Análise Sintática

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

A análise sintática é o estudo da função de cada termo de uma oração.

Um termo, ou palavra, pode ser classificado de forma diferente de acordo com a função que desempenha na oração. Assim, é preciso entender o papel de cada um deles para fazer a sua análise sintática.

Os termos da oração são classificados em: essenciais (quando a estrutura da oração é feita em torno desses termos), integrantes (quando completam o sentido de outros termos presentes na oração) e acessórios (quando a sua remoção não prejudica o sentido da oração).

Termos essenciais da oração

Os termos essenciais são os termos que servem de base na construção da oração, motivo pelo qual são chamados de essenciais.

Os termos essenciais são dois: sujeito e predicado.

1. Sujeito

O sujeito é alguém ou alguma coisa sobre a qual é dada uma informação. Por exemplo: Uma pessoa ligou, mas não quis se identificar. (Sujeito: uma pessoa)

O sujeito pode ser: determinado ou indeterminado, simples ou composto e inexistente.

Os sujeitos podem ser determinados ou indeterminados, mediante a condição de poder ser ou não ser identificados. Quando identificados, são sujeitos determinados (A Ana acabou de chegar. - sujeito determinado: A Ana). Quando não identificado, são sujeitos indeterminados (Estão chamando aí à porta.).

Quando o sujeito determinado pode ser facilmente identificado pela sua forma verbal, ocorre sujeito determinado oculto (Agi conforme suas orientações. - sujeito determinado oculto: eu (eu agi...).

Os sujeitos determinados podem ser simples ou compostos, conforme contenham um ou mais núcleos - termos mais importantes do sujeito. Quando apresenta apenas um núcleo, são sujeitos determinados simples (Os livros estão na prateleira. - sujeito determinado simples: os livros, cujo núcleo é “livros”). Quando apresenta dois ou mais núcleos, são sujeitos determinados compostos (O Caderno, três lápis e uma borracha estão na mochila. - sujeito determinado composto: O Caderno, três lápis e uma borracha, cujos núcleos são “caderno, lápis, borracha”).

Os sujeitos podem ser inexistentes quando a oração é composta apenas pelo predicado (Está um calor! - oração sem sujeito).

2. Predicado

O predicado é a informação que se dá sobre o sujeito. Ao identificar o sujeito da oração, todo o resto faz parte do predicado. Por exemplo: Uma pessoa ligou, mas não quis se identificar. (Sujeito: uma pessoa. Predicado: ligou, mas não quis se identificar.).

O predicado pode ser: verbal, nominal e verbo-nominal.

O predicado pode ser verbal quando o seu núcleo (parte principal do predicado) é um verbo que expressa uma ação (O velhinho contou uma história. - predicado: contou uma história, cujo núcleo é “contou”).

Quando o verbo, ou núcleo do predicado verbal, tem sentido completo e não precisa de complemento, ele é verbo intransitivo (A vítima morreu. - predicado: morreu, cujo núcleo é “morreu” - predicado verbal: verbo intransitivo).

Quando o verbo, ou núcleo do predicado verbal, precisa de complemento, porque não tem sentido completo, ele é verbo transitivo (Vou preparar o jantar. - predicado: preparar o jantar, cujo núcleo é “preparar” - predicado verbal: verbo transitivo).

O predicado pode ser nominal quando o seu núcleo (parte principal do predicado) é um nome e o seu verbo é de ligação, ou seja, liga o sujeito e suas características (Esta matéria é extensa. - predicado: é extensa, cujo núcleo é “extensa”).

O predicado pode ser verbo-nominal quando apresenta dois núcleos (parte principal do predicado), um núcleo verbal e um núcleo nominal (As crianças chegaram felizes. - predicado: chegaram felizes, cujo núcleo é “chegaram” (e “estavam”) e felizes).

Termos integrantes da oração

Os termos integrantes são os termos que servem para completar o sentido de outros termos da oração.

Os termos integrantes são três: complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva.

1. Complementos verbais

Com a função de completar o sentido dos verbos, os complementos verbais podem ser: objeto direto e objeto indireto.

Os complementos verbais podem ser objeto direto, quando o complemento NÃO é ligado ao verbo através de preposição obrigatória (O poeta recitou poemas. - predicado verbal: recitou poemas, cujo núcleo é “recitou” - complemento verbal objeto direto: poemas).

