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ENEMExercícios para o ENEM

Exercícios para o ENEM (329)

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ENEM 2022 : Literatura - Questões de Provas Anteriores do ENEM
    Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressureição do cemitérios antigos — esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e o fedor das covas podres.

    Os fantasmas estropiados como que iam dançando de tão trópegos e trêmulos, num passo arrastado dé quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas.

    Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados.

    Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo.

    Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando.

    Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos — de ascite consecutiva à alimentação tóxica — com os fardos das barrigas alarmantes.

      Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais.

ALMEIDA, J. A.. A bagacelra, Rio do Janeiro: J, Olýmpio, 1978.


Os recursos composicionais que inserem a obra no chamado “Romance de 30” da literatura brasileira
manifestam-se aqui no(a)
desenho cru da realidade dramática dos retirantes
indefinição dos espaços para efeito de generalização:

análise psicológica da reação dos personagens à seca.

engajamento político do narrador ante as desigualdades.“

contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria.
ENEM 2022 : Literatura - Questões de Provas Anteriores do ENEM
    A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela.[..]

    As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira as cunhadas, ao fuso: os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades tratava sempre bem aos pequenitos  às mães que os estava criando. Não era isso. uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (refere-se ao Antônio) esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.

    Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se. 

PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s/d.

No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revele influência do pensamento. 
capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.

liberal, buscando a igualdade entre escravizadas e livres.

científico, considerando o ser humano fenômeno biológico.
religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.
afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo. 
ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Assentamento

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Vero baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).

Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no ver

“Zanza pra acolá”.

“Fim de feira, periferia afora”.

“A cidade não mora mais em mim”.

“Onde só vento se semeava outrora”.

"O Manuel, Miguilim”.

ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM

O complexo de falar difícil


        O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do notável saber jurídico saiba quando e como deve fazer uso desse português versão 2.0, até porque não tem necessidade de alguém entrar numa padaria de manhã com aquela cara de sono falando o seguinte: “Por obséquio, Vossa Senhoria teria a hipotética possibilidade de estabelecer com minha pessoa umarelação de compra e venda, mediante as imposições dos códigos Civil e do Consumidor, para que seja possível a obtenção de 10 pãezinhos em temperatura estável para que a relação pecuniária no valor de RS 5,00 seja plenamente legitima e capaz de saciarminha fome matinal?”.


        O problema é que temos uma cultura de valorizar quem demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem é. Pela nossa lógica, todo mundo que fala dificil tende a ser mais inteligente do que quem valoriza o simples, 99,9% das pessoas que estivessem na padaria iriam ficar boquiabertas se alguém fizesse uso das palavras que eu disse acima em plenas 7 da manhã em vez de dizer: “Bom dia! O senhor poderia me vender cinco reais de pão francês?”


    Agora entramos na parte interessante: o que realmente é falar dificil? Simplesmente fazer uso de palavras que a maioria nao faz ideia do que seja é um ato de falar difícil? Eu penso que não, mas é assim que muita gente age. Falar dificil é fazer uso do simples, mas com coerência e coesão, deixar tudo amarradinho gramaticalmente falando. Falar dificil pode fazer alguém parecer inteligente, mas não por muito tempo. É claro que em alguns momentos não temos como fugir do português rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como no caso de documentos jurídicos, entre outros.

ARAÚJO, H. Disponível om: www.diariojurista.com Acesso em 20 nov. 2021 (adaptado)
 

Nesso artigo de opinião, ao fazer uso de uma fala rebuscada no exemplo da compra do pão, o autor
evidencia a importância de(a)

se ter um notável saber jurídico.

valorização da inteligência do falante,

falar dificil para demonstrar Inteligência,

coesão o da coerência em documentos Jurídicos

adequação da linguagem à situação de comunicação

ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Mas seu olhar verde, inconfundível, impressionante, iluminava com sua luz misteriosa as sombrias arcadas superciliares, que pareciam queimadas por ela, dizia logo a sua origem cruzada e decantada através das misérias e dos orgulhos de homens de aventura, contadores de histórias fantásticas, e de mulheres caladas e sofredoras, que acompanhavam os maridos e amantes através das matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que elas percorriam com a ambição única de um “pouso” onde pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de família e de lar, sempre no encalço dos homens, enfebrados pela procura do ouro e do diamante.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador estabelece correlações que refletem a

caracterização da personagem como mestiça.

construção do enredo de conquistas da família.

relação conflituosa das mulheres e seus maridos.

nostalgia do desejo de viver como os antepassados.

marca de antigos sofrimentos no fluxo de consciência.

