23 mulheres importantes da história do Brasil
A história do Brasil está cheia de mulheres importantes que marcaram sua época. São índias, brancas, negras, mulatas cheias de garra que fizeram a diferença na paz e na guerra.
1. Dandara (? - 1694) - Guerreira do Quilombo dos Palmares
Dandara foi uma mulher negra guerreira, que se destacou na defesa dos escravos e na construção do Quilombo dos Palmares - um local que abrigava escravos que fugiam.
Embora não haja registros, acredita-se que Dandara era brasileira ou uma africana que teria vindo ainda pequena para o Brasil. Foi a companheira de zumbi dos palmares, com quem teve três filhos.
Uma vez que não aceitava voltar a ser escravizada, após ter sido presa, Dandara terá pulado de um abismo em 1694, resultando na sua morte.
Durante os ataques ao Quilombo, Dandara terá lutado usando técnicas de capoeira.
Dandara, que se tornou um ícone feminino na luta contra a escravidão, terá morrido ao pular de um abismo em 1694. Ela teria sido presa e não aceitava voltar a ser escravizada.
2. Nísia Floresta (1810 - 1885) - Educadora e primeira feminista do Brasil
Nísia Floresta Brasileira Augusta nasceu em Natal, Rio Grande do Norte e escreveu o seu primeiro livro, Direitos das mulheres e injustiça dos homens, com apenas 22 anos.
Anos depois, Nísia Floresta abriu um colégio para meninas, em que o ensino não se limitava à costura e trabalhos domésticos, mas ensinava também gramática, matemática, ciências, música, entre outros.
Nísia foi bastante criticada por isso. Hoje, é conhecida como a primeira feminista brasileira e, em sua homenagem, a cidade em que nasceu - antiga Papari - passou a se chamar Nísia Floresta.
3. Anita Garibaldi (1821 - 1849) - Líder militar
Anita Ribeiro de Jesus, conhecida como Anita Garibaldi, nasceu em Morrinhos, atual Laguna (SC). Casou-se aos 14 anos, mas abandonou o marido. Em 1839 conheceu Giuseppe Garibaldi, um italiano que fugia de uma sentença de morte na Itália.
Marinheiro mercante, os conhecimentos de Garibaldi foram fundamentais para os rebeldes gaúchos e catarinenses que estavam em guerra contra o governo imperial. Este episódio passou à história como Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos.
Anita Garibaldi se uniu a Giuseppe, com ele lutou pela implantação da república do Rio Grande e tiveram seu primeiro filho. Mais tarde, iriam para o Uruguai onde combateriam o ditador argentino Juan Manuel Rosas. Em Montevidéu, se casariam e nasceriam mais três filhos do casal.
Em 1847, Anita Garibaldi vai para Itália saber se o marido poderia retornar ao país e com isso, ambos se juntam, em 1848.
O casal lutaria pela unificação italiana, tentando expulsar os austríacos da região da Lombardia. Durante a campanha, porém, Anita adoece e vem a falecer.
Por sua participação em guerras nos dois continentes, Anita Garibaldi é chamada a “Heroína dos dois Mundos”
4. Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935) - Compositora, pianista e maestrina
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida como Chiquinha Gonzaga, nasceu no Rio de Janeiro e era neta de escravos. Seu pai a casou quando tinha 16 anos, mas ela se revoltou contra o maltrato do marido e o abandonou.
Pianista autodidata, passa a compor obras e chama atenção dos produtores da época. Em 1884, estreia a opereta "A Corte na Roça", sob sua regência e isso a tornou a primeira maestrina brasileira.
Do mesmo modo, se engaja na luta contra a escravidão, os direitos autorais e femininos. Recusa a publicar suas partituras sob pseudônimo masculino e escandalizava a sociedade com sua vida amorosa chocante para os padrões da época.
Chiquinha Gonzaga soube dar um toque brasileiro aos ritmos europeus que se escutavam e dançavam como a valsa, a polca e a mazurca.
Será precursora das marchinhas de carnaval com os temas "Lua Branca" e "Ó, Abre-Alas" até hoje presença obrigatória no repertório carnavalesco.
Deixou mais de duas mil composições e dentre as quais se destacam "O Corta-Jaca", "Atraente", além das já citadas.
O dia do seu nascimento,17 de outubro, foi declarado Dia Nacional da Música Popular Brasileira em 2012.
