Gambás: o que são, os tipos e características das espécies

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Professor de Biologia e Química Geral

Os gambás são animais da Classe dos mamíferos, Ordem dos Marsupiais. Os marsupiais são mamíferos que possuem bolsas ventrais.

São animais onívoros, ou seja, alimentam-se de outros animais e vegetais, como frutas e raízes. Seus filhotes finalizam seu ciclo de desenvolvimento no marsúpio, a bolsa.

São animais extremamente adaptáveis aos mais variados tipos de ambientes, encontrados em florestas e em meios urbanos.

Espécies de gambás
Exemplos de espécies de gambás.

Características e espécies de Gambás

Os animais chamados popularmente de gambás pertencem ao gênero Didelphis sp., família Didelphideae. No gênero, são classificadas 5 espécies que se distribuem na América do Norte, Central e do Sul.

São conhecidos popularmente de saruê, sariguê, mucura, timbu ou tacaca. Esses animais surgiram há, pelo menos, 100 milhões de anos. Seu nome mais famoso, gambá, vem do Tupi gã - bá, que significa saco vazio, o marsúpio.

As 5 espécies e os continentes que são encontrados são:

  • Didelphis virginiana: encontrados na América do Norte e América Central;
  • Didelphis marsupialis: encontrados nas Américas do Norte, Central e do Sul;
  • Didelphis aurita: encontrados na América do Sul;
  • Didelphis albiventris: encontrados na América do Sul;
  • Didelphis imperfecta: encontrados na América do Sul.

Esses animais percorrem longas distâncias e permanecem em uma área por tempo relativamente curto, por esse motivo, são considerados animais nômades.

Os gambás são extremamente importantes para o equilíbrio ecológico. São considerados agentes controladores, pois comem animais peçonhentos, como cobras e escorpiões. Um grupo de pesquisadores do Instituto Butantan realizou experimentos para confirmar a hipótese de imunidade ao veneno.

Foi visto, no experimento, que os gambás já nascem imunes ao veneno de algumas cobras. Principalmente, cobras nativas da mesma região que eles, o que sugere uma coevolução nessa inter-relação.

Os pesquisadores observaram que os gambás comem jararacas, mesmo sendo picados, sem nenhuma alteração e efeito tóxico. Contudo, com cobras de outros ecossistemas, como as cascavéis, sua resistência máxima foi de cinco picadas.

Recentemente, foi evidenciada a predação de caramujos-gigantes-africanos por gambás. Esse fato confirma a importância ecológica desses animais, pois esses caramujos são exóticos, transmitem doenças e desequilibram ecossistemas brasileiros.

Reprodução dos gambás (seus filhotes)

Os filhotes de gambás, bem como todo animal marsupial, finalizam seu ciclo de desenvolvimento dentro da bolsa, o marsúpio.

É uma verdadeira luta pela sobrevivência, pois ocorre um "parto" ainda em período embrionário, sem o desenvolvimento completo de todas as estruturas.

Após, cerca de, 13 dias com as patinhas já formadas, eles saem do útero e se conduzem ao marsúpio onde encontram o mamilo da mãe.

filhote de gambá
Exemplo de filhote de gambá.

Durante os primeiros 55 dias, o filhote permanece conectado ao mamilo, que alcança diretamente seu estômago. Ao término desse período, com a boca já formada, começam a soltar o mamilo.

O período de lactação pode durar até 100 dias, com gradual liberdade dos filhotes de sua principal fonte de alimento, o leite liberado pelos mamilos.

Curiosidade sobre os gambás

Assim como outros mamíferos, os gambás possuem glândulas odoríferas no ânus. Essas glândulas que liberam um odor desagradável, levou à fama aos gambás de cheirarem mal. Contudo, esse processo é uma estratégia evolutiva para espantar possíveis predadores.

O processo é conhecido por tanatose, do grego Thanatos = morte, osis = estado. Ou seja, tanatose, é uma estratégia em que o animal simula a própria morte.

Seus batimentos cardíacos diminuem significativamente, exalam ainda mais forte um aroma desagradável de suas glândulas anais e podem ficar parados por até meia hora.

Veja também:

Referências Bibliográficas

CASAGRANDE, Renata Assis et al. Isolamento de Salmonella enterica em gambás (Didelphis aurita e Didelphis albiventris) do Estado de São Paulo, Brasil. Ciência Rural, v. 41, p. 492-496, 2011.

ANDRADE, A., PINTO, SC., and OLIVEIRA, RS., orgs. Animais de Laboratório: criação e experimentação [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6.

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Biólogo (Licenciado e Bacharel), Mestre e Doutorando em Botânica - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua como professor de Ciências e Biologia para os Ensinos Fundamental II e Médio desde 2017.