Marquesa de Santos

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos, foi a amante mais conhecida do Imperador Dom Pedro I.

Marquesa de Santos

Marquesa de Santos retratada com a faixa da Ordem de Santa Isabel.1826.

Biografia

Domitila de Castro Canto e Mello nasceu em São Paulo, em 1797, no meio de uma das famílias mais tradicionais da cidade.

Como era comum naquela época, casou-se aos 15 anos com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça e se mudaram para Vila Rica/MG, onde estava o regimento do esposo. Este se revelou um homem violento que batia na mulher.

Contrariando as convenções sociais, Domitila volta para a casa paterna com os dois filhos e solicita o divórcio ao marido. O casal ainda tentaria se reconciliar em 1818, mas após sofrer tentativa de assassinato por parte do esposo, Domitila o abandona e se recolhe a casa da avó.

Em 29 de agosto de 1822, ao visitar famílias importantes de São Paulo, Dom Pedro travou conhecimento com Domitila. Poucos dias depois, proclamaria a separação de Portugal e do Brasil, mas não a esqueceria. Em questão de meses, Domitila estaria instalada no Rio de Janeiro e o romance entre ambos duraria cinco anos.

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Influência na Corte Brasileira

Dom Pedro I não ocultava sua preferência pela paulistana e, assim, comprou e mandou reformar para a amante uma casa perto do palácio de São Cristóvão. Atualmente, ali funciona o Museu do Primeiro Reinado.

Com a consolidação do poder imperial, Domitila soube atrair em sua casa os descontentes com José Bonifácio e seus os irmãos, que desejavam limitar o poder do Imperador na Constituição de 1824.

Durante o tempo que viveu com Dom Pedro I tanto Domitila quanto sua família foram agraciados com títulos de nobreza e fidalguia.

Em 1825, ela foi nomeada dama-camarista da Imperatriz D. Leopoldina (o que fazia que ambas se encontrassem diariamente), feita viscondessa de Santos com grandeza e um ano depois, obteria o título com o qual passaria à história: Marquesa de Santos.

Por sua vez, seus pais seriam titulados Viscondes de Castro e a irmã e seu esposo, se converteriam em barões de Sorocaba. Instalados num palacete no bairro de Botafogo, ali Dom Pedro I manteria encontros amorosos com Domitila e também com a irmã. A baronesa de Sorocaba chegou a ter um filho com o soberano que foi reconhecido no seu testamento. Revoltada, Domitila planejou o assassinato da própria irmã, mas falhou na tentativa de matá-la.

O comportamento de Dom Pedro I escandalizava os brasileiros e as cortes europeias. A morte da imperatriz dona Leopoldina, em 1826, serviria para reforçar sua impopularidade. Houve, inclusive, quem acusasse Domitila de ter matado a soberana por envenenamento, mas são suspeitas sem fundamento.

Apesar de seu afeto pela Marquesa de Santos, Dom Pedro I foi bastante pragmático com respeito ao seu segundo casamento. Começou a procurar uma esposa de sangue nobre depois do falecimento de dona Leopoldina. A jovem princesa escolhida, Amélia de Leuchtenberg, exigiu que a marquesa e os filhos fossem expulsos da corte antes que o matrimônio fosse realizado.

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Vida após a Ruptura com Dom Pedro I

O romance de Domitila com Dom Pedro I gerou cinco filhos, dos quais dois chegaram à vida adulta:

- Isabel Maria de Alcântara Brasileira, duquesa de Goiás;

- Maria Isabel II de Alcântara Bourbon, condessa consorte de Iguaçu.

A primeira iria para a Europa quando Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro e a segunda, permaneceria com a Marquesa de Santos.

Novamente, contrariando as convenções da época, em 1833, Domitila uniu-se ao brigadeiro Rafael Tobias Aguiar, com quem teria seis filhos. Tobias Aguiar era fazendeiro e político paulista, tendo sido duas vezes presidente da província de São Paulo. Somente em 1842 o casal se casaria formalmente.

Instalados num belo solar localizado a Rua do Carmo, a marquesa refez sua vida social, oferecendo bailes e saraus muito apreciados pela sociedade paulista.

Tobias Aguiar se envolveria na Revolta Liberal de 1842 e seria preso na Fortaleza de Lage, no Rio de Janeiro. A Marquesa de Santos foi para a capital da corte pedir ao imperador Dom Pedro II licença para cuidar do marido na prisão, pois ele estava doente. Este gesto comoveu o jovem soberano que lhe concedeu a permissão.

Falecimento

Marquesa de Santos com os netos

Marquesa de Santos com os netos.

Tobias de Aguiar morreria em 1857, deixando Domitila viúva com cinco filhos já em idade adulta.

A Marquesa de Santos dedicou os dez anos que lhe restavam de vida às obras de caridade, ajudando financeiramente aos estudantes da faculdade de Direito de São Paulo e visitando doentes. Também se notabilizou por defender as ideias liberais e participar das campanhas eleitorais de São Paulo.

Faleceu em 3 de novembro de 1867, em São Paulo, aos 70 anos de idade. Está enterrada no Cemitério da Consolação, ao lado de sua filha, a Condessa de Iguaçu.

O solar onde viveu a marquesa agora abriga o Museu da Cidade de São Paulo.

Filmes e Documentários

  • Independência ou Morte. Direção: Carlos Coimbra.1972
  • Marquesa de Santos. Direção: Ary Coslov.1984.
  • Marquesa de Santos - uma história real. Direção de Dimas Oliveira Junior e Luis Felipe Harazin.2002.
Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.