Fim da URSS

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) terminou em 8 de novembro de 1991.

Sem condições de acompanhar os avanços tecnológicos ocidentais e manter um nível de qualidade para a população, a URSS foi declinando lentamente.

Igualmente, as repúblicas que formavam a União Soviética exigiam mais autodeterminação e liberdades políticas.

Principais Causas

Vários são os motivos para que URSS entrasse em colapso:

  • Crise desencadeada pelo modelo econômico que impunha a população a viver com a escassez de muitos bens de consumo;
  • Reformas mal conduzidas que levaram à deterioração da qualidade de vida da população;
  • Descontentamento popular com a oferta de produtos, principalmente alimentos;
  • As diferenças de qualidade de vida entre os cidadãos da URSS e os do bloco capitalista;
  • Concentração do poder;
  • Enfraquecimento do poder central;
  • O autoritarismo, com a censura à imprensa e as mais diversas formas de manifestações populares;
  • Controle da Igreja e demais religiões;
  • Enfraquecimento da disciplina do Partido Comunista devido à divisão ideológica;
  • Guerra Fria e a pressão do Ocidente.

Resumo

Em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu a secretaria do Partido Comunista e colocou em prática os planos da perestroika (reestruturação) e glasnost (transparência).

Esta política pretendia:

  • modernizar a economia da Rússia;
  • reduzir a participação do Estado na economia;
  • diminuir a interferência do governo nas questões civis.

Rapidamente, o modelo demonstrou sinais de ineficiência. A União Soviética precisou reduzir os gastos militares, passou a interferir menos nos problemas políticos dos países socialistas e também limitou o auxílio econômico a essas nações.

Assim, os soviéticos retiraram suas tropas do Afeganistão, sem terem conseguido a vitória que desejavam.

Igualmente, os países do Leste Europeu lutavam por mais liberdades. Em 1989, a população de Berlim derrubou o muro que separava a cidade e precipitou a reunificação da Alemanha.

Populações de países como Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária, Polônia e Romênia também foram às ruas para exigir mudanças e mais democracia.

Ao contrário do que havia acontecido em anos interiores, quando as tropas soviéticas intervinham, desta vez os soldados ficaram nos quartéis.

Desta maneira, estes países puderam se redemocratizar e muitos ingressaram na União Europeia.

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Movimentos Separatistas

Fim da URSS

Milhares de pessoas comemoram a independência da Lituânia, em 1990

A situação interna era caótica, pois em várias regiões da URSS emergiram movimentos separatistas.

A crise começou nos anos 80, mas se aprofundou nos anos 90, com a ascensão de tendências nacionalistas em praticamente todas as repúblicas soviéticas.

A primeira manifestação separatista a vir à tona foi na Lituânia. Seguiram-se protestos na Estônia e Letônia, seguidas da Geórgia, Azerbaijão, Moldávia e Ucrânia.

Em paralelo, Gorbachev era questionado pela burguesia russa, temerosa de perder os privilégios, e os opositores.

O principal líder da oposição era Boris Yeltsin, que exigia reformas radicais e planejou um golpe contra Gorbachev.

Golpe no Partido Comunista

Assinatura da CEI

Dirigentes da antiga URSS assinam o tratado da Comunidade dos Estados Independentes

Os acontecimentos de agosto de 1991, contudo, marcaram o colapso, quando um golpe suspendeu as atividades do Partido Comunista.

O partido perdeu os poderes no Conselho Supremo da URSS, por decisão dos deputados integrantes do Congresso.

A dissolução do congresso da União Soviética foi anunciada em setembro de 1991.

Em 8 de dezembro, ocorreu a assinatura da dissolução da União Soviética entre os líderes da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.

Em seguida, foi formada a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), que consistia em reunir as antigas repúblicas que formaram a URSS. Dos 15 países, 12 retificaram o tratado.

As repúblicas bálticas - Estônia, Lituânia e Letônia - se recusaram a participar, pois alegaram que sua incorporação a URSS havia ocorrido sob coerção.

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Federação Russa

A Federação Russa assumiu as obrigações internacionais da URSS e as dívidas externas dos países.

A Rússia retirou os bens da URSS que ficaram em países estrangeiros, incluindo as instalações como embaixadas e consulados.

O comando das forças militares, o controle das armas nucleares e a gestão da pesquisa de exploração espacial ficou sob administração da Rússia.

As armas nucleares pertencentes à Ucrânia, Bielorrússia e Cazaquistão foram destruídas porque essas nações desistiram deste tipo de equipamento militar.

O exército russo retirou-se dos países bálticos, que tiveram que reestruturar suas forças militares a partir da independência.

Consequências do Fim da URSS

Com o fim da URSS, o mundo passou a ter somente o capitalismo e o liberalismo como ideologia econômica e política.

O fim do regime soviético inaugurou o processo da globalização e da economia de mercado que dominam o planeta atualmente.

Além disso, verificamos que:

  • O território russo e a população foram reduzidos em um quarto;
  • O acesso a portos marítimos passou a ser um entrave;
  • Inúmeros conflitos étnicos tomaram conta da das ex-repúblicas soviéticas, que também passaram a disputar territórios;
  • Uma única superpotência passou a existir: os Estados Unidos.

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Curiosidades

  • A postura liberal assumida por Gorbachev lhe rendeu em 1990 o "Prêmio Nobel da Paz" numa clara demonstração de que as medidas agradavam ao Ocidente.
  • O evento é considerado a maior catástrofe geopolítica do século XX.
  • Uma vez que a URSS deixou oficialmente de existir, a população passou a retirar e derrubar todos os símbolos do socialismo como estátuas de Lenin, Stalin, Trotski, Marx e demais líderes do partido.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.