Guerra de Troia: o que foi, a duração e quem venceu (resumo)

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A Guerra de Troia é uma narrativa mitológica, conhecida através dos poemas de Homero, Ilíada e Odisseia.

Os antigos gregos acreditavam na existência de um grande conflito bélico entre as cidades-estado da Grécia e a cidade de Troia, também conhecida pelos gregos pelo nome de Ílion, e situada na região da Ásia Menor.

Esta guerra teria ocorrido entre 1300 e 1200 a.C., no final da Idade do Bronze, sendo os gregos os vencedores.

Se a Guerra de Troia de fato aconteceu ou era apenas um ciclo de lendas mitológicas são questões que dividem opiniões.

Mapa situando Troia
Mapa situando as terras da Grécia e de Troia

Causa da Guerra de Troia

O motivo para a guerra seria o rapto da rainha Helena, de Esparta, por Páris, príncipe de Troia.

Na mitologia grega, Helena, filha da rainha Leda com o deus Zeus, era a mulher mais bela do mundo. Páris teria conquistado o amor de Helena graças à influência de Afrodite, deusa do amor e da beleza.

A situação enfureceu o rei espartano, Menelau, esposo de Helena, que ordenou o cerco a Troia.

Menelau convenceu o irmão, Agamenon, rei de Micenas, a liderar a empreitada para recuperar a rainha.

Em companhia de Menelau, participaram da investida Aquiles, Ulisses, Nestor e Ajax, que foram apoiados por uma frota de mil navios.

Após atravessar o mar Egeu, os gregos sitiaram Troia por dez anos sem, contudo, conseguir avançar sobre as muralhas da cidade.

O mito do Cavalo de Troia e o fim da guerra

cavalo de troia
Ilustração com a representação do cavalo de Troia

O fim da guerra ocorreu a partir de uma estratégia inusitada ao território inimigo. Liderados por Ulisses, os gregos construíram um imenso cavalo de madeira.

Ofereceram o cavalo como presente de paz aos troianos, enquanto se afastavam da praia em seus barcos. No entanto, no interior do cavalo estava a elite dos soldados gregos.

A oferta de paz foi aceita pelos troianos, que abriram os portões da cidade e trouxeram o "presente" para dentro de suas muralhas.

À noite, contudo, o destacamento escondido dentro do cavalo saiu e abriu os portões para as tropas que esperavam do lado de fora.

Os gregos destruíram a cidade, se proclamaram vencedores e puseram fim a dez anos de conflito. O episódio deu lugar à expressão "presente de grego".

Páris é morto e a rainha Helena volta ao lado de Menelau para Esparta.

A volta de Ulisses, um dos mais brilhantes estrategistas gregos, foi bastante acidentada e suas aventuras foram narradas na Odisseia. Ali, ele relembra vários episódios do conflito.

Ilíada e Odisseia

É por meio poemas épicos Ilíada e Odisseia que a narrativa da Guerra de Troia chegou aos nossos dias.

A Ilíada conta um período de cerca de cinquenta dias no último ano da Guerra de Troia, centrando-se no herói Aquiles. Por sua vez, a Odisseia narra a longa viagem de retorno de Odisseu, outro herói de Troia, após o fim da guerra.

Os poemas fazem uma intrincada combinação de mitos gregos, onde cada personagem e episódio tem relação com eventos anteriores, com os deuses do Olimpo interferindo no rumo dos acontecimentos.

As pesquisas indicam que ambos teriam sido escritas no século VIII a.C. São consideradas as obras literárias mais antigas do mundo ocidental a terem remanescido de forma completa até os tempos modernos.

As obras fazem parte do Ciclo Épico, conjunto de oito obras com narrativas sobre a Guerra de Troia, do qual seis se perderam.

A Ilíada conta com cerca de 15.693 versos e a Odisseia, com 12.109, todos obedecendo à métrica de versos hexâmetros. As duas obras têm enorme influência na Literatura Ocidental.

A autoria da obra, atribuída desde a Antiguidade ao poeta Homero, também é controversa. Não se sabe ao certo se Homero de fato existiu ou se representa a personificação de um estilo de narrativa.

O que se sabe é que, antes de terem se transformado em poemas escritos, os versos da Ilíada e da Odisseia circulavam através da tradição oral. Antes do aparecimento da escrita entre aquele povo, os aedos, poetas da Antiga Grécia, recitavam seus versos de cor em reuniões públicas. É possível que Homero tenha sido um destes aedos.

O imaginário em torno da Guerra de Troia também inspirou o poeta romano Virgílio a escrever o poema épico Eneida, no século I a.C.

Quem foi Aquiles

Aquiles é o personagem principal da Ilíada. Na mitologia grega, Aquiles é um semideus eleito para morrer ainda jovem na batalha.

Temendo seu destino, Tétis, a ninfa mãe de Aquiles, o mergulhou ainda bebê nas águas do rio Estige, também chamado de rio infernal, para torná-lo invencível.

O banho, contudo, não foi completo e o calcanhar de Aquiles, justamente onde a mãe o segurou, não foi tocado pela água. Essa é a origem da expressão "calcanhar de Aquiles", porque indica o ponto mais frágil de uma pessoa.

Aquiles
Escultura de Aquiles morrendo, por Christophe Veyrier e Miguel José Joseph (1683)

Tétis ainda tentou outra forma de preservar a vida do filho e o criou como menina. A estratégia não correu bem e Ulisses, quando toma conhecimento que só com a ajuda de Aquiles conseguira vencer a guerra, o identifica entre as mulheres da ilha de Ciros.

Como afirmava a profecia, Aquiles morre jovem na batalha ao ser atingido por uma flecha envenenada no calcanhar. Não morre sem antes demonstrar ser um valente e fiel guerreiro, como narram os relatos de Homero.

A Guerra de Troia realmente aconteceu?

Ao longo de séculos, alimentou-se uma grande controvérsia se a narrativa da Guerra de Troia era puramente mitológica ou se tinha bases históricas comprováveis.

Escavações arqueológicas desenvolvidas a partir de 1873 encontraram evidências de que Troia de fato existiu. A cidade localizava-se na região de Hisarlik (na atual Turquia), próximo ao Estreito de Dardanelo, ligação entre o Mar Egeu e o Mar de Mármara. Evidências comprovam que a região foi habitada sucessivamente por cerca de 4000 mil anos.

Contudo, embora as ruínas de Troia tenham sido descobertas, ainda permanece em debate se teria de fato ocorrido um grande confronto entre gregos e troianos, como aquele descrito na Ilíada.

A falta de qualquer fonte histórica hitita, povo que habitava aquele território, também põe em xeque o argumento de uma grande guerra como causadora da destruição de Troia.

Assim, a historicidade da Guerra de Troia segue dividindo opiniões.

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Referências Bibliográficas

MARTINS, Kim. A Descoberta de Troia. Tradução de Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia, 22 de março de 2023. Disponível em: https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-2196/a-descoberta-de-troia/ (acesso em 05/04/2024).

A Guerra de Troia existiu mesmo ou é um mito exagerado pelas narrativas épicas? Revista BBC History, 16 julho 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-44816035 (acesso em 05/04/2024).

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.