ENEM 2022 : Literatura - Questões de Provas Anteriores do ENEM
A escrava

    — Admira-me —, disse uma senhora de sentimentos sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente século, no século dezenove!  A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em torno da sociedade, e dizei-me:

    — Para que se deu em sacrifício o Homem Deus, que ali exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não é verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então uma mentira abominável ter esse sangue comprado a liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o abutre que a corrói constantemente!... Não sentis a desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói?

    Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e será sempre um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura: porque o seu trabalho é forçado.

REIS, M. F. Úrsula outras obras, Brasília: Câmara dos Deputados, 2018

Inscrito na estética romântica da literatura brasileira, o conto descortina aspectos da realidade nacional no
século XIX ao
revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas escravizadas.
apontar a hipocrisia do discurso conservador na defesa da escravidão.
sugerir práticas de violência física e moral em nome do progresso material.
relacionar o declínio da produção agrícola e comercial a questões raciais.
ironizar o comportamento dos proprietários de terra na exploração do trabalho.
ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta, bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos. A queda é a maior ameaça para o idoso. “Idoso”, palavra odienta. Pior, só “terceira idade”. A queda separa a velhice da senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia  que liga a cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão em corrimão, tateio móveis e paredes, e tomo banho sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a cama, da cama para a poltrona, da poltrona para a janela. Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me pegar. Um dia eu caio, hoje não.

TORRES, F. Fim. São Paulo: Cia das Leras, 2013.

O recurso que caracteriza a organização estrutural desse texto é o(a)

justaposição de sequências verbais e nominais.

mudança de eventos resultante do jogo temporal.
usa de adjetivos qualificativos na descrição do cenário.
encadeamento semântico pelo uso de substantivos sinônimos.
inter-relação entre orações por elementos linguísticos lógicos.

ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
PALAVRA — As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas, e para brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. A palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A palavra "palavra" diz. O que quer. 
 E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo o alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e pronto.

Falcão, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento.
São Paulo: Salamandra, 2013 (Adaptado)

 

Esso texto, que simula um verbete para a palavra “palavra”, constitui-se como um poema porque
tematiza o fazer poético, como em “Os poetas classificam as palavras pela alma”.
utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As palavras têm corpo e alma”.
valoriza a gramática da língua, como em 'substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção”.
estabelece comparações, como em "As palavras têm * corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”.
apresenta informações pertinentes acerca do conceito de “palavra”, como em “As gramáticas classificam as palavras”.
ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo — e uma irmã. As duas se tornaram suas companheiras de experimentações. Adolescente, Elena vivia a criar filminhos e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E acreditava no potencial da menina para satisfazer seus arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, integrou algumas das melhores companhias paulistanas de teatro e participou de preleções para filmes e trabalhos na TV. Nunca foi chamada. No início de 1990, Elena tinha 20 anos quando se mudou para Nova York para cursar artes cênicas e batalhar uma chance no mercado americano. Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de elenco malsucedidos, decepcionada com a ausência de reconhecimento e vitimada por uma depressão que se agravava com a falta de perspectivas, Elena pôs fim à vida no segundo semestre. Petra tinha 7 anos. Vinte anos depois, é ela, a irmã caçula, que volta a Nova York para percorrer os últimos passos da irmã, vasculhar seus arquivos e transformar suas memórias em imagem e poesia.
Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã que fica. É um filme sobre a busca, a perda, a saudade, mas também sobre o encontro, o legado, a memória. Um filme sobre a Elena de Petra e sobre a Petra de Elena, sobre o que ficou de uma na outra e, essencialmente, um filme sobre a delicadeza.

VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado)

O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre a função social de
narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida das irmãs Petra e Elena.
descrever, por meio das memórias de Petra, a separação de duas irmãs. 
sintetizar, por meio das principais cenas do filme, a história de Elena.
lançar, por meio da história de vida do autor, um filme autobiográfico.
avaliar, por meio de análise crítica, o filme em referência.
ENEM 2022 : Língua Portuguesa - Questões de Provas Anteriores do ENEM
Papos

— Me disseram...
— Disseram-me.
— Hein?
— O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
— Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
—O quê?
— Digo-te que você
— O "te" e o “você” não combinam.
— Lhe digo?
— Também não. O que você ia me dizer?
— Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. [..]
— Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me.
Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
— O quê?
— O mato.
— Que mato?
— Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te.
Ouviu bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
— Se você prefere falar errado...
— Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?

VERISSIMO. L.F. Comédias para se ler na escola
Rio de Janeiro: Objetiva. 2001 (adaptado)

Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos personagens toma-se inadequado em razão do(a)
falta de compreensão causada pelo choque entre gerações.
contexto de comunicação em que a conversa se dá. 
grau de polidez distinto entre os interlocutores.

diferença de escolaridade entre os falantes.

nível social dos participantes da situação.