Revolução Industrial: o que foi (resumo)

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A Revolução Industrial foi um processo de grandes transformações tecnológicas, sociais e econômicas que começou na Inglaterra no século XVIII.

O modo de produção industrial se espalhou por grande parte do hemisfério Norte durante todo o século XIX e início do século XX. Produzir mercadorias ficou mais barato e acessível, porém trouxe a desorganização da vida rural e estragos ao meio ambiente.

O advento da produção em larga escala mecanizada deu início às transformações dos países da Europa e da América do Norte. Estas nações se transformaram em predominantemente industriais e suas populações se concentraram cada vez mais nas cidades.

Por isso, a revolução industrial é caracterizada como o processo que levou à substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico (ou artesanal) pelo sistema fabril.

Neste conteúdo você vai encontrar:

Principais pontos Causas Consequências
A Revolução Industrial foi um processo de transformações tecnológicas, sociais e econômicas. Expansão do comércio internacional nos séculos XVI e XVII. Aumento das diferenças econômicas e políticas entre os países.
Iniciou na Inglaterra no século XVIII. Acumulação de capital pela burguesia europeia. Industrialização diferenciada gerando países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Espalhou-se pelo hemisfério Norte no século XIX e início do século XX. Investimentos na criação de máquinas e aperfeiçoamento das técnicas de produção. Medida de avanço de um país pela sua industrialização.
Caracterizou-se pela substituição de ferramentas por máquinas, energia humana por motriz, e produção artesanal pelo sistema fabril. Aumento da produtividade e dos lucros com o uso de máquinas.

Expansão e consolidação do sistema capitalista.

Revolução Industrial
O motor a vapor foi essencial para aumentar a produção das máquinas e a velocidade dos transportes

Causas da Revolução Industrial

A expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVIItrouxe um extraordinário aumento da riqueza para a burguesia. Isto permitiu a acumulação de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo de instalação das indústrias.

A burguesia europeia, fortalecida e enriquecida, passou a investir na elaboração de projetos para aperfeiçoamento das técnicas de produção e na criação de máquinas para a indústria.

Logo verificou-se que se obtinha maior produtividade e se aumentavam os lucros quando se empregavam máquinas em grande escala.

Pioneirismo inglês

Foi na Inglaterra, em meados do século XVIII, que o fenômeno da industrialização começou e, por isso, a Revolução Industrial Inglesa foi pioneira. Vários fatores explicam as razões desta primazia.

A Inglaterra possuía capital, estabilidade política e equipamentos necessários para tomar a dianteira do avanço da indústria.

Desde o fim da Idade Média, parte significativa da população se dirigia às cidades devido aos cercamentos (enclousers) do campo. Sem terra, os camponeses acabavam entrando nas fábricas que surgiam.

Os ingleses também possuíam colônias na África e na Ásia, que garantiam fornecimento de matéria-prima com mão de obra barata.

Fases da Revolução Industrial

O estudo da Revolução Industrial costuma ser dividido em fases, sinalizando mudanças significativas no processo de industrialização.

Tradicionalmente, os estudiosos consideram três fases históricas: Primeira Revolução Industrial, Segunda Revolução Industrial e Terceira Revolução Industrial.

Alguns pesquisadores defendem que, nos dias de hoje, já estaríamos vivendo uma Quarta Revolução Industrial. Esta teria se iniciado no princípio do século XXI e seria marcada pelo avanço das tecnologias digitais, como a internet, a robótica e a inteligência artificial, com uma quase completa automação da produção industrial.

Primeira Revolução Industrial (meados do século XVIII a XIX)
  • Surgimento da mecanização.
  • Separação entre capital (donos dos meios de produção) e trabalho (assalariados).
  • Criação das primeiras fábricas.
  • Uso de mulheres e crianças como mão de obra barata.
  • Organização dos operários em sindicatos para melhores condições de trabalho.
  • Expansão da mecanização para diversos setores (têxtil, metalurgia, transportes, agricultura).
  • Supremacia da burguesia na ordem econômica.
  • Êxodo rural e crescimento urbano.
Segunda Revolução Industrial (meados do século XIX a XX)
  • Capitalismo financeiro ou monopolista.
  • Domínio da produção e comércio por poucas empresas ou países.
  • Alemanha como grande potência industrial.
  • Progresso tecnológico e científico visando inovação contínua.
Terceira Revolução Industrial (meados do século XX)
  • Desenvolvimento da eletrônica e informática.
  • Automação das indústrias.
  • Dependência das máquinas na produção.
  • Caracterizada como revolução informática e tecnológica.
Quarta Revolução Industrial
(início do século XXI)
  • Avanço das tecnologias digitais, com uma quase completa automação da produção industrial.
  • Produção automatizada e robótica são realidade em diversos setores produtivos.
  • Desenvolvimento acelerado da inteligência artificial, robótica, internet das coisas, entre outros.

Primeira Revolução Industrial

A Primeira Revolução Industrial ocorreu em meados do século XVIII e do século XIX. Sua principal característica foi o surgimento da mecanização, que operou significativas transformações em quase todos os setores da vida humana.

Na estrutura socioeconômica, fez-se a separação definitiva entre o capital, representado pelos donos dos meios de produção, e o trabalho, representado pelos assalariados. Isto foi gradativamente eliminando as antigas formas de organização dos grêmios ou guildas, que era o modo de produção utilizado pelos artesãos.

Desta maneira, surgiram as primeiras fábricas que, num mesmo espaço, abrigavam muitos operários. Cada um deveria operar uma máquina específica para realizar sua tarefa.

