O que é Gíria?

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

As Gírias são fenômenos linguísticos utilizados num contexto informal, sendo muita utilizada entre os jovens.

São palavras ou frases não-convencionais segundo a norma culta, as quais são utilizadas em algumas regiões e culturas, por determinados grupos e/ou classes sociais. Por exemplo, no grupo da escola, do trabalho, dentre outros.

Elas são criadas no intuito de substituir termos formais da língua, ou seja, não podem ser interpretadas de maneira literal e sim em seu sentido conotativo (ou figurado).

Por serem criadas por determinado grupo, muitas vezes são incompreendidas por outros. Isso determina sua importância e função social na medida que fomenta e consolida o sentimento de identidade desses grupos.

Muitas vezes ela é inventada por um grupo marginalizado com o intuito de não serem compreendidos por outros, por exemplo, as gírias utilizadas pelos detentos numa prisão ou dos jovens numa favela.

Em outras palavras, as gírias são termos populares específicos que surgem em determinados contextos sociais e que aos poucos, vai fazendo parte do processo de comunicação entre pessoas de determinado círculo social.

Importante destacar sua utilização no contexto oral e informal, posto que devem ser excluídas da linguagem escrita e formal, por exemplo, numa redação. Note que as gírias podem estar relacionadas a uma época específica.

De tal modo, as gírias são geralmente termos temporários e que podem ser excluídos da linguagem popular com o tempo, sendo substituída por outras palavras.

Por exemplo, a palavra “broto” que antes era utilizada frequentemente para designar um homem bonito, atualmente foi substituída pela palavra “gato”.

Quando utilizadas durante muito tempo, em razão da aceitação e utilização de alguma sociedade, elas são incluídas nos dicionários. Com a expansão dos meios de comunicação e da internet, muitas gírias foram criadas, por exemplo: chatear, teclar, trolar, lol, etc.

Estrangeirismo e Neologismo

Algumas gírias podem surgir de palavras estrangeiras, por exemplo, “brother”, que significa “irmão” em inglês, sendo utilizada por grupos para indicar um grande amigo.

Nesse caso, trata-se de um vício de linguagem denominada de estrangeirismo. O estrangeirismo determina o uso de palavras estrangeiras e dependendo da sua utilização, são absorvidas pela língua e acrescidas aos dicionários, por exemplo: show, hot-dog, mouse, dentre outros.

Além dele, os neologismos estão intimamente relacionados com as gírias, pois significam a criação de novas palavras as quais suprem determinadas lacunas da língua, por exemplo, “internetês”, ou seja, a linguagem da internet.

Jargão e Calão

O jargão ou gírias profissionais designa palavras ou expressões específicas utilizadas por um grupo, sobretudo no meio profissional. Por exemplo, o jargão dos médicos, dos engenheiros, dos cineastas, dentre outros.

Trata-se, portanto, de termos específicos e técnicos já popularizados pelos atores sociais que compõem determinados grupos laborais. Os jargões facilitam a comunicação entre as pessoas de um grupo profissional.

Já o calão é uma gíria popular que designa palavras ou expressões vulgares. Ou seja, é uma forma de gíria com palavras ou expressões grosseiras. Muitas vezes as palavras de baixo calão possuem um teor obsceno.

Exemplos de Gírias

Segue abaixo, alguns exemplos de gírias:

Palavras

  • Canhão: mulher muito feia
  • Cara: vocativo para amigo ou colega
  • Corno: pessoa que foi traída
  • Coroa: mulher mais velha
  • Pelada: jogo de futebol
  • Veado: homem homossexual
  • Goró: bebida espirituosa
  • Milianos: Muito tempo
  • Firmeza: com certeza
  • Pico: indicação de lugar interessante

Expressões

  • Pagar mico: situação em que a pessoa sente vergonha
  • Cabeça dura: pessoa muito teimosa
  • Tapar o sol com a peneira: que demostra ineficiência ou negligência
  • Gente fina: pessoa simpática e educada
  • Sangue bom: pessoa que pode confiar
  • Rei na barriga: pessoa que se acha importante
  • À pampa: muito bem, legal, divertido
  • Chapô o côco: ficou muito alterado com uso de drogas
  • Dá a letra: contar a história, avisar alguém de algo
  • Dois p: indica a rapidez

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.