5. Maria Quitéria (1792 - 1853) - Militar
Maria Quitéria nasceu numa fazenda perto de Feira de Santana (BA) e aos 10 anos perdeu a mãe. Quando começou o processo de independência do Brasil foram convocados todos os homens em idade de lutar.
Tendo apenas filhas, o pai de Maria Quitéria não gostou quando a filha lhe pediu que autorizasse para se juntar ao regimento do Príncipe-Regente.
Diante da proibição paterna, foge de casa e vai para residência da sua meia-irmã que lhe ajuda a se transformar no soldado Medeiros.
Destaca-se no manejo de armas e se torna respeitada, mas o pai acaba descobrindo seu disfarce. Diante da intervenção do major do Batalhão dos Voluntários do Príncipe, ele concede sua permissão para que ela permaneça ali.
Com isto, se torna na primeira mulher a integrar as forças regulares no Brasil. Maria Quitéria participa de várias batalhas contra as tropas portuguesas que não aceitavam a independência do Brasil.
Maria Quitéria foi condecorada com a Ordem Imperial do Cruzeiro, pelo Imperador Dom Pedro I. Casa-se com um antigo namorado e tem uma filha. Faleceu em Salvador e se encontra sepultada nesta cidade.
6. Chica da Silva (1732 - 1796) - Escrava alforriada
Francisca, nasceu em 1732, no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG). Nascida de mãe escrava e um militar português, que as abandonaram e não lhes concedeu alforria. Posteriormente, foi escrava de um médico e com ele teve um filho.
Porém, o contratador João Fernandes (responsável pela compra e venda dos diamantes), compra Chica da Silva e os dois se apaixonam. Para escândalo da sociedade, passam a viver juntos e a liberta. Ambos teriam 13 filhos que foram reconhecidos pelo pai, algo raro na época.
Chica da Silva tornou-se uma senhora poderosa e rica, mas não foi totalmente aceita pela sociedade e jamais pôde entrar em certas igrejas e casas.
Igualmente, teve escravos e se vestia de maneira elegante, usando joias e perucas, para exibir sua riqueza.
João Fernandes voltou para Portugal em 1770 levando consigo seus filhos homens enquanto as mulheres ficaram sob os cuidados da mãe. Morreria nove anos depois sem nunca ter reavisto a companheira.
Por sua parte, Chica da Silva administrou os bens de João Fernandes e assim, garantiu bons casamentos para algumas de suas filhas.
7. Catarina Paraguaçu (1503 - 1583) - Índia Tupinambá
Paraguaçu era uma índia da tribo dos tupinambás, filha do cacique Taparica que deu nome à ilha de Itaparica. Sua vida mudou depois que conheceu o português Diogo Álvares Correia, o Caramuru.
Muitos a consideram a mãe do Brasil, porque junto com Caramuru começou a construir a cidade de Salvador.
Em 1528, o casal rumou para a França, onde ela recebeu o batismo na igreja de Saint-Malo. Convertida ao catolicismo, o casal também contraiu matrimônio nesta cidade francesa e tiveram quatro filhas.
Catarina Paraguaçu faleceu em 1583 e legou todos seus bens aos beneditinos. Os restos mortais de Paraguaçu estão na Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça, em Salvador.
8. Ana Pimentel (1500? -?) - Procuradora e administradora
Ana Pimentel Henriques Maldonado, esposa de Martim Afonso de Sousa, era uma fidalga espanhola. Conheceu o marido quando este acompanhou a rainha viúva Dona Leonor de Áustria (1498 - 1558) ao Reino de Castela.
Martim Afonso foi para o Brasil em 1530, para tomar posse da Capitania de São Vicente, voltando a Lisboa em 1534.
Partiu novamente em missão, dessa vez para Índia. Enquanto ali permaneceu, Ana Pimentel ficou em Lisboa e foi feita procuradora do marido em relação aos negócios do Brasil.
Assim, foi ela que decidiu a introdução do plantio da cana de açúcar em Cubatão e do gado na Capitania de São Vicente (São Paulo). Também revogou a ordem do marido que proibia os colonos de não entrarem no campo de Piratininga. Com isto, ocorreu a interiorização da colônia.
Teria seis filhos com Martim Afonso de Souza e foi completamente esquecida da história do Brasil.
9. Maria Tomásia Figueira Lima (1826 - 1902) - Abolicionista
Maria Tomásia Figueira Lima veio de família abastada, nascida na cidade de Sobral (CE).
