Corrida Espacial

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A corrida espacial, iniciada em 1957, foi uma competição tecnológica, travada entre a União Soviética e os Estados Unidos pela conquista da órbita terrestre.

O objetivo era desenvolver tecnologia que permitisse a construção da primeira aeronave espacial tripulada em órbita e a chegada à Lua.

A Corrida Espacial e a Guerra Fria

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética deixaram de ser aliados e passaram a disputar a influência política e econômica no mundo.

Começaram a confrontar-se de forma indireta em territórios periféricos, mas também no campo da cultura, dos esportes e da tecnologia. Entretanto, nunca se enfrentaram diretamente em nenhum conflito militar e, por isso, este período deu-se o nome de Guerra Fria.

Uma das faces mais visíveis desta disputa foi a Corrida Espacial. Esta consistia no desenvolvimento de veículos que fossem capazes de sobrevoar a órbita terrestre e, quem sabe, ir mais além ao espaço. Igualmente, se pensou em construir um escudo que protegesse cada nação dos mísseis do país inimigo.

Para os estudos e desenvolvimento tecnológico, os governos dos dois países recrutaram os melhores cientistas e engenheiros da Alemanha, que se encontravam desempregados após o conflito de 1939-1945.

Resumo da Corrida Espacial

Embora os dois países tivessem a mesma capacidade técnica e operacional, foram os soviéticos os primeiros a colocarem um satélite em órbita.

Programa espacial soviético

Yuri Gagarin
Yuri Gagarin confirmou: "a Terra é azul".

Os soviéticos foram os primeiros a mandar o satélite Sputnik I ao espaço em 4 de outubro de 1957. A ação russa foi interpretada pelos norte-americanos como um desafio, e quatro meses mais tarde, os EUA colocam o Explorador I em órbita.

Seguiriam os esforços para mandar seres humanos nas naves e para isso, foram feitos testes com animais como a cachorra Laika, em 1957, e outros dois cães e camundongos em 1963.

Com o êxito desta última missão, os soviéticos se prepararam para transportar humanos ao espaço. Assim, o cosmonauta Yuri Gagarin (1934-1968), em 12 de abril de 1961, pôde contemplar a Terra mais além da órbita tripulando a nave Vostok I.

Dois anos depois, a União Soviética enviaria a primeira mulher ao espaço, Valentina Vladimirovna Tereshkova, em 16 de junho de 1963.

Se os americanos olhavam cada vez mais para a Lua, a URSS passou a se concentrar mais nas possibilidades de colonizar o espaço e isso foi feito com a primeira Estação Espacial, lançada em 1971. Naquele ano, três cosmonautas passaram ali três semanas realizando experimentos.

Os soviéticos ainda mandaram sondas para Marte (1971) e Vênus (1972) deixando de lado o sonho de chegar ao satélite terrestre.

Programa espacial americano

Missão Apollo 11
Neil Armstrong caminha pela Lua durante a missão Apollo 11, em 1969

Após três meses do lançamento do Sputnik, os EUA lançaram o satélite Explorer I, em 31 de janeiro de 1958, que permaneceu ativo, mandando informações sobre meteoritos, até maio do mesmo ano.

No entanto, a missão de Yuri Gagarin fez novamente os Estados Unidos sentirem-se superados. A pressão política interna aumentou nos Estados Unidos diante do desempenho russo e os norte-americanos consideravam-se envergonhados por não liderarem a corrida espacial.

Assim, em 1961, o presidente John Kennedy (1917-1963) anunciou no Congresso que seriam os EUA o primeiro país a levar um homem ao solo lunar pelo projeto Apollo Moon.

Em paralelo, foi lançado o Programa Gêmeos, responsável pelo desenvolvimento de uma nave espacial que fosse capaz de fazer o ser humano alunissar e voltar em segurança. Um ano depois, em 20 de fevereiro de 1962, John Glenn orbitou a terra a bordo da nave Friendship 7.

O êxito das pesquisas foi demonstrado em 20 de julho de 1969, quando Neil Armstrong (1930-2012) pisa em solo lunar após uma viagem de três dias juntamente com os astronautas Buzz Aldrin e Michael Collins.

Os americanos ainda mandariam mais seis missões tripuladas que alunissariam e trariam pedras lunares para serem analisadas pelos cientistas.

Fim da Corrida Espacial

Vários motivos puseram fim a corrida espacial. Uma das razões foi o encarecimento do combustível, com a primeira crise de o petróleo em 1973, que aumentou consideravelmente os custos de produção.

Também uma aproximação diplomática entre as duas potências, iniciada nos 70, com o objetivo de terminar com a Guerra Fria. Além dos encontros entre os presidentes se iniciou a cooperação entre as agências espaciais soviética e americana.

O resultado foi o projeto Apollo-Soyus onde as naves espaciais Apollo, americana, e Soyus, soviética, encontraram-se e se acoplaram no espaço, em 17 de julho de 1975. Era o fim da corrida espacial.

Embora a missão tenha sido um êxito, o programa não foi adiante e as duas nações só voltariam a cooperar em programas espaciais nos anos 90.

Corrida Armamentista

O termo Corrida Armamentista é utilizado para demonstrar o comportamento de governos que aumentam em um curto espaço de tempo a quantidade e qualidade dos instrumentos bélicos em tempos de paz.

A primeira corrida armamentista contemporânea ocorreu quando a França e a Rússia desafiaram a superioridade naval britânica, no fim do século XIX.

Foi a tentativa da Alemanha de superar o poderio da Grã-Bretanha que culminou com a Primeira Guerra Mundial.

O primeiro acordo para a limitação ao acúmulo de armas foi assinado em Washington para ponderar a tensão entre os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão.

Quando a disputa pelo poder no espaço começou entre os dois países, a expressão "corrida" foi novamente utilizada, mas desta vez, com o termo "espacial" para diferenciá-lo do primeiro.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.