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Revolução Federalista

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A Revolução Federalista (1893-1895), foi uma guerra civil gaúcha disputada entre os federalistas (maragatos) e os republicanos (pica-paus).

O conflito teve como causa a eleição de Júlio de Castilhos, presidente do Rio Grande do Sul e membro do Partido Republicano. Seu críticos acusavam-no de centralização de poder, embora o político fosse amparado pela Constituição Estadual e pelos grupos positivistas.

O objetivo dos Federalistas era derrubar o governo de Júlio de Castilhos e reformar a Constituição Estadual. Já os Republicanos buscavam manter o viés positivista do governo estadual.

O conflito encerrou em 1895, após a mediação de Prudente de Morais, então Presidente da República. Considera-se que os Federalistas saíram derrotados do conflito, já que Júlio de Castilhos manteve-se no poder.

O conflito ocorreu durante o governo de Floriano Peixoto e representa uma das mais violentas e sangrentas revoltas travadas no sul do Brasil.

A revolução durou dois anos e meio, de fevereiro de 1893 a agosto de 1895.

Causas do conflito

A Revolução Federalista foi causada pela disputa de dois grandes grupos políticos: os Federalistas e os Republicanos.

Na época, o Rio Grande do Sul era um dos estados mais instáveis da República. Resultado dessa instabilidade, entre 1889 e 1893, o Estado teve ao todo dezessete governos diferentes.

Ao assumir o poder, Júlio de Castilhos (do Partido Republicano) estava amparado por uma Constituição Estadual de viés positivista. Desta forma, concedia uma forte centralização ao Presidente do Estado, o que estava de acordo com seus anseios.

Por outro lado, parte das elites políticas gaúchas defendiam um modelo descentralizado, com menos poder no governo Estadual e mais aos municípios. Eram os chamados Federalistas, representados principalmente por Gaspar da Silveira Martins (1835-1901) e Gumercindo Saraiva (1852-1894).

Havia também um componente social importante. Enquanto os Federalistas agrupavam os estancieiros tradicionais do interior gaúcho, os Republicanos eram apoiados por setores do litoral gaúcho. Estes eram uma elite mais recente, composta por muitos imigrantes e que buscavam aumentar sua influência.

O início do conflito ocorreu logo após a eleição de Júlio de Castilhos (Republicano) em fevereiro de 1893, o que foi contestado pelos Federalistas.

Maragatos e Pica-paus: grupos rivais

Origem dos nomes

Os Federalistas foram chamados de “Maragatos” pelos republicanos. "Maragato" é um termo usado no Uruguai para indicar os espanhóis oriundos da localidade de Maragataria, na província de Léon, Espanha.

Por sua vez, os Republicanos ou “Pica-Paus”, foram apelidados assim devido à vestimenta composta de roupa azul e quepe vermelho, que lembravam os pássaros.

Características dos grupos

Os maragatos faziam parte do Partido Federalista do Rio Grande do Sul, fundado em 1892. Eles estavam insatisfeitos com a ascensão de Floriano Peixoto à presidência do Brasil, após a renúncia de Deodoro.

Da mesma forma, eram contrários ao sistema de governo presidencialista centralizado.

Portanto, queriam estadualmente a deposição do republicano Júlio de Castilho (eleito Presidente do Estado), e ansiavam por um governo federalista, sobretudo, com a descentralização do poder.

Já os pica-paus acreditavam na consolidação do sistema republicano instalado em 1889, na centralização do poder e na modernização do país.

Estavam reunidos no Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e seu principal líder foi o jornalista e político positivista, na época Presidente do Estado, Júlio de Castilhos (1860-1903).

Estes também eram chamados de "Legalistas", "Chimangos" (nome de uma ave do Rio Grande do Sul) ou "Castilhistas" (referente ao líder do movimento: Castilhos) e estavam ao lado do presidente Floriano Peixoto.

Cerco da Lapa

Um dos episódios mais sangrentos e trágicos da Revolução Federalista ficou conhecido como o “Cerco da Lapa”, no Estado do Paraná.

Durante 26 dias, de 14 de janeiro a 11 de fevereiro de 1894, maragatos (liderados por Gumercindo Saraiva) e pica-paus (liderados pelo coronel Gomes Carneiro) se enfrentaram.

A batalha começou com a invasão dos maragatos no estado do Paraná, onde tomaram brevemente a capital, Curitiba. Com a chegada do reforço das tropas republicanas, oriundas de São Paulo, os maragatos foram massacrados.

Desfecho da Revolução Federalista

O estopim foi a tentativa de tomar a cidade de Bagé (RS) pelos Maragatos, devido sua posição estratégica. Dali, o movimento se espalhou por Santa Catarina e Paraná.

A revolução terminou em agosto de 1895, no governo de Prudente de Moraes, que recebeu a alcunha de “Pacificador”.

Prudente de Moraes assinou um tratado de paz com os maragatos, em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas (RS). Ali foi estabelecida a derrota dos maragatos pelos pica-paus bem como a anistia aos envolvidos.

Revolta da Armada e Revolução Federalista

Simultaneamente, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, estava acontecendo outro conflito, a "Revolta da Armada".

Esta se tratava de uma disputa entre a Marinha, que se levantou contra o governo de Floriano Peixoto, e o Exército, que ficou ao lado deste presidente.

Alguns combatentes da Revolta da Armada tentaram se aliar com os federalistas no sul do país, os quais haviam conquistado a cidade de Desterro (atual Florianópolis), em Santa Catarina.

No entanto, Floriano Peixoto, deu fim às duas revoltas em 1894, o que lhe conferiu a denominação de “Marechal de Ferro”, devido à repressão violenta.

Curiosidades

A revolução federalista também ficou conhecida como a “Revolução da Degola”, posto que o degolamento era comum, com o intuito de poupar armas e munições. Nesse contexto, muitos Federalistas e Republicanos foram degolados, aproximadamente 2 mil vítimas.

Numa população de um milhão de pessoas, a Revolução Federalista deixou cerca de 12 mil mortos, dentre pica-paus e maragatos.

Para praticar: Exercícios sobre a Revolução Federalista (com gabarito explicado)

Veja também:

Revolta da Armada

República da Espada

Referências Bibliográficas

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

SCHWARCZ, Lilia M; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.