Diáspora Judaica: o que foi e suas causas

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

Diáspora judaica é o nome dado à dispersão (espalhamento) forçada dos judeus de suas terras, que ficam na Palestina. Isso aconteceu duas vezes na história dos judeus: primeiro, quando os Babilônios invadiram suas terras em 586 a.C., e depois pela invasão dos romanos em 70 d.C.

Na primeira diáspora, o Egito e a Mesopotâmia foram os principais destinos dos judeus. Embora tenham sido escravizados, a experiência permitiu a troca de informações culturais, linguísticas e religiosas, ao mesmo tempo que preservaram suas tradições e identidades judaicas.

A palavra diáspora deriva do grego e significa dispersão, expulsão e exílio.

É o termo que define as migrações do povo judeu - quase sempre por expulsão. As consequências diretas da diáspora estão na formação das comunidades judaicas.

As causas da diáspora judaica

A dispersão do povo judeu decorre de confrontos com outros povos e disputas por territórios.

A primeira dessas migrações é registrada no ano 586 a.C., quando o imperador da Babilônia Nabucodonosor II destrói o templo de Jerusalém e deporta os judeus para a Mesopotâmia. O período em que os judeus foram obrigados a permanecer neste território é conhecido como Cativeiro da Babilônia.

Antes de serem atacados pelos babilônios, os judeus estavam na região palestina desde 722 a.C. após a destruição do reino de Israel pelos Assírios, que escravizaram as dez tribos de Israel.

Pelo menos 40 mil pessoas foram deportadas para a Babilônia. A comunidade permaneceu na região até 539 a.C., quando Ciro I, rei da Pérsia, conquista a Babilônia e permite o retorno dos judeus para a Palestina. No entanto, alguns permaneceram na região por muito tempo, até o início do século XX, quando os judeus emigraram do Iraque.

A segunda diáspora judaica

A segunda diáspora ocorreu em 70 d.C., quando os romanos destruíram Jerusalém e os judeus partiram para a Ásia, África e Europa.

Os judeus estabelecidos no Centro e no Leste Europeu são chamados de Ashkenazi e os da Península Ibérica de Sefarditas.

Embora no exílio, o povo judeu manteve a tradição de disseminação das escrituras por meio dos centros de estudos judaicos.

Assim, acabaram por se espalhar pelo mundo. Há registros de comunidades que saíram da Grã-Bretanha para a China, da Dinamarca para a Etiópia, Rússia, África Central e Turquia.

Sionismo e o fim da diáspora judaica

Sião é o nome do monte onde estava localizado o templo de Jerusalém. Na virada do século XIX para o XX, lideranças políticas e religiosas judias voltaram a discutir o movimento classificado como sionismo, que significa o retorno do povo judeu para a Terra de Israel.

A proposta foi impulsionada pelo massacre do povo judeu no Holocausto, quando ao menos 6 milhões foram assassinados em meio à 2ª Guerra Mundial. Com a criação do Estado de Israel, em 1948, termina a diáspora de quase 2 mil anos para o povo judeu.

Os judeus e o Brasil

A migração para a Península Ibérica começou na Antiguidade. O deslocamento forçado intensificou-se com a ordem do imperador Tito de destruir Jerusalém e expulsar os judeus.

Estabelecidos na Península Ibérica, foram, contudo, expulsos da Espanha a partir de 1492 d.C., por determinação de Fernando e Isabel, rei e rainha espanhóis, em consonância com a Inquisição. Dezenas de milhares de judeus fugiram da Espanha em direção a Portugal.

Interessado em se aproximar diplomaticamente da Espanha, o rei Dom Manuel I de Portugal obrigou os judeus a professarem o catolicismo. Milhares de judeus foram obrigados à conversão e passaram a ser denominados cristãos-novos.

Mesmo após se converterem forçadamente, os cristãos-novos enfrentaram preconceito e vigilância constante da Inquisição portuguesa. Eram acusados de manter práticas judaicas e sujeitos a punições bárbaras pelos inquisidores. Muitos mudaram até seus próprios nomes para evitar a perseguição.

A colonização do Brasil, no século XVI, significou uma nova possibilidade de migração. Assim, muitos cristãos-novos mudaram para a América Portuguesa em busca de oportunidades.

No século XVII, o Brasil Holandês também abrigou muitos judeus em seus territórios. Aqui, dispunham de maior liberdade religiosa, quando inclusive construíram a primeira sinagoga no Brasil, na atual cidade do Recife.

Leia mais:

Referências Bibliográficas

DINER, Hasia R. The Oxford Handbook of The Jewish Diaspora. Nova Iorque: Oxford University Press, 2021.

PINSKY, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Contexto, 2003.

VAINFAS, Ronaldo (org). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

WECKWERTH, Maria Regina Teixeira; HERNANDES, Paulo Romualdo. A conversão ao cristianismo imposta aos judeus no reinado de Dom Manuel I de Portugal. Cadernos de História, v. 22, n. 36, p. 80-97, 30 jun. 2021.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
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A Equipe Editorial do Toda Matéria é formada por pesquisadores e professores com vários anos de experiência no sistema educacional brasileiro, com domínio em diferentes disciplinas do ensino básico, fundamental e médio.