Revoltas coloniais no Brasil: quais foram as principais e suas causas

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

Durante o período de dominação colonial portuguesa inúmeras revoltas ocorreram no território brasileiro. Essas rebeliões demonstraram uma série de descontentamentos dos colonos em relação a Portugal.

As principais revoltas coloniais foram: Revolta de Beckman (1684), Guerra dos Emboadas (1707 - 1709), Guerra dos Mascates (1710 - 1711), Revolta de Vila Rica (1720), Inconfidência Mineira (1789) e Conjuração Baiana (1798).

Principais revoltas nativistas

Revolta dos Beckman (1684)

Ocorrida na Capitania do Maranhão, foi causada pelo descontentamento dos colonos com os preços praticados pela Companhia de Comércio do Maranhão, órgão que detinha o monopólio comercial da região, e pela restrição à escravização dos indígenas, imposta pelos jesuítas.

Os revoltosos tomaram a cidade de São Luís e seus líderes (Jorge Sampaio e os irmãos Manuel e Thomas Beckman) governaram o Maranhão por cerca de um ano, até serem retirados do poder pelas tropas portuguesas. As lideranças do movimento foram condenadas à forca ou à prisão.

Estude mais sobre a Revolta dos Beckman.

Guerra dos Emboabas (1707 - 1709)

Disputa armada pelo controle das minas de ouro recém-descobertas entre os bandeirantes paulistas e os "emboabas", nome dado pelos paulistas aos exploradores vindos de outras regiões.

Eles também disputavam as terras, o fornecimento de alimentos e a administração das vilas. O conflito teve como resultado a derrota dos paulistas e a criação da Capitania de São Paulo e Minas Gerais.

Aprofunde os seus estudos sobre a Guerra dos Emboadas.

Guerra dos Mascates (1710 - 1711)

Conflito na Capitania de Pernambuco entre a elite local de Olinda, formada por senhores de engenho em crise devido à queda do preço do açúcar, e comerciantes de Recife, chamados pejorativamente de "mascates".

Os grupos disputavam o domínio administrativo da região. Ao fim do conflito, Recife, antes um povoado subordinado à Olinda, passou à categoria de vila e centro administrativo da capitania.

Estude mais sobre o que foi a Guerra dos Mascates.

Revolta de Vila Rica (1720)

Também chamada de Revolta de Filipe dos Santos (seu principal líder), ocorreu na região de Minas Gerais, em oposição à criação das Casas de Fundição, locais onde era cobrado o quinto, imposto da Coroa sobre todo ouro extraído.

Os mineradores se revoltaram contra a medida, mas foram duramente reprimidos. Felipe dos Santos foi enforcado e esquartejado.

Aprofunde seus conhecimentos sobre a Revolta de Vila Rica.

Revoltas separatistas

Inconfidência Mineira (1789)

A produção de ouro estava em queda devido ao esgotamento das jazidas. Porém, a Coroa Portuguesa julgava que a baixa arrecadação era decorrente de contrabando e ameaçou a cobrança da chamada derrama, imposto pago por cada indivíduo até completar a quantidade devida naquele ano.

Influenciados pelos ideais iluministas, os "inconfidentes", nome atribuído aos participantes do movimento formado em maior parte por membros da elite, se uniram para fundar uma república, cuja sede seria a vila de São João del-Rei.

A rebelião não chegou a acontecer, pois foi denunciada por alguns dos membros do próprio grupo, em troca da anulação de suas dívidas. Os demais participantes foram presos e alguns foram condenados ao desterro às colônias africanas.

A principal punição coube a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, condenado à morte na forca e esquartejamento no Rio de Janeiro, então capital do Brasil.

Entenda o que foi a Inconfidência Mineira, suas causas e objetivos.

Conjuração Baiana (1798)

Diferentemente de outras revoltas coloniais, teve forte caráter popular. Também conhecida como Revolta dos Alfaiates, pois teve como principais líderes os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, além dos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas.

Foi resultante do declínio econômico da região, da difusão das ideias iluministas e influenciada pela Revolução Haitiana. Tinha como objetivos a criação de uma república livre de Portugal, o fim da escravidão, a liberdade de comércio e o aumento do pagamento dos soldados.

Suas ideias foram divulgadas por meio de cartazes espalhados pela cidade, convocando a população a se rebelar. Denunciados, os participantes foram presos e os líderes condenados à forca e ao esquartejamento.

Aprofunde os seus conhecimentos sobre o que foi a Conjuração Baiana.

Tipos de revoltas coloniais

É comum vermos a classificação das revoltas coloniais entre nativistas e separatistas.

Nativistas foram as revoltas que não reivindicavam o rompimento com Portugal. Dentre as motivações, estavam o descontentamento com a cobrança de tributos pela Coroa e disputas locais. Entre as principais revoltas nativistas estão: A Revolta dos Beckman; A Guerra dos Emboabas; A Guerra dos Mascates; A Revolta de Vila Rica.

as revoltas separatistas eram as que questionavam a ordem colonial, reivindicando a separação de Portugal. Vale ressaltar que esse desejo de emancipação tinha caráter regional, não expressando um sentimento de identidade nacional, que ainda não existia no período.

As revoltas separatistas foram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, ambas influenciadas pelas ideias iluministas, difundidas a partir de meados do século XVIII.

O que foi o Período Colonial

O período colonial (1500-1822) é a fase da História do Brasil entre a chegada dos portugueses até a Independência do Brasil. Cabe dizer que alguns historiadores preferem a delimitação entre 1530 (ano da chegada da primeira expedição colonizadora, chefiada por Martim Afonso de Souza) e 1815 (ano da elevação do Brasil à categoria de Reino Unido).

Este período é marcado pelo domínio e administração da Coroa Portuguesa (metrópole) sobre o território do Brasil (colônia).

A economia estava baseada no Pacto Colonial, conjunto de práticas características do sistema Mercantilista, que previa uma série de obrigações e restrições à colônia, para garantir o máximo de lucro à metrópole.

A política também estava subordinada aos interesses da Coroa, que detinha o poder de nomear todas as autoridades coloniais e de tomar qualquer decisão referente à dominação do território.

Contudo, esse processo não impediu o surgimento de elites locais, que possuíam seus próprios interesses, que nem sempre coincidiam com os da metrópole.

Nesse contexto, havia focos constantes de tensão que frequentemente explodiram em forma de revoltas, que se tornaram mais frequentes a partir do final do século XVII, em decorrência da diversificação da economia colonial e do aumento do controle da metrópole.

Continue estudando sobre o assunto com:

Comece a praticar com:

Referências Bibliográficas

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp. 129 - 150.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Teláris - História. 8º ano [livro didático]. São Paulo: Ática, 2018, pp.50-56.

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.