Edgar Allan Poe

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Edgar Allan Poe foi um escritor e poeta romântico estadunidense. Seu romantismo esteve relacionado com temas sombrios, sendo muito conhecido por suas obras de mistério e horror.

Dono de um espírito inquieto, Poe foi considerado o criador do gênero policial e ainda, grande colaborador do gênero de ficção científica. Atualmente, ele é visto como um dos maiores ícones da literatura mundial.

Biografia de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe

Edgar Poe nasceu no dia 19 de janeiro de 1809, em Boston, Estados Unidos. Desde criança, teve uma vida repleta de contratempos.

Seu pai abandonou sua família e logo depois, sua mãe faleceu de tuberculose. Com isso, Poe foi criado pelo rico casal de comerciantes Francis e John Allan. Daí vem seu outro sobrenome: Allan.

Nesse período teve uma boa educação, frequentando boas escolas e tendo ótimos professores. Chegou também a estudar na Inglaterra durante um tempo.

Ingressou na Universidade de Virgínia, no entanto, abandonou os estudos. Nessa época teve envolvimento com diversas mulheres. Além disso, passou a ter uma vida muito boêmia.

Desde cedo tinha grande interesse pela literatura e com a universidade passou a ter aulas de literatura e línguas. Já em 1827 publicou seu primeiro livro de poesias “Tomerlane and Other Poemas”.

Pouco depois de abandonar a Universidade, Edgar se alistou nas forças armadas, na Academia de West Point. Todavia, foi expulso por indisciplina. Teve uma discussão com seu pai adotivo, fato que levou ao corte de sua mesada.

Isso fez com que Poe começasse a trabalhar como editor de uma revista. De editor, passa a ser diretor da revista, essencial veículo que utilizou para a divulgação de seus escritos. Nela publicou contos, críticas literárias, poemas e ensaios.

Em seguida, passa a morar com uma tia viúva e sua prima, Virgínia Clemm. Casa-se com Virgínia, em 1836, que na época tinha apenas 13 anos.

Envolvido com a boemia, Poe foi despedido do cargo na revista e pouco depois sua mulher adoece e morre. Diante desses acontecimentos, Poe se perde mais ainda no consumo de álcool.

Edgar Allan Poe faleceu em 7 de outubro de 1849 no Hospital Universitário de Washington. A causa da sua morte é incerta, pois embora tenha sido declarada como frenite (inflamação do cérebro), essa era a causa declarada quando a verdadeira era desconhecida.

Obras de Edgar Allan Poe

Dono de um estilo único e inovador para época, Edgar Allan Poe produziu diversas obras de contos e poesias. Destaques abaixo.

Contos

  • Berenice (1835)
  • Os Assassinatos da Rua Morgue (1841)
  • O Gato Preto (1843)
  • O Demônio da Perversidade (1845)
  • O Barril de Amontillado (1846)

Poesia

  • Tamerlane (1827)
  • O Verme Vencedor (1837)
  • Silêncio (1840)
  • O Corvo (1845)
  • Um Sonho Dentro de um Sonho (1849)

Trechos de obras de Edgar Allan Poe

Dos contos de Edgar, o mais famoso é, sem dúvida, “O Gato Preto”. Já na poesia, merece destaque “O Corvo”.

O Gato Preto

"Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato.

Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à idéia.

Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua.

(...) Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência do meu gesto, feriume ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca, saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade."

O Corvo

Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais
".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Frases de Edgar Allan Poe

  • A perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano.”
  • Não é na ciência que está a felicidade, mas na aquisição da ciência.”
  • Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade.”
  • Quando um louco parece completamente lúcido é o momento de colocar-lhe a camisa de força.”
  • Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.”
  • A ciência ainda não nos provou se a loucura é ou não o mais sublime da inteligência.”

Leia também: Prosa Gótica

Referências Bibliográficas

Biografia de Poe. The Poe Museum, 2024. Disponível em: https://poemuseum.org/poe-biography/ (acesso em 18/03/2024).

Márcia Fernandes
Revisão por Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).
Daniela Diana
Edição por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.