Guerra Fria: o que foi, suas causas e consequências (resumo)

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

A Guerra Fria foi uma luta político-militar entre o socialismo e o capitalismo liderada pela União Soviética e Estados Unidos.

Esta conflagração teve início após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mais precisamente em 1947, quando o presidente americano Henry Truman fez um discurso no Congresso americano, afirmando que os Estados Unidos poderiam intervir em governos não democráticos.

Esta época ficou assim conhecida porque ambos os países nunca se enfrentaram diretamente num conflito bélico.

O fim da Guerra Fria é marcado pela dissolução e fim da URSS, em 1991. Os Estados Unidos saíram vencedores deste conflito.

Início da Guerra Fria (1947) e suas causas

Em 1947, visando combater o comunismo e a influência soviética, o presidente americano Harry Truman proferiu um discurso no Congresso americano. Nele, afirmou que os Estados Unidos se posicionariam a favor das nações livres que desejassem resistir às tentativas de dominação externa. A dominação a que ele se referia era ao crescimento da União Soviética e sua influência em novos territórios.

No mesmo ano, o secretário de Estado americano, George Marshall, lançou o Plano Marshall, que propunha a ajuda econômica aos países da Europa Ocidental. Esse plano surgiu em um contexto onde os partidos de esquerda cresciam devido ao desemprego e a crise generalizada.

Assim, os Estados Unidos temiam que cada vez mais revoluções socialistas levassem os norte-americanos a perder áreas de influência para a URSS.

Como resposta, a União Soviética criou o Kominform, organismo encarregado de conseguir a união dos principais partidos comunistas europeus. Também era sua tarefa afastar da supremacia norte-americana os países sob sua influência, gerando o bloco da “cortina de ferro”.

Além disso, foi criado em 1949, o Comecon, uma espécie de Plano Marshall para os países socialistas.

Expansão da Guerra Fria

Ao fim das negociações entre os vencedores da Segunda Guerra Mundial, a Europa ficou dividida em duas partes. Estas correspondiam ao limite do avanço de tropas soviéticas e americanas durante a guerra.

A parte oriental, ocupada pelos soviéticos, tornou-se área de influência da União Soviética.

Os partidos comunistas locais, apoiados pela URSS, passaram a exercer o poder nesses países. Estabeleceram as chamadas democracias populares na Albânia, Romênia, Bulgária, Hungria, Polônia e Checoslováquia.

Na Europa, somente a Iugoslávia estabeleceu um regime socialista independente da União Soviética.

Por outro lado, a parte ocidental, ocupada principalmente por tropas inglesas e norte-americanas, ficou sob a influência dos Estados Unidos. Nessa área, consolidaram-se democracias liberais, com exceção das ditaduras na Espanha e em Portugal.

As duas superpotências buscavam ampliar suas áreas de influência no mundo, intervindo direta ou indiretamente nos assuntos internos destes países.

Veja também: Cortina de Ferro e Leste Europeu

OTAN e o Pacto de Varsóvia

A Guerra Fria provocou a formação de duas alianças politico-militares:

  • A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN);
  • O Pacto de Varsóvia.

A OTAN, fundada em 1949, era composta inicialmente por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Portugal e Itália. Mais tarde juntaram-se Alemanha Ocidental, Grécia e Turquia, opondo toda a Europa Ocidental à União Soviética.

Em 1955, em represália, a União Soviética criou o Pacto de Varsóvia, para impedir o avanço capitalista na sua área de influência. No ano de sua fundação faziam parte URSS, Albânia, Alemanha Oriental, Bulgária, Tchecoslováquia, Hungria, Polônia e Romênia.

Os dois pactos tinham em comum o compromisso de mútua proteção entre seus membros, pois entendiam que a agressão a um deles atingiria a todos.

O Pacto de Varsóvia desapareceu entre 1990 e 1991, em consequência do fim dos regimes socialista do Leste europeu. Do outro lado, a OTAN perdeu o significado que lhe deu origem.

Disputas na Guerra Fria

No início dos anos 60, a construção do Muro de Berlim, em 1961; e a crise dos mísseis, em 1962, provocaram o aumento das tensões internacionais.

