Revolução Praieira (Pernambuco): o que foi e suas causas

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A Revolução Praieira ou Insurreição Praieira de Pernambuco, representou um levante armado de caráter liberal e republicano.

Liderada por Pedro Ivo Velloso da Silveira, a revolta ocorreu na província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850.

Foi considerada a última revolta do período imperial, tendo como motivação as disputas políticas entre membros dos partidos Liberal e Conservador pelo governo da província de Pernambuco.

O termo “praieira”, associado a revolta, remete à sede do “Diário Novo”, localizado na Rua da Praia, em Recife. Este jornal era o principal meio de comunicação do grupo liberal, o qual recebeu o nome de “praieiros”.

O descontentamento com as desigualdades sociais, a pobreza e o poder representado pelas tradicionais famílias pernambucanas proprietárias de engenhos, como os Cavalcanti e os Rego Barros, fez com que boa parte da população pobre do Recife desse apoio aos praieiros durante o movimento.

Para saber mais: Brasil Império.

Contexto Histórico

Em meados da década de 1840, a população de Recife se encontrava insatisfeita com o aumento dos custos de vida, atribuído ao controle do comércio por estrangeiros, sobretudo portugueses e ingleses.

Em paralelo, as elites ligadas aos partidos Liberal o Conservador, as duas forças políticas que se alternavam no poder ao longo do Segundo Reinado, disputavam o governo da província de Pernambuco. Os praieiros (liberais) também criticavam o domínio comercial dos estrangeiros, mais ligados aos grupos conservadores.

Os liberais ocupavam o governo da província desde 1844, tendo como presidente Antônio Chichorro da Gama. Durante seu governo, os liberais retiraram dos cargos provinciais grande quantidade de homens ligados ao Partido Conservador. Além disso, o período foi marcado pelo "varejamento", isto é, a invasão dos engenhos das elites conservadoras pelos praieiros, que alegavam irregularidades nestas propriedades rurais. Assim, a animosidade entre as partes foi crescendo.

Em 1848, com a saída de Antônio Chichorro da Gama do governo, em decorrência da vitória dos conservadores na Corte, o Partido Conservador retomou a presidência da província. Agora eram os praieiros os demitidos das funções públicas, sobretudo da polícia. A recusa destes em entregar seus cargos e armas foi o estopim da Revolução Praieira.

Ao lado do capitão de artilharia Pedro Ivo Velloso da Silveira, líder militar da revolta, estavam o jornalista Antônio Borges da Fonseca, com quem escreveu o “Manifesto ao Mundo”, e o deputado Joaquim Nunes Machado. Foram influenciados pelo socialismo utópico, do qual se destacam os pensadores: Pierre-Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.

O "Manifesto ao Mundo" foi publicado em 1849 e trazia as reivindicações do grupo liberal, a saber:

  • Voto livre e universal
  • Liberdade de Imprensa
  • O trabalho como garantia de vida para os cidadãos
  • O comércio a retalho (varejo) só para os cidadãos brasileiros
  • Harmonia e efetiva independência dos poderes políticos
  • A extinção do Poder Moderador
  • Nova organização Federalista
  • Reforma do poder judicial, assegurando os direitos individuais dos cidadãos
  • Extinção da cobrança de juros
  • Extinção do atual sistema de recrutamento militar
  • Expulsão dos portugueses.

A Revolução Praieira se espalhou pela província de Pernambuco, tendo como principais palcos de confrontos armados as cidades de Olinda e Recife, onde houve diversos focos de combates durante dois anos.

No entanto, os praieiros foram duramente reprimidos pelas tropas imperiais e, em 1850, a revolução já estava encerrada e seus líderes presos.

A principal liderança do movimento, Pedro Ivo Velloso da Silveira, foi preso e levado para o Rio de Janeiro. Conseguiu escapar, mas acabou morrendo em alto mar enquanto fugia em direção à Europa.

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Curiosidade

A Revolução Praieira ocorreu no mesmo ano das Revoluções de 1848, um conjunto de movimentos revolucionários europeus de caráter popular e democrático, conhecido como a Primavera dos Povos”.

Referências Bibliográficas

CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de; C MARA, Bruno Augusto Dornelas. A Insurreição Praieira. Almanack Braziliense, n.8, nov. 2008, p.5-38.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 1995, pp.178-179.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp. 279-283.

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.