Romance de 30

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

O Romance de 30 reúne diversas obras de caráter social da segunda fase do modernismo no Brasil (1930-1945).

Influenciados pelo movimento Neorrealista, esses romances são chamados de romances neorrealistas ou romances regionalistas. Isso porque abordam aspectos de algumas regiões do país, como a seca do Nordeste.

O romance de 30 teve como marco inicial a publicação do romance “A Bagaceira” (1928) do escritor José Américo de Almeida.

Os escritores dessa geração estavam preocupados em denunciar as desigualdades e injustiças sociais no país, sobretudo na região do Nordeste.

Assim, eles criaram uma literatura ficcional crítica e revolucionária, cujo tema era a vida rural, agrária.

Contexto histórico: resumo

No Brasil, o momento era de crise econômica, política e social, reflexo da crise de 1929.

O desemprego, a miséria e a manipulação política, que acontecia pela república do café com leite, deixava a população cada vez mais descontente.

Sob o governo do presidente Washington Luís despontava a Revolução de 1930. Ela culminaria no golpe de Estado de 1930, na deposição do Presidente da República e a chegada de Getúlio Vargas ao poder.

Diante de tal panorama, os literatos brasileiros do momento apresentam uma nova estética, pautada nos temas humanos, psicológicos e sociais do país.

Vale lembrar que a linguagem do romance de 30 envolve a linguagem coloquial, popular e regionalista.

Principais características do romance de 30

  • Regionalismo romântico
  • Romance social
  • Diversidade cultural brasileira
  • Retomada do romantismo e do realismo
  • Perspectiva determinista
  • Narrativa linear

Autores e obras do romance de 30

Os autores que fizeram parte da segunda fase modernista exploraram temas como a miséria, desigualdade social e econômica, dores e sofrimentos humanos.

Confira abaixo os grandes destaques desse período:

1. José Américo de Almeida (1887-1980)

Escritor, professor, político e sociólogo paraibano, José Américo de Almeida foi quem introduziu o romance regionalista no Brasil, com a publicação de “A Bagaceira” (1928).

José Américo Almeida

Nesse romance, ele aborda o tema da seca de 1898 e da fuga dos retirantes nordestinos.

2. Rachel de Queiroz (1910-2003)

Escritora, jornalista, dramaturga e militante política cearense, Rachel de Queiroz foi uma das mais proeminentes artistas do momento.

Rachel de Queiroz

Sua ficção social nordestina mais conhecida é O Quinze (1930), e o título faz referência ao ano em que a seca assolou o Nordeste.

3. Graciliano Ramos (1892-1953)

Graciliano Ramos foi escritor, jornalista e político alagoano.

Graciliano Ramos

Sem dúvida, sua obra mais emblemática do período é Vidas Secas (1938), onde ele aborda o tema da seca e a vida de uma família de retirantes que foge do sertão e da miséria.

4. José Lins do Rego (1901-1957)

José Lins do Rego foi um escritor paraibano que explorou temas regionalistas, apontando aspectos, políticos, sociais e econômicos do país. Sua obra mais emblemática do período é “Menino de Engenho”, publicada em 1932).

José Lins do Rego

Nesse romance, ele denuncia a realidade social, ao mesmo tempo que apresenta a decadência do ciclo de açúcar nos engenhos nordestinos.

5. Jorge Amado (1912-2001)

Jorge Amado foi um escritor baiano considerado um dos maiores nomes da literatura regionalista brasileira do século XX.

Jorge Amado

Em suas obras explorou a diversidade étnica e social brasileira, da qual se destaca Capitães de Areia (1937).

Ambientado na cidade de Salvador, os protagonistas desse romance formavam um grupo de menores abandonados chamados de “Capitães da Areia”.

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.