Revolução Industrial
Mulheres e crianças eram usadas como mão de obra barata nas fábricas inglesas

Devido à baixa remuneração, condições de trabalho e de vida sub-humanas, os operários se organizavam. Desta forma, surgiram as primeiras organizações trabalhistas e sindicatos para reivindicar melhores jornadas menores e aumento de salários.

A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, transportes, agricultura, pecuária e todos os outros setores da economia.

A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia burguesa na ordem econômica. Ao mesmo tempo, acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da classe operária. Era o início de uma nova época, onde a política, a ideologia e a cultura gravitavam em dois polos: a burguesia industrial e financeira e o proletariado.

As fábricas empregavam grande número de trabalhadores. Todas essas inovações influenciaram a aceleração do contato entre culturas e a própria reorganização do espaço e do capitalismo.

Nessa fase, o Estado passou a participar cada vez mais da economia, regulando crises econômicas, e o mercado, e criando uma infraestrutura em setores que exigiam muitos investimentos.

Segunda Revolução Industrial

A partir de meados do século XIX, o capitalismo se tornava cada vez menos competitivo e mais monopolista. Apenas poucas empresas ou países dominavam a produção e o comércio. Era a fase do capitalismo financeiro ou monopolista, característica marcante da Segunda Revolução Industrial.

Nesta época, o Império Alemão surgiu como uma grande potência industrial. Com a abundância do minério de ferro e uma cultura militar, os alemães, capitaneados pela Prússia, faziam reformas políticas e econômicas que unificaram o país e o dotaram de uma indústria poderosa.

Desde então, se estabeleceram as bases do progresso tecnológico e científico, visando a inovação e o constante aperfeiçoamento dos produtos e técnicas para melhorar o desempenho industrial.

Terceira Revolução Industrial

O ponto culminante do desenvolvimento industrial, em termos de tecnologia, teve início em meados do século XX, por volta de 1950, com o desenvolvimento da eletrônica. Esta permitiu o desenvolvimento da informática e a automação das indústrias.

Deste modo, as indústrias foram dispensando a mão de obra humana e passaram a depender cada vez mais das máquinas para fabricar seus produtos. O trabalhador intervinha como supervisor ou em apenas algumas etapas da produção.

Essa fase de novas descobertas caracterizou a Terceira Revolução Industrial ou revolução informática e tecnológica.

Quarta Revolução Industrial

Alguns estudiosos defendem que estamos vivendo a Quarta Revolução Industrial, que teria seu início com a chegada do século XXI.

De acordo com estes pesquisadores, a Quarta Revolução Industrial se caracteriza pelo avanço das tecnologias digitais, com uma quase completa automação da produção industrial.

Com o desenvolvimento da coleta e processamento de dados dentro das próprias indústrias, tem sido possível o constante melhoramento da produção. A produção automatizada e a robótica já são realidade em diversos setores produtivos.

A massificação da internet revolucionou as telecomunicações, facilitando o compartilhamento de informações e modificando as relações de trabalho, com trabalhadores atuando de forma remota, entre outras transformações.

Diversos campos ligados às tecnologias digitais, como inteligência artificial, robótica, internet das coisas, entre outros, se desenvolvem em ritmo acelerado.

Novos desafios se impõem, como a questão da privacidade dos dados pessoais disponíveis na internet, a disseminação das Fake News, a responsabilidade das grandes empresas de tecnologia, o aprofundamento das desigualdades, as transformações das relações de trabalho, entre outras.

Linha do tempo da Revolução Industrial

Linha do tempo da Revolução Industrial

Consequências da Revolução Industrial

O longo caminho de descobertas e invenções foi uma forma de distanciar os países entre si, no que diz respeito ao poder econômico e político.

Afinal, nem todos se industrializaram ao mesmo tempo, permanecendo na condição de fornecedores de matérias-primas e produtos agrícolas para os países industrializados.

Essas diferenças marcam até hoje as nações do mundo, que são classificadas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Uma das maneiras de medir se um país é avançado é avaliar o quanto ele é industrializado.

Mapa mental sobre a Revolução Industrial

Mapa mental sobre Revolução Industrial
Clique na imagem para imprimir. Resumo sobre a Revolução industrial.

Revolução Industrial no Brasil

Enquanto na Inglaterra, no século XVIII, acontecia a Revolução Industrial, o Brasil, ainda colônia portuguesa, estava longe do processo de industrialização.

Após a independência, houve apenas iniciativas isoladas em instalar indústrias no Brasil. No começo do século XX, fábricas (principalmente as têxteis), surgiam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A industrialização no Brasil, contudo,só avançou verdadeiramente a partir da década de 1930.

Durante o governo de Getúlio Vargas, a centralização do poder no Estado Novo criou condições para que se iniciasse o trabalho de coordenação e planejamento econômico. Vargas pôs ênfase na industrialização por substituição de importações.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe uma desaceleração para a industrialização no Brasil, uma vez que interrompeu as importações de máquinas e equipamentos.

Mesmo assim, o Brasil, através de acordos com os Estados Unidos, consegue fundar a Companhia Siderúrgica Nacional (1941) e a Usiminas (1942).

Após o conflito, o Estado retornaria suas atividades de investidor e impulsionaria a criação de indústrias como a Petrobras (1953).

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Para praticar: Questões sobre Revolução Industrial

Leia também:

Referências Bibliográficas

BAHAMONDE, Miguel & Villares, Ramón - El mundo contemporáneo, siglos XIX y XX. 2008. Ed. Taurus: Madrid.

HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. Tradução de Maria L. Teixeira. Edição Revista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.

SCHLUTZ, Helga - Historia económica de Europa, 1500-1800. Artesanos, mercaderes y banqueros. 2001. Siglo XXI Editores: Madrid.

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.