Queda do Muro de Berlim

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O Muro de Berlim caiu dia 9 de novembro de 1989.

A Queda do Muro de Berlim significou o fim da Guerra Fria, a reunificação das duas Alemanhas, o término dos regimes socialistas e o início da globalização.

Simbolicamente, representa a vitória do capitalismo sobre o socialismo.

Sua queda foi possível devido à pressão internacional, e às manifestações registradas nas duas Alemanhas.

O fim do Muro de Berlim

Considerado um dos principais emblemas da Guerra Fria, o Muro de Berlim havia sido levantado em 13 de agosto de 1961.

Em 1989, 28 anos após a divisão que deu origem às duas Alemanhas, protestos surgem de ambos os lados pedindo a queda do muro que dividia Berlim.

Desta forma, em 4 de novembro de 1989, 1 milhão de pessoas foram às ruas de Berlim Oriental exigindo reformas.

No dia 9 de novembro, os telejornais anunciam que as fronteiras de Berlim Oriental seriam abertas, mas o problema é que nenhum político havia dito quando isto aconteceria.

Cidadãos derrubam o muro com marretas observados por soldados ao fundo
Cidadãos tentam derrubar o Muro de Berlim

No entanto, isto foi o suficiente para que milhares de pessoas fossem aos postos fronteiriços. Por isso, na noite daquele mesmo dia, mais precisamente às 23h, o muro começa a ser derrubado por berlinenses eufóricos com marretas, martelos e picaretas.

Num dos controles de fronteira, chamado "Bornholmer Strasse", a pressão é tanta que os portões são abertos e a população começa a atravessar as fronteiras.

Do outro lado, na Berlim Ocidental, os berlinenses da RDA (República Democrática Alemã) são recebidos com festas, abraços e cerveja.

Origem da Queda do Muro de Berlim

Os primeiros passos para reaproximação entre Alemanha Ocidental e Oriental foram dados em 1973, quando ambos os países reataram seus laços diplomáticos.

Mais tarde, em 1980, a República Democrática Alemã permitiu que seus cidadãos visitassem o lado ocidental, mediante o pagamento de uma taxa e apresentação de documentos.

Ronald Reagan discursa em Berlim diante do Portão de Brandeburgo e pede o fim do Muro
Ronald Reagan discursa em Berlim: "Sr. Gobarchev, abra este portão. Sr. Gobarchev, derrube este Muro"

Estas mudanças se deviam a péssima situação financeira da Alemanha Oriental e o país pediu empréstimos para seu aliado tradicional, a União Soviética. Porém, desta vez, a própria URSS atravessava um momento econômico delicado pelos gastos em armamentos e a Guerra do Afeganistão e não pode socorrer seu aliado.

Sendo assim, a Alemanha Oriental acena para os ocidentais. Estes oferecem um crédito financeiro, mas o condicionam ao respeito aos Direitos Humanos e a gestos concretos como a libertação de prisioneiros.

Em 1987, o presidente americano Ronald Reagan realiza uma visita a Berlim, onde pede ao líder soviético, Gorbachev, que derrube o Muro.

Consequências da queda do Muro de Berlim

Após a Queda do Muro de Berlim, os dirigentes da Alemanha Oriental afirmaram que não pretendiam unificar as duas nações. Esta união também não era vista com bons olhos por França e Inglaterra, pois a Alemanha voltaria ser o maior e mais poderoso país da Europa.

No entanto, a reunificação da Alemanha já era um processo em marcha nas ruas e nos gabinetes políticos, e ocorreu cerca de um ano depois da queda do muro, em outubro de 1990.

Naquele momento, as diferenças econômicas entre a porção ocidental e capitalista, daquela oriental e socialista eram muito grandes. A RDA encontrava-se empobrecida e precisou de recursos públicos ocidentais para chegar ao mesmo nível que o lado ocidental.

Este processo de reintegração perdura até os dias atuais, através da construção de infraestruturas, geração de empregos e incentivos fiscais.

O processo do fim da Alemanha Oriental se espalhou por todo o bloco comunista e todos os países da Europa do Leste mudaram de regime político. Estas mudanças alcançaram inclusive, à URSS e, em 1991, se decretou o fim da União Soviética.

O Muro de Berlim e as fugas para Alemanha Ocidental

O objetivo da construção do Muro de Berlim era evitar a fuga de habitantes da República Democrática da Alemanha (socialista) para a República Federal da Alemanha (capitalista).

No ano de 1961, quando foi construído, cerca de mil pessoas passavam diariamente para o lado capitalista. Os meios de fuga mais comuns foram os túneis, a travessia entre prédios justapostos ao muro, em carros que furavam os bloqueios ou pelo rio.

Soldado alemão salta o arame farpado e corre em direção a Alemanha Ocidental
O soldado da Alemanha Oriental, Conrad Schumann, pula em direção à Berlim Ocidental, em 15 de agosto de 1961

Estima-se que 75 000 pessoas foram acusadas de deserção por tentarem fugir, das quais 18 300 foram condenadas e presas.

Mesmo após a construção do Muro, muitas pessoas evadiam a fronteira. Contudo, em 1989, os húngaros abriram suas fronteiras com a Áustria, permitindo que mais de 60 mil pessoas, especialmente alemães orientais, atravessassem seus territórios rumo à Alemanha Ocidental.

Mortes do Muro de Berlim

Acredita-se que mais de 100 pessoas tenham morrido ao tentar atravessar o Muro de Berlim. A primeira pessoa a ser morta pelos soldados tentando atravessar o muro foi o alfaiate Günter Litfin, baleado no dia 24 de agosto de 1961, onze dias após a construção da barreira.

Em 17 de agosto de 1962, ocorre a morte mais noticiada, quando o pedreiro Peter Fechter é alvejado e morre diante das câmeras de TV. Entretanto, as mortes mais dramáticas ocorrem no ano de 1966, quando duas crianças de 10 e 13 anos, são baleadas e falecem.

Por conseguinte, no dia 8 de março de 1989, o engenheiro Winfried Freudenberg cai com seu balão de gás, sendo a última pessoa a perecer ao tentar cruzar o muro.

Veja também:

Referências Bibliográficas

POMERANZ, Lenina - A queda do Muro de Berlim. Reflexões vinte anos depois. Revista USP, São Paulo, n.84, p. 14-23, dezembro/fevereiro 2009-2010

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.