Revolução Chinesa (1911-1949): resumo
A Revolução Chinesa é o processo histórico, ocorrido entre 1911 e 1949, que teve como desfecho a fundação da República Popular da China e o estabelecimento do comunismo naquele país, que se estende até a atualidade.
Antecedentes: China imperial
Desde o século XIII a.C. a China foi governada por dinastias. Famílias nobres mantinham o poder sobre determinadas regiões ou sobre vastas extensões do território chinês.
A última destas dinastias (Qing) reinou de 1644 a 1912. Porém, a partir de meados do século XIX, o império se viu enfraquecido diante do assédio das potências imperialistas estrangeiras.
Sucessivas derrotas chinesas, como nas Guerras do Ópio (1839 e 1860), na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), na Guerra dos Boxers (1899-1901) e na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), levaram a perda de diversos territórios e ao estabelecimento de tratados comerciais completamente desfavoráveis para a China.
Nesse contexto, surgiram movimentos de contestação como a Liga Revolucionária, fundada em 1905 por Sun Yat-Sen. Após a promoção de uma série de rebeliões, a monarquia foi derrubada, sendo proclamada a República Chinesa em dezembro 1911, tornando Sun Yat-Sen seu primeiro presidente. Este acontecimento também é conhecido como Revolução de 1911 ou Revolução Xinhai.
Primeira e Segunda Guerra Civil
Os primeiros anos da República Chinesa foram de grandes dificuldades, pois além das pressões imperialistas, o poder estava fragmentado entre os chamados Senhores da Guerra. Os Senhores da Guerra eram líderes militares que controlavam vastas regiões da China e não obedeciam ao poder centralizado.
Nesse período surgiram os dois partidos que definiriam os rumos da China até 1949:
- o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), fundado pelo presidente Sun Yat-Sen em 1919, e
- o Partido Comunista Chinês, fundado em 1921 sob influência da Revolução Russa e que tinha Mao Tsé-Tung entre seus líderes.
Em 1924 os dois partidos formaram a Primeira Frente Unida, cujo objetivo era derrotar os Senhores da Guerra e unificar a China. Essa fase ficou conhecida como Primeira Guerra Civil.
Porém, com a morte de Sun Yat-Sen em 1925, Chiang Kai-Check assume o controle do Partido Nacionalista e rompe a Frente Unida. O Partido Comunista, tornado ilegal em 1927, passa a ser perseguido, dando origem à Segunda Guerra Civil, opondo nacionalistas e comunistas.
Derrotados, os comunistas recuaram a pé mais de 12 mil quilômetros rumo ao extremo norte do país, na Grande Marcha. Esse movimento deu ao líder Mao Tsé-Tung a oportunidade de construir a base de apoio do Partido Comunista entre os camponeses, que formavam a maioria da população.
A resistência contra os japoneses e a Terceira Guerra Civil
Em 1937 os japoneses invadiram a China. Dada a grande superioridade militar do Japão em comparação à República Chinesa, novamente o Partido Nacionalista recorreu à coalizão com o Partido Comunista, formando a Segunda Frente Unida.
Contudo, os japoneses só deixaram o território chinês após a derrota frente aos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Assim, a partir de 1946, retoma-se o conflito entre Nacionalistas e Comunistas (Terceira Guerra Civil). Já nos primórdios da Guerra Fria, o Partido Nacionalista passa a ser apoiado pelos Estados Unidos, enquanto o Partido Comunista recebia ajuda da União Soviética.
Embora em menor número, os comunistas estavam melhor organizados estrategicamente e contavam com o forte apoio popular. Isso acontecia porque os comunistas defendiam medidas como a reforma agrária, o combate à fome e a melhoria das condições de trabalho para operários e camponeses.
República Popular da China
Entre 1946 e 1949, após inúmeras batalhas, o Partido Comunista saiu-se vitorioso. Em 1949 foi proclamada a República Popular da China (denominação usada até hoje), tendo como líder Mao Tsé-Tung.
Os membros do Partido Nacionalista se refugiaram na ilha de Tawain, onde fundaram uma nova capital da República Chinesa, reconhecida pelos Estados Unidos.
Até hoje a República Popular da China considera Tawain uma província rebelde, sendo constantes as ameaças de invasão e reunificação.
A partir de 1949, teve início a Era Mao Tsé-Tung na República Popular da China, que durou até a morte do líder comunista em 1976. A implantação do comunismo na China teve diversas fases, como o Grande Salto para Frente (1958-1960) e a Revolução Cultural (1966-1976), sendo caracterizada pela forte doutrinação e perseguição aos que se opunham ao regime.
Após a morte de Mao Tsé-Tung, a China iniciou sua abertura econômica, movimento que conduziu o país ao status de superpotência econômica e política na atualidade.
Para saber mais sobre a China:
Referências Bibliográficas
HOBSBWAM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 144-177.
POMAR, Wladimir. A Revolução Chinesa. São Paulo: Editora UNESP, 2003
CASTRO, Ligia. Revolução Chinesa (1911-1949): resumo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/revolucao-chinesa/. Acesso em: