Atualidades que podem cair no Enem e no Vestibular 2024

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

Para prestar qualquer tipo de concurso é preciso estar bem informado. Porém, com tantas matérias para estudar, nem sempre você consegue tempo para acompanhar as notícias.

Por isso, selecionamos as atualidades do Brasil e do mundo que podem ser cobradas em alguma questão do Enem ou do vestibular, ou mesmo como tema de redação.

Atualidades no Brasil

1. Acordo Mercosul - União Europeia

Em 2019 foi assinado um acordo entre os países do Mercosul e a União Europeia com o objetivo de reduzir as tarifas de importação entre os países envolvidos. Este acordo visa ser o mais profundo entre os países do Mercosul e um bloco de países desenvolvidos, sendo crucial para as economias dos dos grupos.

No entanto, para ser ratificado, a União Europeia vem pressionando para que sejam inseridas cláusulas de compromisso de conservação ambiental, principalmente no que tange a sua contribuição ao Fundo Amazônia. É de interesse dos dois grupos que este acordo entre em vigor o quanto antes, no entanto, alguns entraves geopolíticos e detalhes nestas cláusulas vem sendo objeto de discussão

2. Violência Escolar

O ano de 2023 foi marcado por uma série de casos de violência escolar, tanto entre alunos contra professores, alunos contra alunos e até mesmo pessoas fora do contexto escolar que invadiram escolas e creches para promover a violência.

Não é a primeira vez que este tema vem sendo debatido, mas a partir deste ano, os casos de violência tiveram um aumento exponencial, exigindo um aprofundamento nos debates e a busca para novas medidas para evitar este tipo de violência.

3. Novo Ensino Médio

O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, mas em vigor apenas desde 2022, tem levantado diversas críticas dos movimentos sociais ligados à educação. Alunos, professores e instituições de ensino apontam que esse modelo, que incluiu os Itinerários Formativos na carga horária escolar, foi implementado sem discussão e sem o devido preparo dos envolvidos.

Entre as principais críticas, estão: falta de qualificação dos docentes, falta de infraestrutura para realização dos projetos, superficialidade das propostas dos itinerários formativos, redução da carga horária de disciplinas básicas (principalmente das ciências humanas), disciplinas superficiais voltadas para o mercado de trabalho, entre outros pontos.

4. Impactos das chuvas

Em Janeiro de 2023, chuvas torrenciais atingiram o litoral norte de São Paulo. As principais cidades afetadas foram São Sebastião e Ilhabela, cidades turísticas que não possuíam infraestrutura adequada para lidar com a quantidade de mortos, feridos e desabrigados.

Em Março do mesmo ano, a cidade de Rio Branco, no Acre, passou por um fenômeno semelhante. As chuvas intensas que atingiram a região acabaram por causar enchentes desastrosas, impactando a vida de milhares de pessoas na capital acriana.

Vale lembrar que esse problema não é exclusivamente climático. Esses dois fenômenos nos mostram a necessidade do poder público de se preparar para esse tipo de evento, que não é novo no Brasil.

5. Mineração em terras indígenas

Logo em Janeiro de 2023 já nos deparamos com uma cena que partiu o coração de muitos brasileiros: a descoberta de uma grande quantidade de indígenas da etnia Yanomami vivendo em condições precárias. Os mais afetados foram idosos e crianças, mas a vida em situação adversa era geral.

Não são recentes as denúncias dos impactos do avanço da mineração na região amazônica, no entanto, nos últimos anos este tema tem ganhado força. Para agravara situação, o suposto envolvimento de autoridades e instituições públicas, como a Polícia Federal e o Exército, trazem ainda mais holofotes ao tema.

6. Auxílio Brasil

Em novembro de 2021, o governo instituiu o Auxílio Brasil, um benefício destinado às famílias de baixa renda. O auxílio substituiu o Bolsa Família, criado em 2003, e o Auxílio Emergencial, criado no contexto da pandemia, em 2020.

Para receber o benefício, as famílias precisam se cadastrar e, se forem selecionadas, passam a receber o pagamento mensalmente, de acordo com o calendário oficial. Em junho de 2022, o presidente Bolsonaro informou a intenção de aumentar o valor do benefício no segundo semestre do ano, de R$ 400 para R$ 600.

Com a eleição do presidente Lula, em 2023, o benefício voltou se chamar Bolsa Família e passou por novo reajuste, possuindo hoje um valor médio de R$ 705 reais, estabelecendo, porém, critérios como a frequência escolar das crianças e o acompanhamento pré-natal de mulheres gestantes.

