Enredo: o que é e quais os seus tipos (com exemplos)

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Enredo é o conjunto dos fatos de uma história. Em torno dele se desenvolvem todos os acontecimentos de uma história.

A principal característica do enredo é o conflito, que cria a tensão na narrativa.

O enredo, também chamado de intriga, ação, trama ou história, apresenta as seguintes partes:

  • exposição (introdução);
  • complicação (desenvolvimento);
  • clímax;
  • desfecho (conclusão).

A exposição (introdução) apresenta os fatos iniciais da história, tais como os personagens, o tempo e o espaço.

A complicação (desenvolvimento) dá lugar ao desenvolvimento da história.

O clímax é o momento mais tenso da trama, o qual exige uma solução ou desfecho.

O desfecho (conclusão) encerra o enredo com a solução para o fim dos conflitos que aconteceram ao longo da história.

Tipos de enredo

O enredo pode ser linear, não-linear ou psicológico.

O enredo linear é aquele cujos fatos seguem uma ordem natural dos acontecimentos.

O enredo não-linear é aquele cujos fatos não seguem uma ordem natural dos acontecimentos. Neste caso, o enredo pode ser apresentado pelo seu desfecho ou ser revelado, aos poucos, ao longo da narrativa.

O enredo psicológico são fatos emocionais, interiores aos personagens, nem sempre correspondendo a ações dos personagens.

Exemplo de enredo linear

Qualidade e quantidade é uma fábula de Monteiro Lobato cujo enredo é apresentado de forma linear, ou seja, seguindo uma ordem natural dos acontecimentos:

"Meteu-se um mono a falar numa roda de sábios e tais asneiras disse que foi corrido a pontapés.

– Quê? Exclamou ele. Enxotam-me daqui? Negam-me talento? Pois hei de provar que sou um grande figurão e vocês não passam duns idiotas.

Enterrou o chapéu na cabeça e dirigiu-se à praça pública onde se apinhava copiosa multidão de beócios. Lá trepou em cima duma pipa e pôs-se a declamar.

Disse asneiras como nunca, tolices de duas arrobas, besteiras de dar com um pau. Mas como gesticulava e berrava furiosamente, o povo em delírio o aplaudiu com palmas e vivas – e acabou carregando-o em triunfo.

– Viram? – resmungou ele ao passar ao pé dos sábios. Reconheceram a minha força? Respondam-me agora: que vale a opinião de vocês diante desta vitória popular?

Um dos sábios retrucou serenamente:

A opinião da qualidade despreza a opinião da quantidade."

Exemplo de enredo não-linear

Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é um exemplo clássico de enredo não-linear, já que a narrativa tem início com a morte do protagonista, ou seja, não seguindo uma ordem natural dos acontecimentos.

Somente depois de revelar o fim da trama, o narrador passa a relatar a sua vida, da infância à idade adulta. Ao longo do tempo, entretanto, o leitor é convidado a voltar ao passado:

"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."

Exemplo de enredo psicológico

O Ovo e a Galinha, de Clarice Lispector, é um exemplo de enredo psicológico, porque os fatos narrados são emocionais, interiores aos personagens:

"De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver o ovo nunca se mantêm no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto o ovo há três milênios. – No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. – Só vê o ovo quem já o tiver visto. – Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. – Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. – O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe."

Como fazer um enredo

  1. Escolha o conflito que será desenvolvido;
  2. Escolha o tipo de enredo que quer usar (linear, não-linear, psicológico);
  3. Escolha os personagens, o tempo e o espaço;
  4. Desenvolva o seu texto.

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Referências Bibliográficas

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 7. ed. São Paulo: Ática, 2001.

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).