Literatura de Informação

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A Literatura de Informação corresponde aos textos de viagens escritos em prosa e fazem parte do primeiro movimento literário do Brasil: o Quinhentismo (1500-1601).

Recebem esse nome pois são textos de caráter informativo os quais eram escritos com o intuito informar sobre as novas terras descobertas. Vale ressaltar que esses textos históricos e literários foram essenciais para fundar a literatura brasileira.

Além da literatura de informação, o movimento quinhentista é formado pela Literatura de Catequese, escrito pelos jesuítas.

Resumo

Durante o período das grandes navegações, Portugal, grande potência marítima europeia do século XVI e XVII, colonizou as terras brasileiras.

As expedições portuguesas que aportaram no Brasil em 1500 eram compostas também de escrivães, aqueles designados para relatarem as impressões das terras encontradas.

Por esse motivo, a literatura de informação ou as crônicas dos viajantes eram textos compostos por muitas descrições e adjetivos relacionados às novas terras descobertas.

Além de indicar características sobre a paisagem do local, os escrivães descreviam sobre os povos que aqui estavam, como costumes, rituais e estrutura social.

Nesse momento, surgem os primeiros relatos sobre o Brasil, já que os índios que aqui viviam formavam sociedades baseadas na linguagem oral, em detrimento da linguagem escrita.

Dessa maneira, escrito em Porto Seguro, Bahia, dia 1.º de maio de 1500, a “Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a el- Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” representa o marco inicial da literatura brasileira. Ou seja, trata-se do primeiro documento escrito em território brasileiro.

Escritores e Obras

Além de Pero Vaz de Caminha, outros representantes que se destacam na Literatura de Informação foram:

  • Pero Lopes de Souza e sua obra Diário de navegação (1530);
  • Pero de Magalhães Gândavo e sua obra Tratado da Província do Brasil e História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576);
  • Fernão Cardim e sua obra Narrativa epistolar e Tratado das terras e das gentes do Brasil (1583);
  • Gabriel Soares de Souza e sua obra Tratado descritivo do Brasil (1587).

Exemplo

Segue abaixo um trecho da "Carta de Pero Vaz de Caminha" quando descreve aspectos da sociedade indígena:

"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma."

"Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos."

"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.

Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.

Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.

Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.

Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.

Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.