Sabinada

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

A Sabinada foi um levante armado ocorrido na província da Bahia, entre novembro de 1837 e março de 1838, tendo como palco principal a cidade de Salvador.

O nome do movimento se deve ao seu líder, Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Ele era um reconhecido médico e jornalista em Salvador, além de um revolucionário defensor do federalismo.

Principais Causas

Francisco Sabino
Francisco Sabino, líder da revolta que acabou sendo conhecida com o seu nome

Podemos citar como principais causas da revolta:

  • Insatisfação diante da falta de autonomia política e administrativa da província, agravada pela regência do conservador Araújo Lima.
  • O recrutamento obrigatório imposto aos baianos em função da Guerra dos Farrapos.
  • O forte sentimento antilusitano na Bahia.

Principais Características

A Sabinada foi mais uma das revoltas do Período Regencial, junto à Balaiada no Maranhão, à Cabanagem no Grão-Pará e à Farroupilha no Rio Grande do Sul. Porém, ela se diferencia dos movimentos acima porque tinha uma intenção separatista temporária.

O objetivo dos revoltosos era apenas constituir uma “República Bahiense” até D. Pedro II alcançar a maioridade. Portanto, sua insatisfação foi estritamente dirigida ao governo regencial.

Além disso, é preciso notar que a Sabinada não pretendia romper com a escravidão, pois desejava o apoio das elites escravocratas, o que não ocorreu.

Entretanto, isso afastou a população escrava, a qual não foi convencida pela promessa de concessão de liberdade aos que lutassem e apoiassem o governo republicano.

Desta maneira, o levante contou com a adesão das camadas médias urbanas, principalmente oficiais militares, funcionários públicos, profissionais liberais, comerciantes, artesãos e uma parcela das camadas mais pobres da população.

A Revolta

Bandeira Sabinada

Bandeira da República Bahiense utilizada pelos membros da Sabinada

Na noite de 6 de novembro de 1837, um grupo de revoltosos comandados por Francisco Sabino ocupou o Forte de São Pedro, apoiados pelas tropas locais. No dia seguinte, dirigiram-se à Praça do Palácio e convocaram uma sessão extraordinária da Câmara Municipal, assumindo assim o controle de Salvador.

Por sua vez, a primeira força legalista enviada para debandar os amotinados acabou se juntando a eles, engrossando ainda mais suas fileiras.

Assim, com a Câmara Municipal ocupada, Sabino foi nomeado secretário de governo da “República Bahiana”.
Em seguida, nomeia dois líderes para seu governo: Daniel Gomes de Freitas, como Ministro da Guerra e Manoel Pedro de Freitas Guimarães, como Ministro da Marinha.

Num período de quatro meses, os revoltosos conquistaram diversos quartéis militares nos arredores de Salvador. Enquanto isso, as forças legalistas se reagrupavam no Recôncavo Baiano para o contra-ataque.

Com efeito, no dia 15 de março de 1838, tem início a ofensiva regencial, com o bloqueio terrestre e marítimo da cidade. Assim que foi sitiada, a emigração maciça da população de Salvador começou; em pouco tempo, houve escassez de alimentos.

Consequências

Com a ajuda do exército e de milícias locais, as forças regenciais reconquistaram a cidade. A revolta foi duramente reprimida e deixou um saldo de aproximadamente duas mil mortes e três mil prisões.

Francisco Sabino e Carneiro Rego, considerados os principais líderes do movimento, foram condenados à morte, mas anistiados mais tarde pelo imperador Dom Pedro II. No entanto, outros condenados não tiveram a mesma sorte, sendo que alguns de fato terminaram degredados ou executados.

Além disso, houve também aqueles que conseguiram fugir e se juntar à Revolução Farroupilha.

Leia mais:

Referências Bibliográficas

LOPES, Juliana Serzedello Crespim. Identidades políticas e raciais na Sabinada (Bahia, 1837-1838). 2008. Dissertação (Mestrado em História Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

SOUZA, Paulo César. A Sabinada: A Revolta separatista da Bahia - 1837. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Maria Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.