Casada em segundas núpcias com o abolicionista Francisco de Paula de Oliveira Lima, fundou, em 1882, a Sociedade Abolicionista das Senhoras Libertadoras, uma seção da Sociedade Libertadora Cearense.
O objetivo da instituição era alforriar escravos, pressionar o governo a abolir a escravidão e conscientizar o maior número de pessoas para este fato.
No dia da sua posse como presidente da sociedade, foram entregues 83 cartas de alforria a escravos
Contou com ajuda de Maria Correia do Amaral e Elvira Pinho, e o próprio José do Patrocínio louvou o trabalho daquelas senhoras cearenses.
Em 1884, após debates, greves e pressão social, a Assembleia Legislativa provincial decretou o fim da escravidão no Ceará, a primeira a fazê-lo no país.
Faleceu em 1902 (ou 1903) no Recife.
10. Princesa Isabel (1846-1921) - Princesa Imperial do Brasil
A princesa Dona Isabel do Brasil foi a segunda filha do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Dona Tereza Cristina. Após o falecimento dos seus irmãos foi declarada herdeira do trono brasileiro e aos 14 anos jura a Constituição imperial.
Casou-se em 1864 com o príncipe francês Gaston de Orleães, conde d'Eu e com ele teria três filhos.
A fim de prepará-la para suas futuras funções, Dom Pedro II a deixou como regente durante três vezes. Nessa ocasião, assinaria leis que visavam favorecer a abolição da escravatura no Brasil.
Em 1888, após intensa luta política, a princesa assina a Lei Áurea que acabaria com a o trabalho escravo no país.
No entanto, a elite agrária e o Exército brasileiro não perdoariam o gesto. Em 15 novembro de 1889, um golpe de Estado proclama a República e a família imperial brasileira é expulsa do Brasil e exilada na França.
A princesa Dona Isabel jamais voltaria viva ao Brasil tendo morrido na França.
11. Maria da Penha (1945) - Farmacêutica bioquímica
Maria da Penha é uma farmacêutica bioquímica que nasceu no Ceará. Ela dá nome à lei brasileira de proteção da mulher contra a violência doméstica e familiar, Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Além disso, ela é fundadora do Instituto Maria da Penha, que visa contribuir para a monitorização do cumprimento da Lei.
Maria da Penha foi vítima de violência doméstica por parte do seu marido na época, que ao atirar em suas costas enquanto ela dormia, deixou Maria da Penha paraplégica. O crime aconteceu em 1983. Meses depois, o homem tenta eletrocutá-la.
Mas, a luta por justiça foi longa. Apenas em 2006 a Lei Maria da Penha foi sancionada, graças à intervenção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA)
12. Tarsila do Amaral (1886 - 1973) - Pintora e desenhista
Tarsila do Amaral nasceu na cidade de Capivari, em São Paulo. De família abastada, proprietária de fazendas de cafés, estudou em Barcelona quando adolescente.
Em 1920, vai para Paris onde frequentou a Academia Julien. Amiga da pintora Anitta Malfatti, as duas correspondiam-se e discutiam sobre os novos rumos que a arte estava tomando no Brasil e no mundo.
Ao voltar para o Brasil, Anita Malfatti a introduz no grupo que reunia os grandes nomes do modernismo do Brasil: Oswald de Andrade, Mario de Andrade e Menotti del Picchia.
Namora Oswald de Andrade e a ele dedica, em 1928, sua tela mais conhecida e obra mais cara de um artista brasileiro: Abaporu. Faz a sua primeira exposição individual no Rio em 1929.
Foi homenageada com retrospectivas na década de 60 no Museu de Arte Moderna, em São Paulo e na Bienal de Veneza.
A pintura de Tarsila absorve as tendências modernistas europeias como o cubismo. Suas obras retratam as mudanças trazidas com a industrialização ao Brasil, as lendas e festas brasileiras como o carnaval.
13. Narcisa Amália de Campos (1856 - 1924) - Jornalista e poeta
Narcisa Amália de Campos nasceu em São João da Barra e é considerada a primeira jornalista profissional do Brasil. Fundou um jornal dirigido ao público feminino, "Gazetinha", onde tratava de questões das mulheres, mas também sobre a abolição da escravidão e o nacionalismo.
