Guildas Medievais: o que foram, história e significado

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

As Guildas Medievais representavam associações de profissionais (sapateiros, ferreiros, alfaiates, marceneiros, carpinteiros, artesãos, artistas) durante o período da Idade Média, formadas hierarquicamente por mestres, oficiais e aprendizes.

O termo “Guilda” vem do germânico arcaico “gelth” e significa “pagamento”. Os trabalhadores associados pagavam uma quantia regularmente a fim de manter o funcionamento destas associações de mutualidade.

Com o crescimento das cidades medievais e consequentemente das Guildas, essas associações foram se aperfeiçoando, as quais passaram a ser chamadas de “Corporações de Mercadores”, e mais adiante, de “Corporações de Artífices”.

Qual era a função das Guildas?

Essas associações tinham como objetivo prestar assistência e segurança aos seus membros que, unidos, buscavam:

  • regularizar as atividades laborais;
  • evitar a concorrência;
  • manter a qualidade dos produtos;
  • tornar o trabalho mais eficiente e produtivo.

Ademais, havia as Guildas de caráter religioso, beneficente ou de lazer.

Diferente das Hansas que eram, associação de comerciantes, as Guildas se aproximam das “Corporações de Ofício”, que regulamentavam o processo produtivo artesanal.

Por conseguinte, durante o declínio do período medieval, no Renascimento Europeu, as Guildas foram substituídas pelas “Corporações de Ofício”.

Para saber mais: Corporações de Ofício

História do surgimento das Guildas

As Guildas surgiram na Baixa Idade Média (século X ao século XV) e estão intimamente relacionadas com:

  • As Cruzadas;
  • o Renascimento Comercial e Urbano;
  • a crise do absolutismo e do sistema feudal;
  • a formação das monarquias nacionais;
  • o surgimento da burguesia.

Assim, esse período esteve marcado, sobretudo, pela transição de um sistema feudal e agrário, para um sistema capitalista e urbano.

Os trabalhadores dos feudos, insatisfeitos com as condições de vida e trabalho, buscavam nos burgos (cidades medievais fortificadas) melhores condições de vida, bem como um local apropriado para a venda de seus produtos.

Esses trabalhadores dos burgos, os burgueses, aos poucos foram se organizando e dando início ao desenvolvimento do comércio, crescimento demográfico e aparecimento da moeda de troca.

Nesse contexto, surgiu um sistema capitalista primitivo, que buscava principalmente o lucro. Essa burguesia mercantil, imbuída de características mercantilistas (controle estatal da economia, monopólio, metalismo e protecionismo) fez surgir uma nova mentalidade: a mentalidade burguesa.

A partir disso, com o crescimento do comércio e da economia, os comerciantes e profissionais de diversas áreas começaram a se organizar para defender interesses econômicos e profissionais.

Com efeito, surgiram as Guildas, as Hansas e as Corporações de Ofício, importantes para a organização e regulamentação da produção comercial da época.

Para saber mais: Liga Hanseática

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.