados. Enquanto o Colonialismo foi marcado por uma migração de populações das metrópoles para as colônias, o Neocolonialismo não apresentou um novo povoamento significativo dos continentes explorados.

Uma comparação sobre a mão de obra utilizada também é possível. No Colonialismo, o trabalho escravo era legalizado e predominante, enquanto no Neocolonialismo, a escravidão era condenada - embora a exploração violenta dos trabalhadores persistisse.

Por último, durante o Colonialismo, as ações eram justificadas pelo discurso religioso e pelo intuito de evangelizar os povos indígenas. No Neocolonialismo do século XIX, alegava-se a necessidade de "civilizar" e auxiliar os povos colonizados a alcançar o “progresso”.

Neocolonialismo no mundo

Dentre os países que se lançaram à conquista neocolonialista, o mais bem-sucedido foi a Inglaterra, a qual conseguiu fundar um verdadeiro Império Colonial. Nessa época, devido à pioneira industrialização inglesa no século XVIII, grandes empresas se constituíram e monopolizaram a produção.

Um dos principais continentes colonizados pelas potências capitalistas foi a África. Na Conferência de Berlim (1884-1885), as nações europeias dividiram o território africano entre si, desconsiderando os interesses das populações africanas.

Como resultado, praticamente todo o continente africano foi conquistado, exceto a Etiópia e a Libéria.

Na Ásia, a dominação também ocorreu: a abertura dos mercados chineses teve seu início com a Guerra do Ópio (1839-42) e terminou com o Tratado de Pequim (1860), responsável por abrir onze portos chineses, bem como aumentar as vantagens dos comerciantes estrangeiros.

O Japão impediu durante séculos a presença estrangeira em seus territórios. Contudo, na segunda metade do século XIX, as tropas dos EUA forçaram a abertura econômica japonesa, de forma comparável com que os britânicos fizeram no caso chinês.

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Referências Bibliográficas

FERRO, Marc. A colonização explicada a todos. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios (1875-1914), Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.

VESENTINI, José William. Geopolítica, imperialismo e desigualdades internacionais. [s/l] Editora do. Autor, 2020.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.