Os complementos verbais podem ser objeto indireto, quando o complemento é ligado ao verbo através de preposição obrigatória (O doente precisa de cuidados. - predicado verbal: precisa de cuidados, cujo núcleo é “precisa” - complemento verbal objeto indireto: de cuidados).

2. Complemento nominal

O complemento nominal é o termo utilizado para completar o sentido de um nome, que pode ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio. Por exemplo: Os idosos têm necessidade de afeto. (Complemento nominal: "de afeto", pois completa o sentido do substantivo “necessidade".)

3. Agente da passiva

O agente da passiva é o termo que indica quem executa a ação, na voz passiva, e vem, geralmente, acompanhado de preposição. Por exemplo: O bolo foi feito por mim. (Agente da passiva: por mim)

Termos acessórios da oração

Os termos acessórios são os termos que servem para acrescentar uma informação, mas que se forem excluídos da oração não afetam o seu sentido.

Os termos acessórios são três: adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.

1. Adjunto adnominal

O adjunto adnominal é o termo utilizado para caracterizar ou determinar um substantivo através de adjetivos, artigos, numerais, pronomes ou locuções adjetivas. Por exemplo: O homem educado cedeu a sua cadeira à senhora de idade. (Adjuntos adnominais: o, educado, a, sua, de idade)

2. Adjunto adverbial

O adjunto adverbial é o termo utilizado para modificar ou intensificar o sentido de um verbo, de um advérbio ou de um adjetivo. Por exemplo: Canta lindamente. (Adjunto adverbial: lindamente)

3. Aposto

O aposto é o termo que tem a função de explicar, ampliar outro termo. Por exemplo: Sábado, dia sete, não haverá aula de música. (Aposto: dia sete)

Exercícios de análise sintática

Vamos pôr em prática o conteúdo estudado acima e analisar sintaticamente os enunciados abaixo:

Exercício 1

Falam muito mal dela, agora precisa-se da verdade.

Aqui temos um período formado por duas orações:
1.ª oração: Falam muito mal dela,
2.ª oração: agora precisa-se da verdade.
Portanto, trata-se de um período composto.

O sujeito é indeterminado nas duas orações. Não se pode ou não se quer identificar o sujeito sobre o qual estão sendo dadas as informações: Falam (quem?), precisa-se (quem?).

Vamos analisar a função de cada elemento do predicado da 1.ª oração:

  • Falam (o que ou sobre o que falam?) – uma vez que precisa de complemento, estamos diante de um verbo transitivo.
  • muito - é adjunto adverbial de intensidade.
  • mal – é adjunto adverbial de modo.
  • dela – é objeto indireto, uma vez que complementa o sentido do verbo (falam de quem? dela - o mesmo que "de + ela") e esse complemento precisa de preposição.

Agora, vamos analisar a função de cada elemento do predicado da 2.ª oração:

  • Agora – adjunto adverbial de tempo.
  • precisa-se (do que precisa-se?) – uma vez que precisa de complemento com preposição, estamos diante de um verbo transitivo indireto.
  • da verdade – o sentido é completado com a necessidade de preposição, logo o objeto é indireto.

Exercício 2

As marchinhas, as cantadas por Carmem Miranda, eram maravilhosas.

Aqui temos um período simples. O enunciado é formado por apenas uma oração.

O sujeito é simples: As marchinhas. O núcleo do sujeito é marchinhas.

  • as cantadas por Carmem Miranda – está identificando as marchinhas, assim, estamos diante de um aposto.
  • eram – uma vez que indica um estado, é um verbo de ligação.
  • maravilhosas – uma vez que caracteriza o sujeito, estamos diante de um predicativo do sujeito.

Exercício 3

Meu avô e minha avó morreram felizes.

Temos um período simples. O enunciado é formado por apenas uma oração.

O sujeito é composto: Meu avô e minha avó. O núcleo do sujeito é avô e avó.

O predicado é verbo-nominal, porque apresenta dois núcleos: um verbo (morreram) e um nome que, neste caso, é um adjetivo (felizes).

Vamos analisar a função de cada elemento do predicado:

  • morreram – esse verbo tem sentido completo, por isso, é um verbo intransitivo.
  • felizes - uma vez atribui uma característica ao sujeito, estamos diante de um predicativo do sujeito.

Meu avô e minha avó morreram felizes. ( = Meu avô e minha avó morreram e estavam felizes.)

Vídeo sobre análise sintática

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Referências Bibliográficas

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).