Mercantilismo

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História

O Mercantilismo foi o conjunto de ideias e práticas econômicas desenvolvidas nos Estados modernos europeus entre os séculos XV e XVIII.

Baseava-se na forte intervenção do Estado na economia, buscando acumular o máximo de riquezas por meio do comércio com o mercado exterior e pelo acúmulo de metais preciosos.

Características do Mercantilismo

O mercantilismo apresentou algumas características em comum nos diferentes países em que se desenvolveu. São elas:

  • Controle estatal da economia
  • Balança comercial favorável
  • Monopólio
  • Protecionismo
  • Metalismo

Controle estatal da economia

Os reis absolutistas, com o apoio da burguesia mercantil, foram assumindo o controle da economia nacional, visando fortalecer ainda mais o poder central e obter os recursos necessários para expandir o comércio.

Dessa forma, o controle estatal da economia tornou-se a base do mercantilismo.

Balança comercial favorável

Consistia na ideia de que a riqueza de uma nação estava associada à sua capacidade de exportar mais do que importar.

Para que as exportações superassem sempre as importações (superávit), era necessário que o Estado se ocupasse com o aumento da produção e na busca de mercados externos para a venda dos seus produtos.

Monopólio

Os governos, interessados numa rápida acumulação de capital, estabeleceram monopólio sobre as atividades mercantis e manufatureiras, tanto na metrópole como nas colônias.

Dono do monopólio, o Estado concedia à burguesia, através das Companhias de Comércio, o direito de explorar, com exclusividade, o comércio de pessoas escravizadas, a venda de produtos agrícolas das colônias, etc.

A burguesia, favorecida pela concessão exclusiva, comprava pelo preço mais baixo o que os colonos produziam e vendiam pelo preço mais alto tudo o que os colonos necessitavam. Dessa forma, a economia colonial funcionava como um complemento da economia da metrópole, estabelecendo assim o chamado Pacto Colonial.

Protecionismo

Protecionismo significa proteger o mercado interno de um país.

Através do aumento das tarifas alfandegárias, que elevavam os preços dos produtos importados, os governos garantiam o mercado interno para os produtores nacionais.

O protecionismo também ocorria através da proibição de se exportar matérias-primas que favorecessem o crescimento industrial do país concorrente.

Metalismo

Os mercantilistas defendiam a ideia de que a riqueza de um país era medida pela quantidade de ouro e prata que possuíssem.

Por isso, houve a busca por regiões na América onde fosse possível extrair estes metais preciosos. Também evitava-se a saída de metais, restringindo as importações.

Tipos de Mercantilismo

Ao longo de mais de três séculos, os pensadores, hoje chamados de mercantilistas, foram mudando sua opinião a respeito do que faria a riqueza de uma nação. Tais concepções também variavam conforme as características de cada economia nacional.

Por isso, podemos identificar três principais tipos de práticas mercantilistas:

  • Mercantilismo metalista
  • Mercantilismo comercial
  • Mercantilismo industrial

Mercantilismo metalista

Predomínio da concepção metalista, devido ao impacto da exploração de grandes reservas de metais preciosos nas Américas a partir do século XVI.

Exemplo: Espanha. Enriqueceu com o ouro e a prata explorados no continente americano. Como não desenvolveu a agricultura e a indústria, passou a importar produtos pagos com ouro e prata, colocando a economia em déficit (quando as importações superam as importações). A partir do século XVII, a economia espanhola entrou numa crise que durou um longo período.

Mercantilismo comercial

Baseava-se nas práticas comerciais de produtos monopolizados, graças à exploração das colônias.

Exemplos: Portugal. No século XVI, com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, Portugal colocou em prática o mercantilismo comercial, comprando e revendendo mercadorias do Oriente.

A partir da exploração das terras americanas, ampliou suas exportações por meio da na produção de açúcar destinada ao mercado internacional.

Mercantilismo industrial

Práticas de incentivo às manufaturas nacionais, de modo a proteger a economia interna, aumentar as exportações e reduzir a entrada de mercadorias estrangeiras. Esse modelo também é chamado de Colbertismo, em referência a Jean-Baptiste Colbert, economista francês influente na corte de Luís XIV.

Exemplo: França. Neste país, o mercantilismo estava voltado para o desenvolvimento de manufaturas de luxo para atender a nobreza francesa e o mercado espanhol. Da mesma forma, a França procurou expandir suas companhias de comércio, bem como a construção naval.

Origens do Mercantilismo

O mercantilismo começou a surgir na Baixa Idade Média (XI a XV), época em que teve início o processo de formação das monarquias nacionais.

Porém, foi somente na Idade Moderna (XV a XVIII) que ele se firmou como política econômica nacional e atingiu o seu desenvolvimento.

Ao passo que as monarquias europeias foram se firmando como Estados modernos, os reis recebiam o apoio da burguesia comercial, que buscava a expansão do comércio para fora das fronteiras do país.

Além disso, o Estado lhe concedia o monopólio das atividades mercantis e defendia o comércio nacional e colonial da interferência de grupos estrangeiros.

Vale lembrar que os pensadores hoje chamados de mercantilistas não usavam o termo Mercantilismo, que passou a ser utilizado apenas a partir do final do século XVIII para caracterizar as práticas econômicas desenvolvidas a partir do século XV.

Vídeo sobre o Mercantilismo

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Para praticar:

Referências Bibliográficas

FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. 15ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1994 (Coleção Tudo é História).

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.
Juliana Bezerra
Edição por Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.