Ginástica

Maurício Facchini
Revisão por Maurício Facchini
Professor de Educação Física

A ginástica é um esporte cujos exercícios realizados exigem concentração, coordenação, equilíbrio, força e flexibilidade. A ginástica se divide em dois tipos: ginásticas competitivas e ginásticas não competitivas.

Tipos de ginástica

As ginásticas competitivas participam de competições. Além de trabalharem com os aspectos físicos do corpo, pois seus movimentos exigem força, flexibilidade e agilidade, elas também exercitam a mente dos praticantes, pois a sua prática requer concentração e raciocínio.

As ginásticas não competitivas não são voltadas para competições. A sua prática tem como objetivo cuidados com a saúde, bem-estar e a estética do corpo.

Ginástica competitiva

Há 5 modalidades de ginástica competitiva:

  1. ginástica artística
  2. ginástica acrobática
  3. ginástica de trampolim
  4. ginástica rítmica
  5. ginástica aeróbica

1. Ginástica artística

A ginástica artística é uma modalidade que exige muita técnica, equilíbrio, força e flexibilidade.

A ginástica artística foi influenciada pelo trabalho de Friedrich Ludwig Jahn, fundador da primeira escola de ginástica. Montada em uma floresta, os seus alunos utilizavam os aparelhos criados por ele, bem como os próprios recursos oferecidos pela floresta.

Ginástica artística
Rio de Janeiro - Daniele Hypolito durante treino da seleção feminina de ginástica artística do Brasil Olímpica dos Jogos Rio 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Com o desenvolvimento da ginástica, houve a necessidade de se criar mais aparelhos, e consequentemente a sua prática foi se tornando uniformizada. Caracterizada pela arte dos seus movimentos, a sua prática exigia uma performance artística de alto nível, de onde surgiu a ginástica artística.

Na ginástica artística, as provas masculinas e femininas são diferentes. Os homens executam provas nos seguintes aparelhos: argolas, barras fixas, cavalo com alças e salto sobre a mesa. Também há uma apresentação realizada sem aparelho, ou seja, no solo.

Por outro lado, as provas das mulheres consistem em 3 aparelhos: barras assimétricas, salto sobre a mesa e trave de equilíbrio. Também há uma prova realizada sem aparelho, no solo.

2. Ginástica acrobática

A ginástica acrobática destaca-se pela beleza dos exercícios executados em solo, acompanhados de música. Ela é dividida nas seguintes categorias: dupla mista; dupla feminina; dupla masculina; grupo feminino (composto por 3 ginastas) e grupo masculino (composto por 4 ginastas).

Ginástica acrobática
Campeonato Mundial de Ginástica Acrobática 2014, 10 a 12 de julho, Levallois-Perret, França. Finais: dupla mista. França (Pierre-Yves Beaudouin)

A história da ginástica acrobática existiu sob diversas formas e diferentes culturas por milhares de anos. As representações acrobáticas eram realizas quando nas danças sacras e festividades praticadas no Egito, Grécia antiga, entre outros países.

Na Europa, a atividade ficava a cargo dos saltimbancos, como entretenimento para as cortes europeias. Além disso, sua popularidade se deu graças ao circo.

A ginástica acrobática começou a desenvolver como uma modalidade esportiva na antiga União Soviética, no qual criaram regras e competições para as acrobacias. A Federação Internacional de Acrobacia Esportiva (IFSA) foi criada em 1973. O primeiro campeonato mundial de ginástica acrobática foi realizado em 1974, em Moscou.

Contudo, em 1998, com a dissolução da IFSA, a disciplina foi adotada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG).

3. Ginástica de trampolim

A ginástica de trampolim consiste em saltos acrobáticos em uma cama elástica. Essa modalidade pode ser disputada nas seguintes provas: duplo mini-trampolim; trampolim individual; trampolim sincronizado e tumbling. Contudo, apenas a prova de trampolim individual (na categoria feminina e masculina) é disputa nas Olimpíadas.

A princípio, a realização de saltos e acrobacias teve início com trapezistas de circos. Entretanto, a versão moderna do trampolim surgiu nos Estados Unidos em 1934. Criado por George Nilssen, o trampolim foi utilizado para treinar astronautas e desenvolver as habilidades acrobáticas dos atletas em outras modalidades. Em 1936, o trampolim foi institucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Educação Física de escolas e universidades americanas.

Em 1964, em Londres, foi realizada a primeira competição internacional da modalidade. Em 1997, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a inclusão da Ginástica de Trampolim como modalidade olímpica, cuja primeira participação foi nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, em 2000.

4. Ginástica rítmica

Com princípios da ginástica moderna, a base desta modalidade são os movimentos corporais.

A ginástica rítmica é uma modalidade esportiva essencialmente feminina que faz dessa modalidade um verdadeiro espetáculo de dança. A apresentação da ginástica rítmica exige uma combinação de arte, criatividade, dança e ritmo que devem ser realizadas em sincronia com a música.

Os aparelhos utilizados na ginástica rítmica são: arco, bola, corda, fita e maças.

Em 1962, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) incorporou esse tipo de ginástica às competições e instituiu a primeira Comissão Técnica da FIG. Em 1984, a ginástica rítmica fez a sua estreia olímpica nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.

5. Ginástica aeróbica

A ginástica aeróbica é uma modalidade em que os ginastas executam movimentos aeróbicos que envolvem a interpretação da música que acompanha o exercício. Ela é caracterizada pelo ritmo acelerado, dinâmico e ritmado, como os utilizados nas academias.

