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Partido dos Panteras Negras: história do surgimento e o que defendiam

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

O Partido dos Panteras Negras foi uma organização política revolucionária afro-americana, criado em 1966, em Oakland, Califórnia, por Bobby Seale e Huey P. Newton. Seu objetivo inicial era patrulhar bairros negros para proteger a população da violência policial. Para isso, defendiam a autodefesa armada como resposta à repressão policial.

O grupo surgiu em um contexto ainda marcado por forte preconceito racial nos Estados Unidos, mesmo com alguns avanços nos movimentos pelos direitos civis.

Desenho de uma pantera no logo dos Panteras Negras.
Logo do Partido dos Panteras Negras

Os Panteras Negras foram um dos movimentos mais importantes da luta antirracista nos Estados Unidos. Sua atuação radical e organizada desafiou diretamente o Estado, influenciando não apenas sua época, mas também gerações futuras.

Ideias, símbolos e ações dos Panteras Negras ainda aparecem em movimentos atuais, como o no movimento Black Lives Matter. Isso mostra que o legado do partido continua atual nas lutas por igualdade racial e direitos civis.

Neste conteúdo você encontra:

O surgimento dos Panteras Negras

A criação do Partido dos Panteras Negras ocorreu na década de 1960. Trata-se de um período marcado pela intensa desigualdade racial nos Estados Unidos, especialmente nas grandes cidades.

Apesar das conquistas do movimento pelos direitos civis, como o fim das leis segregacionistas no sul, a população negra ainda enfrentava pobreza, desigualdade, violência policial e exclusão social.

Inspirado por líderes como Malcolm X e por ideias marxistas, o partido surgiu como uma resposta radical a essa realidade. Lutava contra o racismo e contra o sistema capitalista.

No final dos anos 1960, o Partido chegou ao auge. Tinha mais de dois mil membros e sedes em várias cidades dos Estados Unidos.

Membros armados dos Panteras Negras em uma manifestação frente a um prédio.
Membros armados dos Panteras Negras em uma ação pública.

Ideologia e objetivos dos Panteras Negras

O nome original do grupo era "Partido dos Panteras Negras para Autodefesa". Com o tempo, o partido assumiu uma ideologia marxista e ampliou sua atuação.

Em maio de 1967, os principais pontos defendidos pelo grupo foram sistematizados em um documento conhecido como Programa de Dez pontos. Esse texto expressava o desejo por liberdade, autodeterminação e dignidade para a população negra dos EUA.

Entre seus pontos centrais, destacam-se:

  • O armamento da população negra;
  • A libertação de afro-americanos presos injustamente;
  • O fim do alistamento militar obrigatório para negros;
  • O acesso à moradia, saúde e educação de qualidade;
  • A reparação histórica por séculos de escravidão e exploração.

Para os Panteras Negras, a opressão racial estava ligada à exploração econômica. Assim, a abolição do capitalismo era vista como condição necessária para alcançar justiça social.

A filosofia revolucionária de Frantz Fanon exerceu profunda influência no Partido dos Panteras Negras, fornecendo uma base teórica para sua luta anticolonial e contra a opressão.

Fanon defendia que a violência era uma resposta legítima à violência estrutural do colonialismo e do racismo — ideia que reverberou na postura de autodefesa armada dos Panteras.

Programas sociais

Além da autodefesa diante da brutalidade policial, a partir de 1969 o Partido dos Panteras Negras teve como foco a criação de programas sociais voltados às comunidades negras pobres.

O programa de café da manhã gratuito para crianças se tornou um dos mais conhecidos. Diariamente, os militantes serviam refeições em igrejas, escolas e centros comunitários, garantindo alimentação a milhares de estudantes antes das aulas.

Outro destaque foram as clínicas médicas gratuitas, que ofereciam atendimento básico, exames e campanhas de prevenção, enfatizando doenças negligenciadas entre a população negra.

Esses programas sociais atendiam necessidades urgentes — como segurança alimentar, saúde e educação —, mas também tinham um forte caráter político.

Assumir responsabilidades sociais deixadas pelo Estado era uma forma dos Panteras mostravam a potência da organização revolucionária.

Panfleto anunciando ajuda social pelo Partido dos Panteras Negras. No panfleto, há imagens de importantes lideranças do grupo.
Anúncio de doação de alimentos e produtos básicos feita pelos Panteras Negras, em 1972. Na imagem, também é possível ver a foto de lideranças do partido, como Bobby Seale e Angela Davis.

Repressão governamental

O Partido dos Panteras Negras reivindicava a herança política de Malcolm X, especialmente o chamado à luta “por todos os meios necessários” contra o racismo institucional e a violência policial.

Os Panteras Negras tinham, como Martin Luther King Jr., o objetivo de garantir os direitos civis e a integração. Mas defendiam mudanças mais profundas nas estruturas sociais e raciais dos Estados Unidos. A diferença principal era a tática: em vez da resistência pacífica, usavam a autodefesa armada e, às vezes, enfrentavam diretamente o Estado.

Essa postura foi usada pelo FBI como justificativa para uma intensa repressão. As ações envolveram infiltrações, campanhas de desinformação e atos violentas, visando desarticular o partido e desacreditá-lo perante a opinião pública.

Os Panteras Negras foram considerados pelo FBI uma das maiores ameaças à segurança interna do país.

A forte repressão ajudou a ampliar o apoio ao partido. As prisões e os assassinatos de seus líderes geraram solidariedade entre a esquerda política e a população negra.

Fim do partido e legado

Em 1982, o partido foi oficialmente extinto, mas sua influência permanece viva.

O legado dos Panteras Negras pode ser visto em debates contemporâneos sobre justiça racial, encarceramento em massa, violência policial e ações comunitárias.

Sua crítica ao racismo estrutural e ao papel do Estado ainda é referência nos movimentos antirracistas do século XXI.

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Referências Bibliográficas

BLOOM, Joshua; MARTIN JR., Waldo E. Black against empire: the history and politics of the Black Panther Party. Oakland: University of California Press, 2013.

FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

SHAMES, Stephen; SEALE, Bobby. Power to the people: the world of the Black Panthers. New York: Abrams, 2016.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.