Rei Arthur

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O Rei Arthur é um personagem literário da cultura medieval britânica.

Ainda que não haja provas históricas que tenha existido, a figura de Arthur inspirou romances, filmes, musicais, videogames e segue viva no século XXI.

Origem da Lenda

As histórias do rei Arthur estão situadas num momento em que os bretões dominavam a Grã-Bretanha nos séculos V e VI. Os bretões eram os celtas que haviam adotado os costumes dos romanos, quando estes habitaram a ilha.

Arthur da Bretanha
A Rainha Guinevere, o rei Arthur empunhando Excalibur e o cavaleiro Lancelot

Além de terem que enfrentar um inimigo externo, os saxões, o povo bretão lutava entre si para formar alianças.

Os relatos do Rei Arthur, também chamado Ciclo Arturiano, tem como pano de fundo a Alta Idade Média, quando a Bretanha está sendo cristianizada. Por isso, convivem as crenças pagãs e a magia com as celebrações próprias dos cristãos.

Assim, existem referências a magos como Merlin, sacerdotisas como Viviane e Morgana, tanto quanto igrejas, mosteiros e sacerdotes católicos.

Nascimento do Rei Arthur

Arthur era o filho primogênito de Uther Pendragon e da Duquesa Ingraine, casada com Garlois. Por sua vez, Ingraine e Garlois tinham uma filha, Morgana.

Ao contrário de Arthur, a existência de Pendragon está comprovada. No entanto, não se sabe se os fatos que foram narrados a seu respeito possam sem verdade.

Uther Pendragon apaixonou-se perdidamente por Ingraine e para conquistá-la, aproveitou-se da ausência de Garlois, que se encontrava no campo de batalha.

Ele pede ajuda a Merlin que modifique sua aparência e que fique com as mesmas feições que Garlois. Em troca, o menino que nasça dessa união, será educado pelo mago. Assim, quando ele chega ao castelo, Ingraine pensa que é o seu esposo que voltou.

Em seguida, trazem o corpo de Garlois e Ingraine percebe que fora enganada. No entanto, é tarde, e no dia seguinte ela casa-se com Pendragon. Nove meses mais tarde nasce Arthur.

Arthur nasce e é levado para ser criado na corte de sir Ector onde ninguém conheceria sua identidade. Sempre sob o olhar de Merlim, Arthur cresce como escudeiro de Kay, filho de Ector.

Arthur, Rei dos Bretões

espada do Rei arthur
Quem retirasse a espada desta pedra seria o novo rei da Inglaterra

Numa floresta britânica havia uma pedra com a seguinte inscrição:

Qualquer um que extrair
esta espada desta pedra
será o rei da Inglaterra
por direito de nascimento

No dia que Kay é sagrado cavaleiro, sua espada se parte e o jovem Arthur corre para buscar outra arma. Vê uma espada cravada numa pedra e não hesita em apanhá-la.

Ao entregar a espada para Kay, seu pai adotivo reconhece a arma e pede para que Arthur os leve onde a encontrou. Ao chegar, introduz a espada novamente na pedra e mais uma vez consegue tirar a espada com facilidade e é reconhecido por seus pares como soberano.

Participaria de doze batalhas nas quais conduz seu exército à vitória.

Casamento e Filhos

Arthur foi introduzido nos antigos rituais pagãos e jura proteger esses povos. Numa dessas festas, acaba por ter relações com sua meia-irmã Morgana e gera um filho, Mordred. Outras fontes situam Mordred como sobrinho de Arthur.

No entanto, a fim de reforçar suas alianças com os senhores feudais católicos, casa-se com a princesa Guinevere. Conhecida pela sua beleza e piedade, a rainha, porém, se apaixona pelo melhor amigo de Arthur, o cavaleiro Lancelot.

Embora colecione vitórias nas suas batalhas, Arthur e Guinevere não conseguem ter um herdeiro. Guinevere acredita que esta é a sua punição por desejar outro homem, enquanto Arthur pensa que o problema está nele.

Morte do Rei Arthur

Falecimento de Arthur
Ferido e acolhido por Bevedere, o rei Arthur aguarda a barca que o levaria a Avalon

O rei Arthur participava da Batalha de Camelot quando é ferido mortalmente por Mordred. No entanto, este também é morto por Arthur.

O rei pede ao seu escudeiro, sir Bevedere que o leve para a beira de um lago e ali jogue a espada Excalibur. Ele o faz e a mão da Dama do Lago aparece para recolhê-la.

Em seguida, as sacerdotisas de Avalon aparecem numa embarcação, para levar Arthur à ilha onde ele seria tratado.

Távola Redonda

Os cavaleiros da Távola Redonda eram 12, deveriam ser homens puros de coração e viver de acordo com os preceitos cristãos. O local das reuniões era Camelot.

A palavra tavolo significa mesa em italiano e esta denominação foi consagrada no português do Brasil. O formato era redondo para mostrar que nenhum deles era mais importante que os demais.

Eis a lista dos membros da Távola Redonda:

  1. Kay
  2. Lancelot
  3. Gaheris
  4. Bedivere
  5. Lamorak de Galis
  6. Gawain
  7. Galahad
  8. Tristão
  9. Gareth,
  10. Percival
  11. Boors
  12. Geraint

Numa das reuniões, os cavaleiros tiveram uma visão do santo Graal, o cálice onde Jesus Cristo teria usado na Última Ceia. Isso desencadeia uma corrida entre os cavaleiros para saber quem encontraria o objeto sagrado.

No entanto, somente três cavaleiros conseguem atingir o objetivo: Boors, Perceval e Galahad.

As aventuras para buscar o Graal são contadas em Prosas de Lancelot, cujos relatos são escritos em plena época das Cruzadas. Assim era uma forma de estimular os cavaleiros a combater na Terra Santa.

O Rei Arthur Existiu?

É muito provável que Arthur não tenha existido, ou se realmente viveu, é quase certo que não tenha havido uma confraria como a Távola Redonda.

As fontes que tratam da vida deste rei, foram escritas mais de quinhentos anos após os acontecimentos narrados e fica difícil distinguir a veracidade por falta de outros documentos para contrastar suas informações.

De todas as maneiras, aqui estão os escritos medievais sobre o Rei Arthur:

  • História do Reino da Bretanha, de Geoffrey de Monmouth, escrita em 1135-38.
  • Lancelot, o cavaleiro da charrete, de Chretien de Troyes, datado do século XII.
  • Prosas de Lancelot ou Ciclo Vulgata, de Robert de Baron, escrita ao redor de 1225.

Posteriormente, obras como A Morte de Arthur, de Thomas Maoly, de 1485 e o poema Idílios do Rei, de Alfred Tennyson, lançado em 1859, acrescentariam novos dados sobre os personagens do Ciclo Arturiano.

As lendas do Rei Arthur interessaram vários escritores americanos que fizeram versões ilustradas e popularizaram o mito. Títulos como O rei Arthur e seus Cavaleiros, de Howard Pyle, de 1903, apresentaram o romance para o público estadunidense.

Curiosidades

  • A história do Rei Arthur ganhou novas interpretações no século XIX, em plena Era Vitoriana.
  • No século XX, o Rei Arthur esteve mais vivo do que nunca através do cinema e das histórias em quadrinhos.
  • A escritora americana Marion Zimmer Bradley recontou a lenda de Arthur sob a perspectiva feminina na obra As Brumas de Avalon.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.