Alemanha Oriental

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Após a Segunda Guerra Mundial, durante a Conferência de Postdam, a Alemanha foi dividida entre as potências aliadas e a União Soviética.

Em 1949, o país foi formalmente dividido dando origem a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e a República Federal Alemã (Alemanha Ocidental).

A Alemanha Oriental estava sob influência socialista e soviética, com capital em Berlim. Por sua vez, a parte ocidental vivia sob órbita capitalista e americana, cuja capital era Bonn.

Esta divisão seguia a lógica da Guerra Fria que dominou a ordem mundial até 1989 com a Queda do Muro de Berlim.

Alemanha Oriental

Berlim

A antiga capital alemã não escapou desta divisão. Berlim situava-se em plena Alemanha Oriental e ali coexistiram dois sistemas de governo e duas moedas na mesma cidade.

Primeiro, foi dividida de maneira sutil com bairros e zonas destinados ao lado capitalista e ao lado socialista. Porém, partir de 1961, de forma física, com a construção do Muro de Berlim.

Em 1953, vários operários da Alemanha Oriental, marcham em Berlim pedindo melhores condições de vida e mais liberdade. São duramente reprimidos pela polícia que atirou na multidão desarmada, além de prender de 13.000 a 15.000 pessoas.Diante desta coerção, cerca de 3 milhões de alemães passam para o lado Ocidental.

Quanto mais o regime soviético dominava e reprimia a população da Alemanha Oriental, mais pessoas se mostravam insatisfeitos e fugiam para o lado Ocidental.

As autoridades da Alemanha Oriental buscam uma solução para impedir que os cidadãos berlinenses debandassem para o lado capitalista e constroem o Muro.

Leia mais sobre o Muro de Berlim.

Política

O sistema político na República Democrática Alemã estava inspirado na organização socialista soviética. Desta maneira, havia um grande partido, o socialista e outros minoritários com pouca representatividade. Não havia eleições diretas.

Os partidos políticos de oposição estavam formalmente proibidos. A população era cooptada através de associações e agrupamentos sociais e culturais a fim de construir o novo homem socialista.

Bandeira da Alemanha Oriental

Bandeira da Alemanha Oriental com o martelo e o esquadro ao centro.

Repressão Política: Stasi

A Stasi era o órgão responsável por vigiar cidadãos que tivessem ideias contrárias ao socialismo. Escutar rock, faltar à manifestação do Primeiro de Maio, usar roupas ocidentais, questionar a autoridade, tudo isto poderia ser visto como suspeito pela Stasi.

Artistas, estudantes, políticos, todos podiam ser alvo de investigação que incluíam também prisões arbitrárias, interrogatórios violentos, isolamento e tortura.

Economia

A economia da Alemanha Oriental baseava-se no modelo socialista soviético. Assim, os alemães adotaram o modelo de economia planificada através dos Planos Quinquenais. Não existia a propriedade privada e tudo pertencia e era administrado pelo Estado. As indústrias bélica e pesada eram as privilegiadas nesse modelo.

Ainda que as necessidades básicas da população estivessem cobertas como educação, moradia e saúde, não havia liberdade política, nem individual. Igualmente, a variedade de produtos era mínima.

Cultura

A produção cultural deveria estar pensada para exaltar os ideais socialistas e denegrir o mundo capitalista. Muitas produções eram influenciadas diretamente pelo realismo soviético.

Obras de teatro, cinema e livros deveriam ter como temática a luta da classe trabalhadora e seu esforço para construir uma sociedade igualitária. As vanguardas artísticas, como o abstracionismo, eram vistas com desconfiança.

Além disso, qualquer produção artística necessitava autorização para ser reproduzida.

Modo de Vida

Com o intuito de construir uma sociedade onde todos fossem iguais havia uma padronização generalizada que ia desde as moradias até as vestimentas. Os apartamentos eram igual para todos, e a variedade de papéis de parede, objetos de decoração e móveis era mínima.

As roupas alemãs eram sempre padronizadas, exceto para quem poderia pagar mais. Os tecidos eram poucos e as lojas vendiam praticamente os mesmos modelos para o povo comum. O jeito foi as mulheres aprenderem a costurar seus próprios vestidos e fazer seus acessórios para se diferenciarem.

O melhor exemplo dessa padronização era a indústria automobilística. Existia apenas um único modelo de automóvel, o Trabant, que os alemães orientais deveriam esperar anos e anos para obter. O modelo era simples e ultrapassado, mas todos desejavam possui-lo.

Trabant

O automóvel Trabant

Fim da República Democrática Alemã

Na década de 80, o modelo soviético dava claro sinais de esgotamento econômico. Sem conseguir acompanhar o ritmo da indústria capitalista, os produtos industrializados do mundo socialista eram ultrapassados e tinham um mercado consumidor reduzido.

Em 1985, Mikhail Gorbachev é eleito como secretário-geral do Partido Comunista na URSS e promete abertura política e econômica. Animados por este exemplo, vários países que estavam sob a "Cortina de Ferro", sentem que podem reivindicar mais liberdades.

Na Alemanha Oriental, jovens estudantes se reuniam em igrejas para escutar música e depois saíam em manifestações para pedir mais direitos. Eram constantemente vigiados e reprimidos pela polícia, mas mesmo assim, as passeatas prosseguiram.

Em novembro de 1989, um político alemão declarou para a TV que o Muro seria aberto imediatamente. Apesar de querer dizer que seria dentro de poucos dias, a população entendeu que abertura se daria naquela mesma noite.

Deste modo, milhares de berlinenses foram às ruas para destruir o Muro e reunificar a cidade e o país.

Apesar das diferenças entre os dois países, a Alemanha se reunificou em tempo recorde. A parte Ocidental assumiu todos os encargos econômicos, políticos e econômicos da República Democrática Alemã.

A Queda do Muro marcou o fim da Guerra Fria e acelerou a desintegração da URSS.

Saiba mais sobre John Kennedy.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.