7. Eleições 2022

Em 2022, o Brasil escolheu seu novo Presidente da República. Na realidade, escolheu a volta de um ex-presidente: Luiz Inácio Lula da Silva. Com uma vitória apertada, Lula obteve 50,90% dos votos válidos e foi eleito para um terceiro mandato presidencial.

Mesmo eleito, Lula vai enfrentar uma série de desafios, como a transição econômica para o fim da pandemia, projetos de lei polêmicos, como a Reforma Tributária e o Marco Temporal das terras indígenas e uma forte oposição que toma boa parte do Congresso Nacional.

8. Protestos indígenas

Em abril de 2022, cerca de 6 mil indígenas se dirigiram até o Congresso Nacional para protestar contra a “agenda anti-indígena”, que contempla uma série de ameaças aos povos indígenas. Dentre elas, está em causa o projeto sobre mineração em terras indígenas, o PL 191/2020, que estabelece as condições para a realização de pesquisa e lavra de recursos minerais nessas terras.

O PL 490/2007 também está em causa. Conhecido como “marco temporal”, esse projeto defende a alteração na política de demarcação de terras indígenas. Em 2023 os protestos continuaram, em especial devido à maior cobrança ao presidente Lula, que tinha como compromisso de campanha a defesa dos povos originários.

9. Preço dos combustíveis

O preço dos combustíveis tem alcançado índices bastante elevados, o que é influenciado por uma série de fatores. Apesar de se falar muito nas consequências da Guerra na Ucrânia, antes dela, a pandemia da Covid-19 já influenciava esse aumento.

O que acontece é que a produção ainda não retomou a normalidade e, assim, não se consegue acompanhar a demanda. Acresce que a oferta ficou ainda menor em decorrência das sanções à Rússia, o que resulta em mais inflação.

Em 2023, no entanto, os preços passaram por novas alterações, deixando de serem indexados ao valor do dólar e alterando a relação entre o valor do combustível e o imposto pago, em especial o ICMS estadual.

Atualidades no Mundo

1. Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial (IA) é um campo que vem crescendo cada vez mais nos últimos anos, mostrando diversos usos no cotidiano, seja para lazer ou para trabalho. O ChatGPT e o MidJourney foram uma das ferramentas que mais se popularizaram neste ano, caindo rapidamente no gosto do público.

No entanto, os limites para os usos da IA estão sendo discutidos e não parece haver um caminho claro a se seguir. Já foram detectadas falsas informações escritas por essas IAs, além da geração de imagens irresponsáveis, como políticos sendo presos ou em situações que nunca ocorreram. Sendo assim, os limites e impactos do uso das IAs é uma discussão que está ganhando espaço e pode ser abordada nos principais vestibulares.

2. Expansão dos BRICS

Desde a crise de 2008, os EUA passaram a apresentar fragilidades em sua economia, colocando em cheque sua hegemonia geopolítica. Aliado a isso, a expansão da China e da Índia, bem como o retorno da Rússia enquanto potência bélica, vem favorecendo uma alteração no cenário geopolítico global.

Os países emergentes vem ganhando notoriedade no cenário mundial, principalmente os BRICS, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ao se apresentarem com uma alternativa à hegemonia americana, este grupo vem atraindo o interesse de outras economias emergentes e até mesmo de economias maiores, como Japão e União Europeia.

Além disso, o poder do dólar vem sendo contestado, e o yuan chinês começa a surgir como alternativa às negociações globais. Enquanto isso, o Banco dos BRICS começa a formular uma ideia de moeda comum entre os países membros, buscando acelerar o enfraquecimento do dólar e uma alteração no cenário geopolítico global.

3. Xenofobia contra brasileiros na Europa

A Europa é um continente que atrai pessoas do mundo todo, seja pela sua economia estável e desenvolvida, seja pela sua história e arquitetura milenares. No entanto, nem sempre essa atração de grandes quantidades de pessoas tem se mostrado positiva.

Desde a crise migratória com a Guerra da Síria, os casos de xenofobia na Europa sofreram grande aumento. Mas particularmente em 2023, com o fim da pandemia e o aumento da migração de brasileiros, principalmente para Portugal, os casos de preconceito e violência passaram por um aumento exponencial.

Dados da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) de Portugal apontam um aumento de mais de 500% nas denúncias de xenofobia sofridas por brasileiros no país. Os órgãos europeus e a embaixada brasileira estão sendo obrigados a fazer reuniões e buscar políticas para amenizar os efeitos negativos desta onda migratória.

