Satélites Sputnik

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Sputnik (companheiro de viagem ou satélite, em russo) foi o nome usado para designar as aeronaves do programa espacial soviético.

O lançamento do Sputnik 1, em 4 de outubro de 1957, causou pânico nos americanos, que se viram superados pelos soviéticos na corrida espacial.

Além disso, provou que a União Soviética era capaz de lançar mísseis intercontinentais.

A Corrida Espacial e o o Sputnik

O mundo vivia a Guerra Fria, período no qual Estados Unidos e União Soviética disputavam a supremacia econômica e política em todo planeta.

Isto significava que ambos os países procuravam se superar em todos os campos. Desde armamentos, influência econômica e, claro, tecnologia.

Desta maneira, buscaram investir na conquista do espaço, algo que já havia sido tentado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Os soviéticos saíram na frente lançando os primeiros satélites artificiais, que receberam o nome de "Sputnik". Veja abaixo as características de cada um deles.

Sputnik 1

Satélites Sputnik
Aspecto do satélite Sputnik 1

O satélite Sputnik 1 tinha o tamanho equivalente a uma bola de basquete e pesava 83,6 quilos. Nos 21 dias em que funcionou, enviava um sinal sonoro à Terra por meio de dois transmissores de rádio.

Foi lançado dia 4 de outubro de 1957 e cinquenta e sete dias depois foi destruído enquanto entrava na atmosfera terrestre.

O projeto surpreendeu não só a comunidade científica, mas deu início à corrida espacial entre soviéticos e estadunidenses. O satélite foi colocado em órbita com a ajuda do míssil R7, que era capaz de percorrer grandes distâncias e, supostamente, atingir os Estados Unidos.

O lançamento do Sputnik obrigou os Estados Unidos a criar a NASA (Agência Espacial Norte-americana) e investir pesado na exploração aeroespacial.

Sputnik 2

Sputinik 2
A cachorra Laika a bordo do Sputinik 2

Em 3 de novembro de 1957, um mês após a missão do Sputnik 1, os soviéticos mandaram o primeiro ser vivo ao espaço: a cadela Laika.

O animal, de três anos de idade, foi escolhido entre outros três cães de rua e submetida a testes para suportar a viagem espacial.

O Sputnik 2 tinha forma de cone, 4 metros de altura e pesava 113 quilos. Por sua parte, Laika usou o primeiro traje projetado para o espaço e foi desenvolvido um alimento especial para ela, que consistia numa solução gelatinosa.

Igualmente havia sensores para monitorar os batimentos cardíacos, a pressão arterial e uma câmara de televisão.

Em Terra, o futuro de Laika foi debatido e a conclusão era de que o animal teria que morrer no espaço. No entanto, as autoridades garantiam que ela ainda viveria por uma semana e teria uma morte indolor.

O verdadeiro destino de Laika, porém, só foi revelado em 2002, pelo cientista Dimitri Malashenkov, num congresso espacial promovido na cidade de Houston, no Texas. O cientista russo revelou que o animal morreu de cinco a sete horas depois do lançamento devido ao superaquecimento da aeronave.

O Sputnik 2 deu 2570 voltas à Terra e ficou 162 dias em órbita. Queimou-se ao tocar na atmosfera terrestre em 14 de Abril de 1958.

Já a cachorra Laika é considerada uma heroína para os russos e em 2008, uma estátua foi erguida em Moscou em sua homenagem.

Sputnik 3

Sputnik 3
O Sputnik 3 era mais potente que seus antecessores e ficou dois anos em órbita

O satélite Sputnik 3 foi lançado em 15 de maio de 1959 e sua missão durou dois anos. Esta máquina era mais pesada e maior que as anteriores: pesava um pouco mais de uma tonelada e tinha 3,57 metros de altura.

No seu interior carregava um laboratório. Através de vários instrumentos, os cientistas puderam estudar o campo magnético da Terra, a pressão cósmica, micro meteoros e a composição da atmosfera.

Este tempo foi suficiente para a realização dos estudos que culminariam no envio, pelos soviéticos, do primeiro homem ao espaço em 1961.

Sputnik 4

Sputnik 5

O lançamento do Sputnik 4 ocorreu em 15 de maio de 1960. Desta vez, o satélite já demonstrava a evolução da corrida espacial e uma cabine foi projetada para transportar um ser humano.

Um manequim foi enviado ao espaço, mas a aeronave apresentou falhas para reentrar na atmosfera terrestre.

Sputnik 5

Sputnik 5
As cachorras Belka e Strelka a bordo do Sputnik 5

O último satélite Sputnik, o 5, foi lançado ao espaço no dia 19 de agosto de 1960. Era um dos testes mais decisivos para a sobrevivência de um ser vivo no espaço.

O Sputnik 5 carregava dois cães, Belka e Strelka, além de 40 camundongos, ratos e plantas. Todos os animais retornaram com vida à Terra e se tornaram os primeiros seres a voltar vivos do espaço.

Esses experimentos foram essenciais para mandar Yuri Gagarin à órbita terrestre, o primeiro ser humano a fazê-lo, em 12 de abril de 1961.

A Guerra Fria e o Sputnik

O lançamento dos primeiros satélites artificiais, Sputinik 1, 2 e 3, deixaram os americanos extremamente preocupados com a possibilidade de serem espionados pelos soviéticos desde o espaço. Por isso, o presidente Einsenhower decidiu reformular o programa espacial americano criando a NASA, em 1958.

No entanto, a gota d’água foram os soviéticos terem conseguido por em órbita o primeiro homem no espaço em 1961. Isto motivou o presidente John Kennedy a pronunciar um discurso no Congresso pedindo mais verbas para a pesquisa aeroespacial e a promessa que os americanos pousariam na Lua antes do final da década de 60.

Os soviéticos ainda mandariam a primeira mulher ao espaço e enviariam sondas para Vênus e Marte. Os americanos concentraram-se em mandar homens para a Lua, algo que seria alcançado com o foguete Apollo 11, em 20 de junho de 1969.

Aniversário da missão

O lançamento do Sputnik 1 completou 60 anos em 2017. Para lembrar desse feito a agência espacial europeia produziu um vídeo que você pode conferir abaixo.

ESA Euronews: A lenda do Sputnik 60 anos depois Ver no YouTube

Veja também: O que é Universo?

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.