Retórica

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A retórica, do grego rhêtorikê, significa a arte da persuasão por meio de palavras. A comunicação falada é a base da interação social e mais que isso, atua como o elemento fundamental da política.

Assim, a retórica utiliza a linguagem, de forma eficiente, construindo uma argumentação que visa o convencimento para influenciar a deliberação e a tomada de decisões.

As estratégias de convencimento e persuasão são habilidades retóricas que constroem uma narratividade, influenciando a forma de compreensão ou interpretação da realidade.

O significado de retórica e sua importância na política

A retórica era compreendida entre os gregos como a estrutura básica do direito e da política, a "arte da persuasão" era uma questão fundamental para a tomada de decisões na democracia grega.

Dois princípios básicos orientam a democracia, desde seu surgimento na Grécia antiga até hoje em dia: a isonomia (direitos iguais aos cidadãos) e a isegoria (direito a voz e voto).

Assim o direito a voz, exigia, em contrapartida, que os cidadãos gregos possuíssem uma grande capacidade de linguagem para expor de forma clara e convincente suas perspectivas.

Desde então, a política se desenvolve a partir do embate de ideias. Com isso, a retórica visa convencer o adversário ou o público, a partir da exposição clara das ideias e da capacidade de argumentação, sendo um ponto fundamental da atividade política.

A importância dos sofistas no desenvolvimento da retórica

A retórica surge de forma organizada e sistematizada a partir da atuação dos sofistas, como forma de convencimento e persuasão. Os sofistas passaram a ter um importante papel no sistema político grego.

Por não acreditar na existência de um conhecimento verdadeiro, a perspectiva sofista compreendia a verdade como uma perspectiva validada pela argumentação eficiente.

O sofista Górgias definiu a retórica como:

persuadir por meio de discursos, os juízes nos tribunais, os conselheiros no conselho, os membros da assembleia na assembleia e em qualquer outra reunião pública.

Em outras palavras, a retórica era o fundamento do que poderia ser tomado como verdade, já que a partir do convencimento gera-se um consenso.

Com isso, o ensino da retórica passou a ser compreendido como uma ferramenta para a participação política e como arte fundamental para a formação do cidadão.

Retórica em Aristóteles

Aristóteles foi um discípulo crítico de Platão, mas como ponto em comum estava a compreensão de um conhecimento verdadeiro. Assim como seu mestre, rechaçava a perspectiva sofista, compreendia o conhecimento apartado da mera opinião consensual.

Entretanto, para Aristóteles a retórica, persuasão pela argumentação, deveria ser percebida como uma técnica fundamental para a política, capaz de demonstrar de forma prática as teses a serem defendidas.

Três aspectos fundamentais suportam o discurso retórico em Aristóteles: ethos, pathos e lógos.

  • Ethos é princípio ético que orienta a argumentação.
  • Pathos é o apelo aos sentimentos evocados pelo orador em seus argumentos.
  • Lógos é a estrutura lógica da argumentação.

Essa tríade que sustenta a argumentação, proposta pelo filósofo, compõe o que se compreende por retórica atualmente.

O surgimento da oratória e sua diferença em relação à retórica

Com o apogeu do Império Romano, surge a oratória. Inicialmente, a oratória é a própria retórica. Entretanto, com o passar do tempo, há uma distinção entre as duas.

A oratória assume-se como o bem falar, o expor-se de forma eloquente, mais ligada a capacidade de linguística e de vocabulário. Já a retórica permanece como sendo centrada na ideia de convencimento e persuasão argumentativa.

Veja também:

Referências Bibliográficas

Aristóteles. Coleção Os Pensadores. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural (1984).
Chaui, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995.
Abbagnano, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª tiragem. SP: Martins Fontes (2003).

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).