Feudalismo: o que foi, sociedade e características

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

O Feudalismo foi um modo de produção econômico, político e social baseado na posse da terra - o feudo - que predominou na Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média.

Ele surgiu da mistura dos costumes romanos e germânicos, através das invasões bárbaras no então Império Romano do Ocidente.

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O feudo era uma grande propriedade rural que abrigava o castelo fortificado, as aldeias, as terras para cultivo, os pastos e os bosques.

Características do Feudalismo

Economia feudal

A economia no feudalismo se caraterizava pela produção autossuficiente, pois se destinava ao consumo local, dentro do próprio feudo, e não ao comércio em larga escala.

Na época de boas colheitas, os excedentes eram trocados em feudos vizinhos ou nas feiras que ocorriam nas cidades. Muitas vezes o comércio ocorria através do intercâmbio de gêneros e não moedas; porém, estas existiam e eram emitidas por cada feudo.

Sociedade Feudal

A sociedade, no feudalismo, era denominada estamental porque era composta por camadas sociais que se diferenciavam pelos privilégios que possuíam.

Existiam três estamentos sociais – nobreza, clero e servos.

Quase não existia mobilidade social e passar de um estamento social para outro era praticamente impossível.

Clero

A Igreja se tornou a mais poderosa instituição feudal, pois foi proprietária de vastas extensões de terra, além de determinar diretamente as relações sociais.

Segundo ela, cada membro da sociedade tinha uma função a cumprir em sua passagem pela terra. A função do nobre era proteger militarmente a sociedade, a do clero, rezar e a do servo, trabalhar.

Além disso, os mosteiros medievais foram responsáveis pela conservação de manuscritos sobre literatura, filosofia e ciência, apoiavam os viajantes e acolhiam os doentes.

Nobreza

A nobreza era proprietária de terras e seus integrantes eram chamados senhores feudais. Estes aplicavam as leis, concediam privilégios, comercializavam com os vizinhos, administravam a justiça, declaravam as guerras e faziam a paz.

No topo da nobreza estava o rei, que concentrava pouco poder político, pois este era dividido entre o monarca e os senhores feudais. No entanto, o monarca tinha prestígio junto aos outros senhores.

Servos

O trabalho estava fundamentado na servidão, com os camponeses presos à terra e subordinados a uma série de obrigações, desde impostos e serviços.

Isso significava que, ao realizar um juramento com um senhor feudal, o servo deveria permanecer morando naquele feudo até sua morte.

Por outro lado, os senhores feudais deveriam protegê-los em caso de ataques.

Além dos servos, havia outros trabalhadores como:

  • Vilões: homens livres que moravam na vila, mas podiam prestar serviços ao senhor feudal e tinham permissão para trocar de propriedade;
  • Ministeriais: ocupavam a administração da propriedade feudal e podiam ascender socialmente, chegando à condição membros da pequena nobreza.
  • Escravizados: em geral, empregados no serviço doméstico. Nesta época era comum os cristãos escravizarem muçulmanos e vice-versa.

As condições de vida nos domínios feudais eram rudes e mesmo a nobreza não vivia luxuosamente.

A vida dos servos era miserável em todos os sentidos. Os servos e mesmo os senhores feudais não sabiam ler nem escrever. O clero era o único estamento social que tinha acesso ao estudo.

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Política feudal

O poder político no feudo era exercido pelo senhor feudal, que possuía exército, cobrava impostos e distribuía a justiça.

No entanto, sua obrigação era proteger os servos e, para isso, construía um castelo fortificado, em torno do qual se desenvolvia a comunidade.

Quando um senhor feudal necessitava apoio para a guerra, fazia alianças com nobres menos poderosos. Mediante um juramento de fidelidade - chamado "homenagem" - o senhor feudal com mais recursos se tornava suserano e o outro, vassalo.

Em retribuição, este recebia terras ou as rendas de algum pedágio, ou do moinho, por exemplo. Contudo, por sua parte, o vassalo deveria defender o suserano e acompanhá-lo em caso de conflito.

Importante lembrar que os membros do clero poderiam ser senhores feudais. Os mosteiros, além do edifício religioso, possuíam grandes extensões de terra para seu sustento.

Como ocorriam as concessões de terra?

Servos trabalhando na terra diante do castelo do senhor feudal
Iluminura do livro "As ricas horas do duque de Berry", de 1410, sobre o mês de setembro quando se realizava a colheita

Um feudo podia ser obtido das seguintes maneiras:

  • Concessão do rei ou de um senhor feudal: para compensar os serviços de um nobre ou de um cavaleiro destacado e assim conseguir a vassalagem;
  • Casamentos: assegurava a fidelidade dos senhores feudais e garantia que a terra continuaria na mesma família;
  • Guerras: quando os laços de vassalagem eram rompidos, uma família não tinha herdeiros ou mesmo por desejar expandir suas terras, era comum fazer guerras para obter mais territórios.
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Crise do feudalismo

O feudalismo sofreu grandes transformações a partir do século XIII.

Nesta época, o desenvolvimento do comércio e das cidades ampliaram as fontes de renda. À medida que o poder foi se concentrando nas mãos de um único rei, as vilas e cidades conquistaram mais autonomia.

O soberano, então, lhes concediam diversas imunidades, como isenção fiscal e jurídica, o que diminuía a importância do feudo.

Com isso, o dinheiro começou a adquirir mais valor do que a terra e as relações de produção passaram a ser baseadas no trabalho livre e assalariado. Houve também o surgimento de novas camadas sociais, como a burguesia.

O crescimento populacional foi um dos fatores responsáveis pelas mudanças no sistema feudal de produção. À medida que crescia a população, aumentava a necessidade de ampliar a área de plantio e desenvolver novas técnicas agrícolas.

Para aumentar o terreno de cultivo, os senhores feudais passaram a cercar as terras comunais, ou seja, as áreas que eram utilizadas por todos os servos.

Alguns deles arrendaram as terras, enquanto outros passaram a vender a liberdade aos servos ou a expulsá-los do feudo, colocando em seu lugar trabalhadores assalariados.

Isto acabou gerando revolta entre os camponeses que responderam de forma violenta. Outro fator de êxodo rural foi o próprio crescimento das cidades que se tornava mais atrativa para muitos servos.

O processo de mudança do sistema feudal pelo sistema capitalista foi lento e gradual, e ocorreu com o renascimento comercial, a centralização monárquica e o aparecimento da burguesia.

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Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.