Publicou um livro de poesias intitulado "Nebulosas", em 1872, que recebe elogios de Machado de Assis e no jornal carioca "A Reforma", o escritor João Peçanha Póvoa a chamou de "Princesa das Letras"
No entanto, Narcisa teve que enfrentar as acusações de que não era a autora daqueles poemas e aguentar os boatos que seu ex-marido espalhava a seu respeito em Resende (RJ). Deixou esta cidade e contrai um novo matrimônio que também termina em divórcio.
Apesar de ter sido reconhecida em vida, a carreira poética de Narcisa Amália foi curta porque não havia interesse em editar autoras naquele século. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1924, completamente esquecida.
14. Bertha Lutz (1894 - 1976) - Botânica, advogada e militante feminista
Bertha Lutz nasceu no Rio de Janeiro e recebeu educação esmerada. Estudou na Sorbonne, na faculdade de Ciências e lá em Paris entrou em contato com as ideias feministas.
Volta ao Brasil, em 1918, e trabalha como tradutora no Instituto Oswaldo Cruz junto ao seu pai, o zoólogo Adolfo Lutz.
Torna-se a segunda mulher a prestar concurso público no Brasil, mas sua inscrição só seria aceita após uma batalha judicial. É aprovada e ingressa como secretária do Museu Nacional, do qual, anos mais tarde, seria diretora.
Bertha Lutz também desenvolveu um notável trabalho como educadora. Funda a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher e participa da Associação Brasileira de Educação que defendia a educação pública, laica e mista, e o ensino secundário para todos.
Ao lado de várias mulheres, consegue que o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, aceite o ingresso de meninas.
Em 1928, ingressa na Faculdade de Direito, da Universidade do Brasil para entender o lugar da mulher na legislação brasileira.
Durante a luta pela conquista do voto feminino, participa da campanha para prefeita de Alzira Soriano Teixeira, em Lages (RN).
Em 1935 é eleita para suplente de deputada, cargo que assume em 1936 e termina com o golpe de Estado de 1937. Desta maneira, volta a dedicar-se à ciência, organizando o acervo do pai no Instituto Oswaldo Cruz.
Bertha Lutz dá o nome a várias escolas e ruas por todo país. Em 2001, foi instituído pelo Senado brasileiro, o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz. Este prêmio tem como objetivo homenagear anualmente cinco mulheres que tenham se destacado na luta dos direitos femininos no Brasil.
15. Carlota Pereira de Queirós (1892 - 1982) - Médica e deputada
Carlota Pereira de Queirós nasceu em São Paulo numa tradicional família paulistana. Era professora, mas desiludida com a profissão, resolveu ser médica e se formou em Medicina na USP, em 1926. Neste campo, ela se destacaria como hematologista.
Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 prestou assistência aos feridos organizando um grupo de 700 mulheres.
O gosto pela luta democrática fez com que ela se candidatasse pela Chapa Única por São Paulo nas eleições legislativas de 1933. Sua candidatura era apoiada por cerca de 14 associações femininas de São Paulo.
Vitoriosa, seria a primeira deputada federal do Brasil. Integraria as comissões de saúde e de educação e foi autora da emenda que criava a Casa do Jornaleiro e do laboratório de Biologia Infantil.
Participou da Assembleia Constituinte que elaboraria a nova Carta Magna, mas o golpe de 1937 acabou com sua trajetória política. Durante o Estado Novo lutaria pela redemocratização do Brasil.
Embora fosse pioneira na política, as ideias de Carlota de Queirós eram conservadoras e se distanciavam de intelectuais como Bertha Lutz. Na década de 60, ela apoiou o golpe de 64 que derrubou o presidente João Goulart.
De qualquer maneira, entrou para história ao quebrar a hegemonia masculina do legislativo brasileiro sendo homenageada com uma avenida e um busto em São Paulo.
16. Carmen Miranda (1909 - 1955) - Cantora e atriz
Carmen Miranda nasceu em Portugal, mas sua família foi para o Rio de Janeiro quando ela era ainda bebê. Foi criada no bairro da Lapa, onde conviveu com o melhor do samba carioca que se consolidava.
Com a irmã Aurora fez um duo que interpretava marchinhas e sambas no rádio. Carmen Miranda se tornou rapidamente uma cantora popular e os compositores passaram a dedicar-lhe vários temas. Seu primeiro disco vendou 35 mil cópias, um recorde para a época e consagrou a composição "Taí?", de Joubert de Carvalho.
