Capitalismo

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

O capitalismo é um sistema econômico e social baseado no direito à propriedade privada, no lucro e na acumulação de capital.

A palavra capital vem do latim capitale e significa "cabeça", no qual faz alusão às cabeças de gado, ou seja, uma das medidas de riqueza nos tempos antigos.

Atualmente, capital está relacionado diretamente com o dinheiro ou crédito.

Também conhecido como economia de mercado, o capitalismo opera através das leis da livre iniciativa, da livre concorrência e das leis da oferta e da procura.

Ele surgiu no século XV, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, a partir da decadência do sistema feudal e do nascimento de uma nova classe social, a burguesia.

O sistema capitalista se consolidou a partir das revoluções burguesas ocorridas nos séculos XVII e XVIII e, da Revolução Industrial, que instituiu um novo modo de produção.

Características do Capitalismo

O capitalismo se assenta no pensamento liberal e é orientado por alguns fatores determinantes:

  • O direito à propriedade privada, compreendido como um direito natural dos seres humanos.
  • A livre iniciativa;
  • A livre concorrência;
  • A lei do mercado (oferta e procura);
  • O lucro como o objetivo principal da produção;
  • A possibilidade de acumulação de riquezas;
  • A instituição do trabalho assalariado no lugar da servidão;
  • O controle dos sistemas produtivos por parte de proprietários privados e do Estado.

Fases do Capitalismo

Podemos dizer que o capitalismo está dividido, historicamente, em três fases. São elas:

  • Capitalismo Comercial ou Mercantil (pré-capitalismo)
  • Capitalismo Industrial ou Industrialismo
  • Capitalismo Financeiro ou Monopolista

Capitalismo Comercial

O pré-capitalismo ou capitalismo comercial, chamado também de mercantilismo, vigorou dos séculos XV ao XVIII.

Nesta época, a Europa passa pela transição do feudalismo para o capitalismo. A terra deixa de estar associada diretamente ao poder e se torna um bem, podendo ser vendido como qualquer mercadoria.

Assim, o intuito principal do capitalismo comercial estava no acúmulo de capital através do comércio, da balança comercial favorável (vender mais do que consome) e da conquista de colônias.

Capitalismo Industrial

O Capitalismo Industrial ou Industrialismo surgiu com a Revolução Industrial no século XVIII, a partir da transformação do sistema de produção.

Nesse caso, houve a mudança no modo de fabricar produtos manufaturados. Antes, cada produto era feito de maneira artesanal, em pequenas quantidades. Nesse modo, a demanda era anterior à produção.

Com o surgimento do motor a vapor e de máquinas mais elaboradas, passa-se para grandes escalas de produção. A oferta dos produtos passa a ser anterior à demanda, cresce a necessidade de criar um mercado consumidor.

Desta maneira, o Capitalismo Industrial enfoca no desenvolvimento do sistema fabril de produção. Este vai necessitar mais mão de obra e desta maneira surge a classe operária.

Capitalismo Financeiro ou Monopolista

Por fim, o capitalismo financeiro, iniciado no século XX, consolidado com a Primeira Guerra Mundial, vigora até os dias atuais.

O capitalismo financeiro está fundamentado nas leis dos bancos, das empresas e das grandes corporações por meio do monopólio industrial e financeiro.

Por isso, essa terceira fase do capitalismo é conhecida como Capitalismo Monopolista Financeiro. Importante ressaltar que as indústrias e os comércios ainda lucram, porém, são controlados pelo poderio econômico dos bancos comerciais e de outras instituições financeiras.

Poucas e grandes empresas passaram a dominar o mercado através de trusts, holdings e cartéis.

Baseado no fenômeno da globalização, alguns estudiosos defendem a teoria de que o capitalismo já está numa nova fase de desenvolvimento, denominada de capitalismo informacional.

Liberalismo

No século XVIII, com as mudanças produzidas nos sistemas políticos e econômicos, surgem vários teóricos que pretendem explicar o funcionamento da economia, por conseguinte, do capitalismo.

Desta maneira, surgem duas correntes:

  • Liberalismo: defende que a interferência do Estado deve ser mínima, encarregando-se apenas de regular a economia, cobrar impostos e cuidar do bem-estar dos cidadãos.
  • Anti-liberalismo ou intervencionista: entende que a economia deve ser planejada a partir do Estado, que fixaria preços, estabeleceria monopólios e regulações.

Origem do capitalismo

O capitalismo surgiu na Europa Ocidental devido às mudanças ocorridas no sistema feudal. Com a centralização do poder nas mãos do rei e da ascensão da burguesia a partir do comércio e da circulação de mercadorias.

O surgimento de novas técnicas de fabricação e o aumento da urbanização possibilitaram a mudança do modo de produção e permitiram o barateamento e o melhor atendimento às demandas de mercadorias.

Capitalismo
O Banqueiro e sua esposa, de Marinus van Reymerswaele, de 1539

A melhoria dos meios de transporte, principalmente o marítimo, possibilitou a chegada desses produtos a territórios distantes e o estabelecimento de rotas comerciais.

Desde então, o capitalismo sofreu uma série de transformações, mas manteve sua base fundamental e características principais.

Para Adam Smith, um dos principais pensadores do liberalismo, o sistema capitalista é o único que pode funcionar por ter como base a necessidade natural dos indivíduos de atender os seus interesses próprios.

O autointeresse seria guiado por uma mão invisível que conduziria à melhoria das condições de vida da sociedade como um todo.

Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.


Assim, o sistema preza pela redução da intervenção do Estado na economia, para que o próprio mercado possa regular as suas relações.

Leia mais:

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).