Muro de Berlim (1961)

A construção do Muro de Berlim, em 1961, dividiu a cidade de Berlim entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental.

O objetivo era impedir a saída de profissionais e trabalhadores qualificados que deixavam a socialista Alemanha Oriental em busca de melhores condições de vida na capitalista Alemanha Ocidental.

Crise dos Mísseis (1962)

A crise dos mísseis teve origem na pretensão soviética de instalar bases e lançamento de mísseis em Cuba. Se isto se concretizasse, seria uma ameaça constante para os Estados Unidos.

A reação americana se fez imediata, através de um bloqueio naval sobre Cuba, o único país da América que havia adotado o regime socialista. O mundo conteve a respiração, pois nesse momento, as chances de uma Terceira Guerra Mundial eram reais.

As negociações foram tensas, mas os soviéticos desistiram de colocar os mísseis em Cuba. Em troca, os Estados Unidos fizeram o mesmo nas suas bases na Turquia, seis meses depois.

Corrida Espacial

Outra característica da Guerra Fria foi a Corrida Espacial, iniciada no final da década de 50.

Muito dinheiro, tempo e estudo foram investidos pela URSS e pelos EUA para saber quem dominaria a órbita terrestre e o espaço.

Os soviéticos saíram na frente, em 1957, com os satélites Sputnik, mas os americanos os alcançaram e fizeram o primeiro homem caminhar em solo lunar, em 1969.

A corrida espacial não incluía somente o objetivo de levar pessoas ao espaço. Também fazia parte do projeto desenvolver armas de longo alcance, como mísseis intercontinentais e escudos espaciais.

O fim da Guerra Fria (1991)

Historiadores atribuem o fim da Guerra Fria ao fim da União Soviética, em 1991. Este antecedeu outro evento marcante do período, que foi a Queda do Muro de Berlim, em 1989.

O conflito ideológico só foi terminado graças às negociações estabelecidas por Ronald Reagan e Mikahil Gorbachev durante a década de 80.

A queda do Muro de Berlim foi o marco visível que simbolizou o fim dos regimes socialistas no Leste europeu. Após sua derrubada, os regimes socialistas foram caindo um a um, e em outubro de 1990, as duas Alemanhas foram finalmente unificadas.

Igualmente, a desintegração da União Soviética, em 1991, inaugurou um período na história mundial, dando início ao processo de implantação do capitalismo em todos os países do globo.

Consequências da Guerra Fria

Na economia, o fim da Guerra Fria iniciou a expansão do capitalismo a todos os países do globo.

O mundo abandonou as disputas ideológicas das décadas anteriores para se concentrar em apenas em uma ideologia, a capitalista. Nesta fase, o capitalismo assumiu o nome de neoliberalismo, onde o Estado deve intervir o mínimo possível na economia.

Já com a desintegração da União Soviética surgiram quinze novos países. Na Europa, observamos a separação da Tchecoslováquia e o início da Guerra da Iugoslávia.

As instituições lideradas pela União Soviética desapareceram. O Pacto de Varsóvia acabou entre 1990 e 1991, em consequência do fim dos regimes socialista do Leste europeu.

A própria OTAN perdeu o significado que lhe deu origem e agora é uma aliança militar utilizada para o combate ao terrorismo.

Alguns resquícios da Guerra Fria no mundo atual são a separação da Coreia do Norte e do Sul, a existência de ogivas nucleares americanas em bases da Alemanha e a tensão nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos.

Guerra Fria - Toda Matéria Ver no YouTube

Leia mais:

Referências Bibliográficas

VIEIRA, Neide Paiva - Guerra Fria: Desafio, Confrontos e Historiografia - Caderno Pedagógico. Maringá: Secretária de Educação do Estado do Paraná, 2008.

Documentário:

Um Século de Guerras - A Cortina de Ferro (Guerra Fria). Produção: Nugus/Martin Productions Ltd. Reino Unido. Ano: 1993. Disponível no canal Museu do Vizao. Consultado 25.06.2020.

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.