Hebreus: quem eram e a sua história de origem

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

Os hebreus foram um povo semita que viveu na região da Palestina durante a Antiguidade. São considerados os antecessores dos judeus modernos e deixaram como principal contribuição para o mundo a prática religiosa monoteísta, ou seja, a crença num único Deus.

Origem e história do povo hebreu

A origem dos hebreus se deu na Mesopotâmia, local onde formavam um povo nômade e organizado em clãs familiares liderados por patriarcas.

Por volta de 1800 a.C., os hebreus migraram para a região da Palestina, por orientação de Abraão, em busca da Terra prometida – Canaã. Nesse local, também por ordem de Abraão, abandonaram a prática politeísta e passaram a adorar um único Deus.

Anos depois, em decorrência da seca que atingiu a Palestina, os hebreus foram para o Egito, onde, com o tempo, começaram a ser escravizados. Permaneceram por mais de 400 anos nessa condição, até serem libertados por Moisés. Segundo a tradição, nesse episódio, Moisés teria aberto o Mar Vermelho para a fuga dos hebreus e recebido os Dez Mandamentos, princípios que fundam a moralidade e a fé hebraica.

No Antigo Testamento da Bíblia, especialmente nos cinco primeiros livros (que também constituem a Torá, texto sagrado para os judeus), há muitos relatos sobre esse povo da Antiguidade. Por exemplo, abaixo um trecho do Livro de Êxodo sobre a travessia:

Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas.
E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.
E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar
.” (Êxodo 14:21-23)

O Estado hebreu e o rei Salomão

Com a libertação do cativeiro do Egito e o retorno à Palestina, os hebreus organizaram-se em doze tribos liderada pelos juízes, sendo Sansão o líder mais conhecido deste período. Nessa época, dedicavam-se principalmente ao pastoreio e às atividades agrícolas.

No século XI a.C., diante da ameaça de povos vizinhos como os filisteus, as doze tribos concordaram em unir-se num Estado centralizado. Esse estado hebraico teve Saul como primeiro rei, seguido por Davi e por Salomão.

Nesse período, o reino hebreu estendia-se numa faixa de terra entre o sul do atual Líbano até a península do Sinai, e situado entre o Mediterrâneo e o rio Jordão.

Os hebreus viveram seu apogeu durante o reinado de Salomão, destacando-se como hábeis comerciantes. Também construíram importantes prédios públicos, especialmente na capital Jerusalém, como as muralhas da cidade e o famoso Templo de Salomão, posteriormente destruído por invasores.

Os reinos de Judá e Israel

A morte do Rei Salomão provocou uma divisão entre os hebreus, que passaram a formar dois reinos: ao norte, o reino de Israel e, ao sul, o reino de Judá.

Essa subdivisão enfraqueceu os hebreus, facilitando os ataques de povos inimigos. Assim, a região sofreu sucessivas invasões, como a conquista pelos assírios em 722 a.C.

Em 587 a.C. ocorreu um dos maiores ataque contra os territórios hebreus, quando Jerusalém foi conquistada por Nabucodonosor II, rei da Babilônia. Nesse ataque, o templo de Salomão foi destruído e muitos hebreus foram capturados, no período conhecido como Cativeiro da Babilônia.

Com a queda do Império Babilônico, os hebreus foram autorizados a retornar para suas terras, mas sem alcançar o mesmo sucesso de épocas anteriores.

Foram novamente atacados até serem conquistados pelos romanos, em 70 d.C., que novamente destruíram o Templo de Salomão e provocaram o espalhamento dos hebreus pelo mundo.

Religião e cultura dos hebreus

Os hebreus deixaram como principal legado o monoteísmo, isto é, a crença religiosa num único Deus. Eles fundaram a mais antiga religião monoteísta existente até hoje – o judaísmo - e deixaram uma série de crenças e costumes que formaram a base da cultura e dos princípios judaico-cristãos.

Os mais importantes princípios religiosos dos hebreus estão presentes nos “Dez Mandamentos". Aqui, além da crença num único Deus, destaca-se o princípio de não utilizar o nome de Deus em vão e guardar um dia de descanso para a devoção religiosa (sábado para os judeus e algumas igrejas cristãs, e domingo para a maioria dos cristãos), por exemplo.

Os mandamentos também deixaram importantes princípios morais, como a proibição do roubo, do adultério, do assassinato e do falso testemunho.

Além disso, os hebreus construíram grandes palácios e templos, como o Templo de Jerusalém. Deste, sobrou apenas um muro, o qual atualmente é conhecido como o Muro das Lamentações - que compõe o Patrimônio Mundial da Humanidade.

Diferença entre judeus e hebreus

Os hebreus foram um povo histórico que viveu na região da Palestina durante a Antiguidade. Entre suas várias contribuições, fundaram o monoteísmo e a religião judaica.

Por sua vez, judeus são as pessoas que praticam a religião judaica hoje em dia e que se consideram, de certa maneira, os sucessores históricos dos hebreus. Assim, muitos buscam preservar a língua, algumas práticas religiosas e locais sagrados dos antigos hebreus.

Por isso, muitos judeus defendem que o território habitado pelos antigos hebreus deve ser o lar de um Estado judeu moderno. Essa interpretação fundamentou a criação, em 1948, do Estado de Israel, numa decisão tomada pela ONU após a Segunda Guerra Mundial.

Mapa mental sobre os hebreus

Mapa mental sobre os hebreus
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Referências Bibliográficas

ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática, 2007.

FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

PINSKY, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Contexto, 2003.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.