Carlos Heitor Cony

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Carlos Heitor Cony (1926-2018) foi um jornalista e escritor brasileiro de destaque. Acerca da sua obra, deixou dezessete romances, contos, crônicas, ensaios biográficos, infanto-juvenis e muito mais. Vencedor de vários membros, era membro da Academia Brasileira de Letras.

Biografia

Carlos Heior Cony segurando um charuto

Nasceu no Rio de Janeiro no dia 14 de março de 1926. O fato de ter problemas de dicção impediu a sua entrada na escola, motivo pelo qual aprendeu a ler e a escrever com o seu pai.

Nas vésperas de completar 12 anos, entra para o Seminário Arquidiocesano de São José, onde é premiado entre os melhores alunos no fim do ano letivo.

Anos mais tarde, se inscreve no curso de Letras da Faculdade Nacional de Filosofia, mas não termina o curso. Ajudando o pai no Jornal do Brasil em 1946, torna-se redator da Gazeta de Notícias no ano seguinte.

Em 1952 é o redator da rádio Jornal do Brasil e em 1955 começa a escrever o romance Cadernos do Fundo do Abismo, mas sem nunca o finalizar, dá início ao romance O Ventre, o qual inscreve num concurso de literatura sob um pseudônimo.

O romance é considerado o melhor, mas não recebe o prêmio. Sendo alegado, para tanto, o fato de o romance apresentar linguagem rude e carregar negativismo.

Ansiando pelo prêmio Manuel Antônio de Almeida, inscreve-se novamente no concurso após escrever um novo romance em apenas nove dias. A Verdade de Cada Dia, sob o pseudônimo Isaías Caminha, é o vencedor. O mesmo acontece com o romance que lhe sucede, Tijolo de Segurança, vencedor também, agora com o pseudônimo José Bálsamo.

Em 1963 lança, com outros autores (Guimarães Rosa, Otto Lara Resende, Lygia Fagundes Telles, José Condé, Guilherme Figueiredo e Mário Donato), Os Sete Pecados Capitais. E, no mesmo ano, passa a escrever na página diária de Opinião da Folha de S. Paulo, revezando com Cecília Meireles.

Em 1965 escreve uma novela, a qual começa a ser transmitida pela TV-Rio até ser censurada. No mesmo ano é preso, passando vinte dias na Polícia Federal. Em 1968 volta a ser aprisionado por alguns dias.

Na década de 80 começa a dirigir a revista Fatos e Fotos, acompanha o Papa João Paulo II na sua visita ao Brasil e torna-se o superintendente da teledramaturgia da Rede Manchete.

É na década de 90 que volta a colaborar com a Folha de S. Paulo e que acompanha novamente a visita do Papa João Paulo II.

Em 1996 ganha o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da sua obra, e o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, com Quase Memória.

No ano seguinte, é a vez de ganhar o prêmio Nacional Nestlé de Literatura. O mesmo é obtido com o romance O Piano e a Orquestra, na categoria de "autor consagrado". Ainda em 1997 lança A Casa do Poeta Trágico, o qual é eleito o livro do ano, ganhando o prêmio Jabuti.

Em 1998, recebe o grau de cavalheiro da Ordre des Arts e des Lettres, em Paris.

Em 2000, entra para a Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira nº 3. No mesmo ano ganha novamente o prêmio Jabuti com Romance Sem Palavras.

Morre no dia 5 de janeiro de 2018, com 91 anos, vítima de falência múltipla de órgãos.

Obras

Romances

  • O Ventre (1958)
  • A Verdade de Cada Dia (1959)
  • Tijolo de Segurança (1960)
  • Informação ao Crucificado (1961)
  • Matéria de Memória (1962)
  • Antes, o Verão (1964)
  • Balé Branco (1965)
  • Pessach: a Travessia (1967)
  • Pilatos (1973)
  • Quase Memória (1995)
  • O Piano e a Orquestra (1996)
  • A Casa do Poeta Trágico (1997)
  • Romance sem Palavras (1999)
  • O Indigitado (2001)
  • A Tarde da sua Ausência (2003)
  • O Adiantado da Hora (2006)
  • A Morte e A Vida (2007)

Contos

  • Quinze Anos (1965)
  • Sobre Todas as Coisas (1968)
  • Babilônia! Babilônia! (1978)
  • O Burguês e o Crime (1997)

Crônicas

  • Da Arte de Falar Mal (1963)
  • O Ato e o Fato (1964)
  • Posto Seis (1965)
  • Os Anos Mais Antigos do Passado (1998)
  • O Harém das Bananeiras (1999)
  • O Tudo e o Nada (2004)
  • Eu, aos Pedaços (2010)

Ensaios biográficos

  • Charles Chaplin (1965)
  • Quem Matou Vargas (1972)
  • JK - Memorial do Exílio (1982)
  • Teruz (1985)
  • Chaplin e Outros Ensaios (2012)
  • JK e a Ditadura (2012)

Infanto-juvenis

  • Quinze Anos (1965)
  • Uma História de Amor (1977)
  • O Irmão que Tu me Deste (1979)
  • Rosa, Vegetal de Sangue (1979)
  • A Gorda e a Volta por Cima (1986)
  • Luciana Saudade (1989)
  • O Laço Cor-de-rosa (2002)
  • Vera Verão (2014)

Frases

  • "Nostalgia é saudade do que vivi, melancolia é saudade do que não vivi."
  • "O homem não pode trair o escritor, mas o escritor deve sempre trair o homem. Quando assume a condição de escritor, ele deve ficar acima do homem."
  • "O macaco melhorou ou foi o homem que piorou?"
  • "As cabeças jovens forma feitas para bater de encontro a paredes. Quase todas conseguem sobreviver."
  • "Biquínis e mensagens devem ser curtos para aguçar o interesse e longos o suficiente para cobrir o objeto."

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Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).