Seu sorriso cativante, a interpretação teatral que dava às letras das canções e sua dicção rápida inauguraram uma nova era para a música brasileira. Além disso, cuidava com esmero das suas roupas e acessórios que a transformariam num ícone da moda.
Com a aproximação dos Estados Unidos e do Brasil, por conta da política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda vai para Hollywood, em 1939, gravar filmes e fazer shows.
Emplaca o sucesso “O que é que a baiana tem?” de Dorival Caymmi e torna-se a artista mais bem paga dos Estados Unidos nos anos 40. A partir daí a personagem da “baiana” com seu figurino exótico a marcariam definitivamente.
Por isso, seus críticos não perdoaram sua transformação numa caricatura, onde no Brasil era uma mulher vestida com uma profusão de frutas tropicais e músicos vestidos à moda mexicana.
De todas as maneiras, o público não a esqueceu. Em 1955, quando faleceu, seu enterro no Rio de Janeiro foi uma verdadeira comoção popular que paralisou a cidade.
Sua influência prosseguiu em movimentos culturais como o Tropicalismo e até hoje Carmen Miranda é uma referência do Brasil no exterior.
17. Enedina Alves Marques (1913 - 1981) - Engenheira civil
Se ainda causa estranheza uma mulher seguir a carreira de engenharia, imagine na década de 40. Enedina Alves Marques, nascida em Curitiba, foi professora de matemática. Ingressou na Universidade Federal do Paraná em 1940 e teve que conciliar o trabalho e o estudo.
Foi a primeira negra no Brasil a se formar como engenheira e a primeira a concluir o curso na universidade paranaense.
Seus esforços foram recompensados, pois quando terminou o curso, trabalhou no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná. Igualmente, integrou a equipe de engenheiros que atuou na construção da usina hidrelétrica Capivari-Cachoeira (PR).
Também foi a responsável pela construção da Casa do Estudante Universitário do Paraná e o Colégio Estadual do Paraná, ambos em Curitiba.
Atualmente, o nome de Enedina Alves Marques batiza o Instituto de Mulheres Negras, de Maringá (PR).
18. Zilda Arns (1934 - 2010) - Fundadora da Pastoral da Criança
Nascida em Santa Catarina, Zilda Arns se formou em Medicina, se especializou em Pediatria e também era sanitarista. Era irmã do arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que se destacou pela sua oposição à ditadura militar.
Foi mãe de cinco filhos e ficou viúva em 1978. Desta maneira, pôde dedicar sua vida aos necessitados através da fundação da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa.
Esta instituição, ligada à Igreja Católica, tinha como objetivo combater a desnutrição infantil, a desigualdade social e a violência.
A Pastoral da Criança orienta as mães ao aleitamento materno, a fazerem o soro caseiro e a multi-mistura. Além disso, ensina noções de higiene e saúde.
A pastoral atua em 43 mil municípios do Brasil e calcula-se que mais de dois milhões de crianças tenham sido beneficiadas pelo seu trabalho.
Zilda Arns faleceu durante o terremoto que devastou o Haiti em 2010.
19. Maria Esther Bueno (1939-2018) - Tenista
Maria Esther Bueno nasceu em São Paulo e começou a praticar o tênis muito jovem no Clube Tietê. Chamava atenção pelo seu estilo elegante e foi conquistando vitórias no circuito mundial do tênis como Wimbledon e o US Open.
Detém 71 títulos mundiais simples e foi a n.º 1 do mundo em 1959, 1964 e 1966. Igualmente, é a única tenista brasileira que tem seu nome no Salão da Fama Internacional do Tênis, homenagem que recebeu em 1978.
Também se destacou no torneio de duplas e conquistou uma medalha de ouro individual e duas de prata em dupla, nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963.
Esther Bueno abandonou as quadras na década de 70 e se tornou comentarista esportiva em TV's por assinatura. O mais recente reconhecimento à sua carreira foi batizar a quadra central do Centro de Tênis Olímpico, no Rio de Janeiro.
20. Cristina Ortiz (1950) - Pianista
Nascida na Bahia, Cristina Ortiz foi criança prodígio no piano. Ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro e aos 11 anos se apresentou sob regência do maestro Eleazar de Carvalho.
