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ENEMExercícios para o ENEM

Exercícios para o ENEM (491)

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ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Como a percepção do tempo muda de acordo com a língua

Línguas diferentes descrevem o tempo de maneiras distintas — e as palavras usadas para falar sobre ele moldam nossa percepção de sua passagem.
O estudo “Distorção temporal whorfiana: representando duração por meio da ampulheta da língua”, publicado no jornal da APA (Associação Americana de Psicologia), mostra que conceitos abstratos, como a percepção da duração do tempo, não são universais.
Os autores não só verificaram uma mudança da percepção temporal conforme a língua falada como observaram que a transição de uma língua para outra por um mesmo indivíduo modificava sua estimativa de uma duração de tempo. Isso implica que visões diferentes de tempo convivem no cérebro de um indivíduo bilíngue.
“O fato de que pessoas bilíngues transitam entre essas diferentes formas de estimar o tempo sem esforço e inconscientemente se encaixa nas evidências crescentes que demonstram a facilidade com que a linguagem se entremeia furtivamente em nossos sentidos mais básicos, incluindo nossas emoções, percepção visual e, agora, ao que parece, nossa sensação de tempo”, disse o pesquisador ao site Quartz.
LIMA, J. D. Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017.

O texto relata experiências e resultados de um estudo que reconhece a importância

da compreensão do tempo pelo cérebro.

das pesquisas científicas sobre a cognição.

da teoria whorfiana para a área da linguagem.

das linguagens e seus usos na vida das pessoas.

do bilinguismo para o desenvolvimento intelectual.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Prezada senhorita,
   Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.
   Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.
   Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,
    Sabugosa de Castro

CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.

A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre

o objetivo de informar e a escolha do gênero textual.

a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores.

o emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no texto.

as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta.

o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
A identificação simbólica que existe na cultura esportiva pode ser um fator determinante nas ações potencialmente agressivas dos espectadores e torcedores de futebol. Essa identificação em indivíduos que não têm uma identidade própria pode levá-los a não perceber os limites entre a sua vida e a sua equipe, ou entre a sua vida e a vida de um ídolo (jogador), e, dessa forma, passar a viver suas emoções basicamente por meio de acontecimentos esportivos, do sucesso e da derrota de seu clube predileto. Alguns dos torcedores organizados dedicam a vida à sua torcida. Vivem para ela e, por ela, chegam a perder qualquer outra referência, pois é essa experiência compensatória que lhes dá identidade. A probabilidade de um indivíduo se tornar um torcedor fanático está diretamente relacionada com a construção da sua identidade. Por isso, é imprescindível o desenvolvimento de relações e valores próprios que o ajudarão a delinear o limite entre ele e a sua equipe, ou entre ele e um jogador de futebol.

REIS, H. H. B. Futebol e violência. Campinas: Armazém do Ipê; Autores Associados, 2006 (adaptado).

Partindo da discussão sobre as relações entre o torcedor e seu clube, observa-se que o fanatismo futebolístico

deriva da falta de referências para a construção de valores morais em crise na sociedade.

está relacionado à fragilidade identitária, o que dificulta a dissociação entre sua vida e a de seu clube ou ídolo.
perde sustentação naqueles torcedores organizados que não conseguem separar as esferas pública e privada.
decorre do estabelecimento de uma identidade própria do indivíduo, forjada pela tutela do clube e de seus ídolos.
é restrito às torcidas jovens, que corrompem a identidade individual de seus torcedores em favor da identidade coletiva.
ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
As cores

Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos longos liam uma história de amor. Em seu pequeno mundo de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em cujo seio sua imaginação se perdia. [...] Como seria cor e o que seria? [...]. Era, com certeza, a nota marcante de todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e que se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos trêmulos, que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que aprendera, de há muito, ser igual ao branco. [...]
E agora Maria Alice voltava outra vez ao Instituto. E ao grande amigo que lá conhecera. [...]. Lembrava-se da ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se adivinhavam entre dezenas de outros e suas mãos se encontravam. De como as palavras de amor tinham irrompido e suas bocas se encontrado... De como um dia seus pais haviam surgido inesperadamente no Instituto e a haviam levado à sala do diretor e se haviam queixado da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E de como, no momento em que a retiravam e quando ela disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual tinha grande afeição e com quem se queria casar, o pai exclamara, horrorizado:
— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um mulato? Nunca!
Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe o Instituto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca mais tivera notícia, e do qual somente restara o privilégio de caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão parecido com a vida dos outros, tão cheio de cores...
LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

