Ordem dos Templários: o que era, origem e o que faziam

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História

Os Templários, ou Ordem do Templo, foi uma ordem religiosa e militar medieval. Fundada em 1118 por Hugo Payens e Godofredo de Saint-Omer, foi reconhecida pela Igreja Católica em 1128, no Concílio de Troyes.

O objetivo da Ordem era proteger os peregrinos cristãos que partiam da Europa rumo a Jerusalém no contexto das Cruzadas. Mais tarde, ela passou a participar de batalhas e construiu uma rede de ajuda financeira aos reis europeus, senhores feudais e peregrinos.

Este poderio não agradou ao rei Filipe IV, da França, que prendeu e suprimiu os Cavaleiros do Templo durante seu reino.

Origem da Ordem dos Templários

A criação da Ordem do Templo se insere no período das Cruzadas (1095-1270).

Os cristãos ocidentais haviam atendido ao apelo do Imperador bizantino Aleixo I Comneno ao Papa Urbano II. O Imperador pedia aos cristãos para deixarem as desavenças internas de lado para lutarem na Terra Santa e libertar Jerusalém dos muçulmanos.

A princípio, soldados francos, britânicos e germanos acudiram ao campo de batalha. Além dos objetivos religiosos, como a salvação eterna, os cristãos buscavam terras e a exploração das riquezas do Oriente, então dominadas pelos muçulmanos.

Os cavaleiros templários eram monges que sabiam empunhar armas. Seus mestres fundadores, Hugo de Payens e Godofredo de Saint-Omer, bem como os demais cavaleiros, assumiram os votos monásticos de pobreza, castidade e obediência. Viviam em comunidade e oração, mas também tomavam parte nas batalhas, algo proibido aos monges de outras ordens. Em 1128, durante o Concílio de Troyes, na França, tiveram sua regra aprovada.

O rei cristão de Jerusalém, Balduíno II, lhes concedeu uma área no Monte do Templo para a construção da igreja conventual. Na época acreditava-se que ali teria existido o antigo Templo de Salomão. Por isso, os cavaleiros da nova ordem passaram a ser conhecidos por Cavaleiros do Templo de Salomão ou Templários.

Templários
O rei Balduíno II doa a Mesquita do Rochedo a Hugo Payens e Godofredo de Saint-Omer

A missão dos templários

Uma vez que Jerusalém foi conquistada pelos cristãos em 1099, vários peregrinos tomaram o caminho da cidade sagrada. Desta maneira, para protegê-los, foi criada uma Ordem religiosa por nove cavaleiros originários da França e da Borgonha. Sua missão era zelar pela segurança durante a travessia entre o porto de Acre e Jerusalém.

Mais tarde tomariam parte em batalhas, como a Batalha de Montgisard (1177), a Batalha de Cresson (1187) e o Cerco de Acre (1189-1191). Todas essas contendas aconteceram no âmbito das Cruzadas.

A Ordem atraía homens desejosos de conciliar a vida espiritual e a militar. Igualmente, houve um crescimento econômico através de heranças e doações. Desta maneira, os monges-cavaleiros passaram a negociar empréstimos com os senhores feudais e reis da Europa.

Criaram um sistema bancário semelhante ao que já era praticado em alguns feudos. Em Londres, por exemplo, um peregrino poderia deixar seu dinheiro na Igreja do Templo e depois pegá-lo de volta em Jerusalém. Para isso, bastaria uma carta com o crédito correspondente.

Assim, os Cavaleiros Templários passaram a ser garantes de propriedades e fazer empréstimos aos reis, notadamente Filipe IV, da França. Endividado com os Templários e sem poder pagá-los, o rei os acusou de heresia.

Fim da Ordem dos Templários

Após a perda definitiva de Jerusalém, em 1291, os Cavaleiros Templários perderam sua razão de existir. Eles se reúnem em Chipre para eleger o novo grão-mestre da Ordem e decidem partir de volta para suas casas religiosas nos seus respectivos países de origem.

Nesta época, a Ordem dos Templários, já está inserida na sociedade feudal e cobrava impostos de servos e senhores. O próprio Filipe IV, rei da França, contraiu empréstimos com os cavaleiros templários a fim de pagar seus funcionários e manter o exército.

Assim, impossibilitado de pagar suas dívidas, o rei Filipe IV passa a temê-los, pois a Ordem reúne o poder militar, econômico e religioso numa só organização. Ele inicia uma correspondência com o Papa Clemente V pedindo a supressão da ordem.

Começa, então, o grande debate entre os dois soberanos. Quem teria competência para julgar uma ordem religiosa: o rei ou o papa? Cansado de esperar a decisão de Clemente V, o rei Filipe IV manda prender os cavaleiros templários e confiscar seus bens em 13 de outubro de 1307.

O processo contra os cavaleiros templários dura sete anos e, durante este tempo, vários são torturados e mortos. Devido às pressões do rei francês, o Papa Clemente V extinguiu a Ordem em 1312. Dois anos mais tarde, Godofredo de Charnay e Jacques de Molay, o último grande mestre da Ordem do Templo, são condenados à fogueira, marcando o fim dos Templários.

Os cavaleiros que conseguiram escapar das torturas e da fogueira foram absorvidos por outras ordens religiosas, especialmente a dos Hospitalários, que compartilhava dos mesmos ideais.

No entanto, a Ordem dos Templários sobreviveu em Portugal, sob proteção do rei Dom Dinis I, com o nome de Ordem de Cristo. Algumas sociedades secretas, como os maçons, também reivindicam ser herdeiros dos Templários.

Templários
Um cavaleiro templário reza após a vitória em uma batalha

Curiosidades sobre os Templários

Somente em 1147, o papa Eugênio III concede a cruz pátea vermelha aos Templários. Antes, os cavaleiros vestiam somente um manto branco e os sargentos, um manto marrom com uma cruz costurada no ombro esquerdo.

Uma lenda do século XIV afirma que Jacques de Molay teria amaldiçoado o rei Filipe IV e o papa Clemente V, convocando-os diante do tribunal celeste em um ano. O fato é que os dois morreram naquele mesmo ano, em 1314.

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Referências Bibliográficas

FRANCO JÚNIOR, Hilário. As cruzadas. Coleção Tudo é História. São Paulo: Brasiliense, 1995.

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.