Conseguiu uma bolsa para estudar em Paris, aos 15 anos, onde foi aluna da célebre pianista brasileira Magda Tagliaferro (1893-1986).
Após sua estada na capital francesa foi para os Estados Unidos estudar com Rudolf Serkin (1903-1991). Ali seria a primeira mulher e a primeira brasileira a vencer o Concurso Van Cliburn, em 1969, que é realizado a cada três anos. Somente 30 anos mais tarde outra mulher ganharia este prêmio.
No anos 80 era a única mulher que figurava na série "Os Pianistas" promovida pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) no Rio de Janeiro.
Gravou mais de 30 discos como solista ou acompanhada de orquestras. Já deu master class na Julliard School of Music, em Nova York e na Real Academia de Música, em Londres. Atualmente, além de concertista, reúne todos os verões jovens pianistas na sua casa no sul da França para dividir sua experiência musical.
21. Ana Cristina Cesar (1952 - 1983) - Poeta e tradutora
Ana Cristina Cesar nasceu no Rio de Janeiro e foi uma das poetas mais importantes dos anos 70. Criada num ambiente intelectual, o pai fundou a editora Paz e Terra e a mãe, professora. Aos seis anos ditou seu primeiro poema e aos dez organizou sua memória poética.
Fez um intercâmbio na Inglaterra que marcaria seu encontro com a poesia de língua inglesa. Cursaria letras na PUC/RJ, num momento em que esta universidade fervilhava politicamente com o fim da ditadura militar.
A poesia de Ana Cristina se insere no movimento da poesia marginal e da Geração Mimeógrafo. Mais do que a musa desse grupo, a poeta foi uma grande criadora. Os versos de Ana Cristina refletem sua intimidade e conseguem contatar o leitor
Intensa e ansiosa por escrever sempre mais, Ana Cristina lançou em vida “A Teus Pés” e “Luvas de Pelica”. Cometeu suicídio aos 31 anos, o que apenas contribui para alimentar o mistério sobre a vida da escritora.
A autora foi a segunda escritora a ser homenageada na Feira Literária Internacional de Paraty.
22. Raimunda Putani Yawnawá (1980) - Pajé Yawnawá
Raimunda Putani Yawnawá é uma índia que pertence ao povo Yawnawá e nasceu na Terra Indígena do Rio Gregório, no Acre.
Junto com sua irmã, Kátia, foi educada na cultura indígena e dos brancos. Ambas falam o português com facilidade.
Foram as primeiras mulheres da sua tribo a se oferecerem para o duro treinamento de se tornarem pajés. Tiveram que ficar um ano isoladas, comendo alimentos crus e sem beber água, somente um líquido à base de milho.
Desta maneira, puderam fazer o juramento à planta Rarê Muká, considerada sagrada nesta cultura porque abre a mente para o conhecimento e para a cura. As indígenas se tornaram uma espécie de embaixadoras da cultura Yawnawá.
Raimunda Putani recebeu o reconhecimento do Senado brasileiro ao ser distinguida com o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz.
23. Daiane dos Santos (1983) - Ginasta
A ginástica artística no Brasil se divide antes e depois de Daiane dos Santos. A ginasta gaúcha foi descoberta criança quando brincava numa praça da cidade. Começou a se dedicar com afinco e foi a primeira atleta brasileira a conquistar o ouro no Campeonato Mundial de Anaheim (Estados Unidos) em 2003.
Naquela época, não era concebível que os brasileiros participassem da ginástica artística. No entanto, com a nova geração de atletas, pela primeira vez, o Brasil conseguiu se classificar por equipes nas Olimpíadas de Atenas (2004).
Nas Olimpíadas de Pequim (2008), a expectativa em torno ao desempenho de Daiane Santos era imenso. O Brasil, pela primeira vez, foi à final por equipes e Daiane chegou a final no solo individual. Infelizmente, a atleta cometeu um erro e terminou em sexto lugar.
Daiane Santos conseguiu seus melhores resultados na prova de solo e ali desenvolveu coreografias ao som da música brasileira.
Dois movimentos da ginástica são batizados com seu nome e ela abriu caminho para que homens e mulheres brasileiros sonhassem com a ginástica artística.
Atualmente, a ginasta é empresária e participa de vários projetos que divulgam o esporte.
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FERNANDES, Márcia. 23 mulheres importantes da história do Brasil. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/mulheres-que-fizeram-a-historia-do-brasil/. Acesso em: