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Redação sobre educação (ENEM): aprenda como fazer e veja exemplos

Carmen Lima
Carmen Lima
Professora de Redação ENEM

O tema educação é um dos mais recorrentes e versáteis na redação do ENEM, pois envolve cidadania, igualdade social, acesso ao conhecimento e desenvolvimento humano. Trata-se de um assunto que reflete diretamente os desafios estruturais do Brasil, já que a qualidade do ensino, a desigualdade de oportunidades e a valorização dos profissionais da educação estão entre os principais fatores que influenciam o progresso social do país.

Para produzir uma redação excelente sobre o tema, o estudante deve demonstrar domínio do conteúdo, apresentar repertórios socioculturais consistentes e construir uma tese clara e bem fundamentada. Mais do que reproduzir informações, é necessário evidenciar reflexão crítica e consciência de que o acesso à educação de qualidade é condição essencial para o pleno exercício da cidadania e para o desenvolvimento humano sustentável.

O que uma redação excelente sobre educação precisa apresentar

1. O foco da discussão. Ex.: desigualdade de acesso, qualidade do ensino, formação docente, tecnologia na educação, evasão escolar, etc.

2. A educação relacionada ao contexto social brasileiro. Mostrar que o problema não é isolado, mas está ligado à desigualdade social, à falta de políticas públicas e à exclusão digital, por exemplo.

3. Apresentar repertórios socioculturais sólidos (de autoridade reconhecida). Seguem algumas sugestões:

a) A Constituição garante a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. (art. 205).

b) Paulo Freire defendia uma educação libertadora e crítica, não apenas transmissora de conteúdos.

c) Darcy Ribeiro afirmou que a crise da educação no Brasil não é uma crise, mas um projeto.

d) John Dewey, filósofo norte-americano, defendia a educação como instrumento de democracia.

e) A UNESCO destaca a educação de qualidade como base do desenvolvimento sustentável (ODS 4). f) Dados do IBGE/Inep, como estatísticas sobre evasão, analfabetismo e desigualdade regional fortalecem a argumentação.

Estrutura orientada da redação

Vamos relembrar agora o que compõe a estrutura de uma redação Nota 1000:

Introdução (1 parágrafo)

  1. Apresentar o tema e contextualizar o problema.
  2. Inserir um repertório sociocultural logo no início (autoridade, dado, citação).
  3. Indicar a tese, ou seja, o ponto de vista sobre o problema na educação.

Exemplo de introdução:

A Constituição de 1988 assegura a educação como direito fundamental, essencial à cidadania e ao progresso coletivo. No entanto, o cenário educacional brasileiro ainda revela desigualdades estruturais que impedem a universalização desse direito. À luz das ideias de Paulo Freire, percebe-se que a educação formal, quando restrita e excludente, deixa de ser instrumento de libertação para se tornar mecanismo de manutenção das desigualdades. Assim, é necessário discutir os entraves que comprometem a efetividade da educação formal no Brasil.

Desenvolvimento (2 parágrafos)

  1. Cada parágrafo desenvolve um argumento principal, sustentado por repertórios e conectores.
  2. Deve conter tópico frasal, explicação, exemplo, análise e fechamento.

Desenvolvimento 1 – desigualdade e exclusão:

Em primeiro lugar, a precariedade do acesso e a desigualdade regional dificultam a consolidação de uma educação de qualidade. De acordo com dados do IBGE (2023), milhões de jovens ainda abandonam a escola por falta de infraestrutura, transporte ou condições econômicas. Essa realidade evidencia o que Darcy Ribeiro denominou de “projeto de desigualdade”, no qual a educação dos mais pobres é sistematicamente negligenciada. Sem políticas públicas efetivas, a promessa constitucional de igualdade educacional permanece apenas no papel.

Desenvolvimento 2 – formação crítica e valorização docente:

Além disso, é preciso repensar a função da escola como espaço de formação cidadã. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, defende que a educação deve despertar a consciência crítica dos alunos, promovendo autonomia e transformação social. Entretanto, a falta de valorização dos professores e a rigidez curricular limitam essa prática. Desse modo, a educação formal corre o risco de formar repetidores de conteúdo, e não cidadãos conscientes de seu papel social.

Conclusão (1 parágrafo)

  1. Retomar a tese.
  2. Apresentar propostas de intervenção concretas, com agente, ação, meio e finalidade — respeitando os direitos humanos (competência 5 do ENEM).

Exemplo de conclusão:

Diante desse cenário, é fundamental que o Ministério da Educação amplie investimentos na formação e valorização dos professores, garantindo condições adequadas de trabalho e atualização pedagógica. Além disso, os governos estaduais devem promover programas de inclusão e permanência escolar, assegurando transporte, merenda e acesso à tecnologia. Assim, será possível transformar a educação formal em instrumento real de emancipação e justiça social, como previsto pela Constituição e defendido por educadores como Paulo Freire.

Exemplo de redação nota 1000 sobre Educação

Tema: “Os desafios da educação formal na construção da cidadania no Brasil”

A Constituição Federal de 1988 consagra a educação como um direito de todos e um dever do Estado e da família, destacando-a como base do exercício da cidadania. Contudo, a realidade brasileira ainda evidencia um abismo entre o ideal legal e as práticas educacionais efetivas. À luz das ideias de Paulo Freire, nota-se que a escola, em vez de promover a libertação do indivíduo, muitas vezes reforça desigualdades estruturais. Assim, compreender os desafios da educação formal é essencial para que ela se torne realmente instrumento de transformação social.

Em primeiro lugar, a desigualdade socioeconômica e a falta de acesso a recursos educacionais de qualidade perpetuam um ciclo de exclusão. Dados do IBGE (2023) indicam que jovens de regiões periféricas e rurais apresentam os maiores índices de evasão escolar. Essa disparidade revela, conforme aponta Darcy Ribeiro, que “a crise da educação é um projeto”, resultado de políticas históricas de negligência. A falta de infraestrutura adequada e de incentivo financeiro impede que a escola cumpra sua função formadora.

Além disso, a rigidez dos currículos e a desvalorização dos professores enfraquecem a formação crítica dos alunos. Paulo Freire defendia uma educação libertadora, capaz de estimular o pensamento autônomo. Entretanto, o ensino formal brasileiro ainda privilegia a memorização e a preparação para exames, o que reduz o papel da escola a mera reprodutora de conteúdos. Assim, limita-se a capacidade dos estudantes de compreender e transformar a realidade em que vivem.

Portanto, é indispensável que o Ministério da Educação, em parceria com os governos estaduais, invista na valorização docente (por meio de melhores salários e formação continuada), na infraestrutura escolar (com reformas e acesso a recursos tecnológicos) e na revisão dos currículos (incluindo conteúdos que dialoguem com a realidade dos alunos e promovam a cidadania), tornando-os mais inclusivos e conectados à vida social dos alunos. Somente por meio dessas medidas a educação formal poderá cumprir seu papel constitucional e humanista: formar cidadãos críticos, conscientes e capazes de construir uma sociedade mais justa.

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.

DEWEY, John. Democracia e Educação. Martins Fontes, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra, 1987.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). 2023.

UNESCO. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4: Educação de qualidade). 2015.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. Companhia das Letras, 1995.

Carmen Lima
Carmen Lima
Licenciada em Letras - Português (Universidade Federal do Ceará); Professora e Consultora de Língua Portuguesa há mais de 20 anos, lecionou em escolas públicas e privadas e em cursos preparatórios para o ENEM.