Iniciada nos Estados Unidos da América (EUA), a modalidade surgiu em decorrência de estudos que comprovaram que a aeróbica emagrecia e trazia benefícios cardiovasculares através dos seus movimentos de dança, em sincronia com a música utilizada.

Essa modalidade não faz parte das Olímpiadas. Contudo, existem competições organizadas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), nas quais a ginástica aeróbica foi incluída em 1995.

Ginástica não competitiva

Dentre as modalidades de ginástica não competitiva, podemos citar:

  • Ginástica para Todos, que até 2007 era chamada de Ginástica Geral;
  • hidroginástica;
  • ginástica laboral;
  • ginástica localizada;
  • contorcionismo.

Ginástica para Todos

A Ginástica para Todos é como a Ginástica Geral passou a ser chamada Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Esse tipo de ginástica consiste na prática não competitiva de ginástica. Ela pode gerar diversos benefícios físicos e sociais aos praticantes, pois engloba movimentos corporais livres, dança, e proporciona momentos de lazer e socialização.

História e origem da ginástica

A ginástica surgiu na Grécia Antiga. Os gregos tinham o hábito de praticar vários exercícios como forma de cultuar o corpo e de preparação militar.

A palavra ginástica tem origem grega, "gymnastiké", e significa “a arte de exercitar o corpo para fortificá-lo’. Além disso, a palavra ginástica tem origem na palavra “gymnádzein”, a qual é traduzida como “treinar”. No entanto, em uma tradução literal, a palavra significa “exercício com o corpo nu”, que era a forma como os gregos faziam exercícios, ou seja, sem roupa.

A primeira escola de ginástica

Na Era Moderna, a ginástica foi fortemente impulsionada pelos alemães. Em 1811, com o objetivo realizar treinamento físico para os jovens, a primeira escola de ginástica ao ar livre foi fundada pelo alemão Friedrich Ludwig Christoph Jahn (1778-1852).

Bloqueio ginástico e a propagação da ginástica

Depois do reino alemão da Prússia ter sido derrotado pela França na Batalha de Jena, em 1806, Friedrich Ludwig Christoph Jahn, que ficou conhecido como o “pai da ginástica olímpica”, começou a incentivar os jovens a treinarem para que fossem capazes de defender a sua pátria em batalhas.

A atitude de Jahn foi considerada revolucionária. Por conta disso, ele foi preso e a prática da ginástica chegou a ser proibida na Alemanha no período compreendido entre 1820 e 1842, que ficou conhecido como “Bloqueio Ginástico”. Foi a partir daí, então, que os ginastas começaram a difundir a ginástica em outros países.

Anos depois, os feitos de Jahn foram reconhecidos. O “pai da ginástica” recebeu uma alta distinção alemã e a ginástica pôde se propagar livremente pela Alemanha, obtendo grandes avanços no mundo.

Fundação da Federação de ginástica

O Comitê de Federações Europeias de Ginástica (atual Federação Internacional de Ginástica (FIG)) foi fundado por Nicolas Cupérus em 23 de julho de 1881 e, desde então, tem ganhado adeptos.

No entanto, Cupérus era contra a realização da ginástica com objetivos competitivos. Portanto, foi somente em virtude do esforço de Charles Gazalet, presidente da União das Sociedades de Ginásio da França, que a ginástica passou efetivamente a ser considerada um esporte competitivo.

Em 1896, a ginástica entrou no calendário competitivo dos Jogos Olímpicos realizados em Atenas. Em 1903, foi realizado o I Torneio Internacional de Ginástica, para homens. Por outro lado, as mulheres passaram a competir somente nos Jogos Olímpicos de 1928, realizados na Holanda. Em 1934, ocorreu a primeira participação feminina em Campeonatos Mundiais.

Ginástica no Brasil

No Brasil, a ginástica olímpica chegou no século XIX, trazida pelos alemães que colonizaram a região sul do Brasil. No dia 16 de novembro de 1858, a Sociedade de Ginástica de Joinville foi fundada.

A participação do Brasil em campeonatos internacionais iniciou em 1951, quando foi disputado o I Jogos Desportivos Pan-Americanos. Já em 1971, foi a primeira participação brasileira em um campeonato mundial de ginástica (ginástica rítmica).

Em 25 de novembro de 1978, foi criada a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), órgão responsável pela modalidade no país. Logo, ela filiou-se à Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Na história das Olimpíadas, por enquanto, a ginástica brasileira ganhou 6 medalhas: duas de ouro, três medalhas de prata e uma de bronze. Todas na modalidade da Ginástica Artística.

Para saber mais sobre ginástica:

Referências Bibliográficas

DA CUNHA POL, D. O.; STEIGLEDER, F.; DORNELLES, A. D. S. N.; PADILHA, J. C. N. Trampolim acrobático: um pouco de história e de competição. Lecturas: Educación física y deportes, (98), p. 38. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd98/tramp.htm

Histórico da comissão de atletas brasileiras. Documento acessado em 24.08.2023. Disponível no site oficial do Comitê Olímpico do Brasil, em: https://www.cob.org.br/pt/comissao/historia-da-comissao-de-atletas

Maurício Facchini
Revisão por Maurício Facchini
Graduado em Educação Física pela Universidade do Vale do Taquari e mestrando na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.