No texto, a condição da personagem e os desdobramentos da narrativa conduzem o leitor a compreender o(a)

percepção das cores como metáfora da discriminação racial.

privação da visão como elemento definidor das relações humanas.

contraste entre as representações do amor de diferentes gerações.

prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade das relações afetivas.

embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção de tradições familiares.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha, sempre perde.
Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…
ALVES, R. Tênis X Frescobol. As melhores crônicas de Rubem Alves. Campinas: Papirus, 2012.

O texto de Rubem Alves faz uma analogia entre dois jogos que utilizam raquetes e as diferentes formas de as pessoas se relacionarem afetivamente, de modo que
o tênis indica um jogo em que a cooperação predomina, o que representa o distanciamento na relação entre as pessoas.
o tênis indica um jogo em que a competição é predominante, o que representa um sonho comum no relacionamento entre pessoas.
o frescobol indica um jogo em que a cooperação prevalece, o que simboliza o compartilhamento de sonhos entre as pessoas no relacionamento.
o frescobol indica um jogo em que a competição prevalece, o que simboliza um relacionamento em que uma pessoa busca destruir o sonho da outra.
o frescobol e o tênis indicam, respectivamente, situações de competição e cooperação, o que ilustra os diferentes sonhos das pessoas no relacionamento.
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O debate sobre o conceito de saúde refere-se à importância de minimizar a simplificação que abrange o entendimento do senso comum sobre esse fenômeno. É possível entendê-lo de modo reducionista, tão somente, à luz dos pressupostos biológicos e das associações estatísticas presentes nos estudos epidemiológicos. Os problemas que daí decorrem são: a) o foco centra-se na doença; b) a culpabilização do indivíduo frente à sua própria doença; c) a crença na possibilidade de resolução do problema encerrando-se uma suposta causa, a qual recai no processo de medicalização; d) a naturalização da doença; e) o ceticismo em relação à contribuição de diferentes saberes para auxiliar na compreensão dos fenômenos relacionados à saúde.
BAGRICHEVSKY, M. et al. Considerações teóricas acerca das questões relacionadas à promoção da saúde. In: BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. (Org.). A saúde em debate na educação física. Blumenau: Edibes, 2003.

O texto apresenta uma reflexão crítica sobre o conceito de saúde, que deve ser entendida mediante

dados estatísticos presentes em estudos epidemiológicos.

pressupostos relacionados à ausência de doenças nos indivíduos.

responsabilização dos indivíduos pela adoção de hábitos saudáveis.

intervenção da medicina nos diferentes processos que acometem a saúde.

compreensão dos fenômenos sociais, políticos e econômicos relacionados à saúde.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um cachorro no meu sítio? — Deixo. — E um porquinho-da-índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos? E duzentos e vinte pombas? E um boi? E vaca? E rinoceronte? — Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno no estado do Rio sem maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda e ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade sem animais.
CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1988.

Nessa crônica, a repetição de estruturas sintáticas, além de fazer o texto progredir, ainda contribui para a construção de seu sentido,

demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o menino criado na cidade.

opondo a cidade sem animais a um sítio habitado por várias espécies diferentes.

revelando a ansiedade do menino em relação aos bichos que poderia ter em seu sítio.

pondo em foco os animais como temática central da história narrada nessa prosa ficcional.

indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores perspectivas futuras em relação ao terreno.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas…
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
Quando as ondas te carregaram
meus olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na

contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.

expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.

associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.

recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.

consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
A
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineiam-se além da serrania
Os vértices de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.
Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.
A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017.

Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia parnasiana. No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética

as metáforas inspiradas na visão da natureza.

a ausência de emotividade pelo eu lírico.

a retórica ornamental desvinculada da realidade.

o uso da descrição como meio de expressividade.

o vínculo a temas comuns à Antiguidade Clássica.

ENEM 2019 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Biografia de Pasárgada

Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.
Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.
BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012.

O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos. De acordo com esse depoimento, o fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárgada!”

acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional.

decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção.

ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico.

resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.

remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.