4. Abalos Sísmicos e seus impactos

Terremotos são fenômenos imprevisíveis e podem ocorrer em diversas partes do mundo, com diferentes intensidades. Em 2023, já tivemos pelo menos 3 grandes abalos sísmicos: na Turquia e Síria, no Peru e Equador e no Afeganistão.

Por serem imprevisíveis, estes fenômenos costumam ser bastante destrutivos, principalmente se atingirem locais com menores infraestruturas, como foi o caso dos eventos acima. Portanto, podemos crer que não apenas a intensidade do terremoto deve ser considerada, mas também a condição socioeconômica do país em que ele ocorreu.

5. Governo Biden

No início do governo Biden, o novo presidente reverteu políticas implementadas por Donald Trump. Dentre as mais polêmicas, podemos citar os retornos ao Acordo de Paris e à Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como a paralisação da construção do muro na fronteira com o México.

Através do Acordo de Paris - que trata da mudança climática em decorrência da poluição da atmosfera - os EUA haviam assumido o compromisso de fazer uma redução gradual na emissão de poluentes até 2025 quando, alegando prejuízos à economia norte-americana, Donald Trump decidiu retirar o país do Acordo, que agora retorna com Joe Biden.

Em maio de 2020, Trump anunciou o fim do relacionamento com a OMS. Alegando a pressão da China sobre a organização diante da Covid-19, Trump decidiu suspender o financiamento norte-americano, na ordem de centenas de milhões de dólares por ano. Em janeiro de 2021, na liderança de Biden, os EUA voltaram a apoiar a OMS.

No seu primeiro dia de mandado, Biden mandou paralisar a construção do muro na fronteira entre os EUA e o México. O ex-presidente Trump tinha prometido construir esse muro, que deveria ter cerca de 700 km depois de finalizado. No momento da paralisação da obra, o muro tinha cerca de 400 km.

Depois de a Suprema Corte ter revogado o direito constitucional ao aborto, Joe Biden está avaliando alternativas para as mulheres que pretendam interromper uma gravidez de forma voluntária.

6. Guerra na Ucrânia

No dia 24 de fevereiro de 2022 teve início a invasão russa na Ucrânia. A tensão entre os países se estende há anos. A Ucrânia tornou-se independente antes da dissolução da União Soviética, em 1991. E em 2005, o presidente da Ucrânia já mencionava o seu interesse em ingressar na Otan, o que incomodou Putin.

Outro motivo forte para essa tensão é a Crimeia, península localizada no sul da Ucrânia que foi anexada à Rússia em 2014. Anos antes a Crimeia já tinha sido anexada à Rússia, mas depois passou para a Ucrânia. Os países têm se unido à Ucrânia, prestando apoio humanitário, e enviando armamento. Foram impostas sanções contra a Rússia, que teve ativos congelados e exclusão de bancos de sistema de pagamento.

Em 2023, a guerra parece estar marcada por polêmicas do lado da Rússia, inclusive com uma grande traição e tentativa de motim do grupo mercenário Wagner. Este evento desestabilizou as tropas russas e parece dar outro rumo ao conflito.

7. OTAN

A Guerra na Ucrânia tem levado países a refletir sobre a adesão a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança criada durante a Guerra Fria. A Guerra Fria marcou o mundo pela tensão entre os EUA e a União Soviética.

É o caso da Finlândia, que faz fronteira com a Rússia, e da Suécia. Os dois países sempre assumiram uma posição neutra, evitando provocar uma tensão com relação à Rússia.

Mas, com a invasão russa na Ucrânia, os países temem o início de conflitos e, por isso, tencionam se precaver. A Rússia prometeu retaliações caso a intenção se concretize.

No dia 29 de junho, a Otan formalizou convite para que ambos países integrem a aliança.

8. Família real britânica

Em 2022, se celebrou o Jubileu de Platina da Rainha Elizabeth II, marcando 70 anos da monarca no poder. Ela subiu ao trono em 1952 - com 25 anos - depois da morte de seu pai. No entanto, no dia 8 de setembro de 2022, a Rainha Elizabeth II faleceu com 96 anos de idade.

Sendo assim, seu filho mais velho, Charles, assumiu o trono e foi coroado em 6 de Maio de 2023, em uma cerimônia que foi amplamente televisionada e frequentada por personalidades e famosos de todo o mundo.

Mesmo assim, a coroação de Charles III foi marcada por certo "simplismo", uma vez que sua duração e o número de convidados foi bastante inferior à coroação de sua mãe, Elizabeth II.

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Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.