Budismo

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Budismo é uma doutrina filosófica e espiritual, surgida na Índia, nos séc. VI a.C. e tem como preceito a busca pelo fim do sofrimento humano e assim, alcançar a iluminação.

Seus princípios baseiam-se nos ensinamentos de Siddhārtha Gautama, conhecido como Buda, que significa "Desperto" ou "Iluminado" .

Os budistas, portanto, não adoram um deus ou deuses, nem possuem uma rígida hierarquia religiosa, sendo muito mais uma busca individual, quando comparadas às religiões monoteístas ocidentais.

Características do budismo

O budismo se caracteriza por uma série de ensinamentos que guiam o ser humano a desapegar de todos os defeitos próprios da humanidade como a raiva, ciúme e inveja para desenvolver as qualidades como o amor, generosidade e sabedoria.

O budismo, assim, é uma atitude perante o mundo, pois seus seguidores aprendem a desapegar-se de tudo o que é transitório, o que resulta numa espécie de autossuficiência espiritual.

Nirvana e Carma

No universo budista, o qual não possui início ou fim, o Nirvana seria o estágio ideal, mas esse não pode ser ensinado, apenas percebido.

O Carma é assunto de destaque no Budismo. Segundo esta ideia, as boas e más ações (surgidas da intenção mental) trarão consequências nos próximos renascimentos.

Em cada um deles, o ser vai ter a oportunidade de largar de tudo aquilo que o impede de alcançar a perfeição.

Portanto, o renascimento, processo em que passamos por vidas sucessivas, é justamente o ciclo onde se busca romper o sofrimento para ascender às moradas mais puras.

Este ciclo vicioso de sofrimento é chamado "Samsara" e é regido pelas leis do Carma.

Dessa forma, o caminho pretendido no Budismo é o “Caminho do Meio”, ou seja, a prática do não-extremismo, tanto físico quanto moral.

Buda

O Buda não é para os seguidores da doutrina um ente particular, mas um título dado a um mestre budista ou a todos os que alcançaram a realização espiritual do budismo. Assim, Buda, em hindu, quer dizer "o Iluminado" ou "o desperto".

O primeiro Buda foi Siddhartha Gautama, um príncipe da dinastia Sakia, na Índia, que deixou tudo para dedicar-se à vida espiritual.

Nascido em 563 a.C. sua vida é resumida pelos seus seguidores em nascimento, maturidade, renúncia, busca, despertar e libertação, o ensino e a morte.

Buda

Estátua de Siddhartha Gautama


Siddhārtha Gautama foi criado rodeado de luxo, casou-se e teve um filho, mas na juventude descobriu a realidade do sofrimento humano e ficou chocado.

Encontrou-se com quatro pessoas: uma anciã, uma doente, outra morta e, por fim, um asceta, e se indagou sobre a origem de tudo aquilo.

No entanto, foi quando se encontrou com este asceta religioso, que se mortificava em jejum rigoroso, que pensou que ali estava a resposta para suas indagações.

Por isso, raspou a cabeça em sinal de humildade, trocou suas suntuosas roupas pelo despretensioso traje alaranjado, e lançou-se ao mundo em busca de explicações para o enigma da vida.

Após sete anos de privações, Gautama escolheu a sombra de uma sagrada figueira e passou a meditar, permanecendo assim até esclarecer todas as suas dúvidas.

Durante esse tempo, ocorreu o despertar espiritual que ele tanto procurava. Iluminado por um novo entendimento de todas as coisas da vida, rumou para a cidade de Benares, à margem do rio Ganges. Sua ideia era transmitir aos outros o que lhe acontecera.

Origem do budismo

O budismo nasce quando Siddhārtha Gautama decide compartilhar com outras pessoas seu caminho para alcançar o fim do sofrimento.

Sua doutrina se mistura às crenças do hinduísmo, tornando uma filosofia que se adaptava facilmente a cada região onde se instalava, bem como a cada ser humano que desejasse aprendê-la.

Nos 45 anos que pregou sua doutrina, por todas as regiões da Índia, o Buda mencionou sempre as "Quatro Verdades" e as "Oito Trilhas".

Além disso, resumiu o seu pensamento na Regra de Ouro:

"Tudo o que somos é resultado do que pensamos".

Somente séculos depois da sua morte foi realizado uma reunião que definiu os preceitos budistas, onde prevaleceram duas grandes escolas: Theravada e Mahayana.

Ensinamentos do budismo

Monges Budistas

Monges Budistas

Os ensinamentos de Gautama, proferidos no parque da cidade de Benares, definiu os caminhos a seguir para chegar à sabedoria da moderação e da igualdade.

Segundo o budismo, existem Quatro Verdades:

1. a vida é sofrimento;
2. o sofrimento é fruto do desejo,
3. ele acaba quando termina o desejo,
4. ele é alcançado quando se segue os ensinamentos de Buda.

Com essas "Quatro Verdades Nobres", o homem dispõe dos elementos básicos para enveredar pela "Senda das Oito Trilhas".

Dele exigirão pureza de fé, de vontade, de linguagem, de ação, de vida, de aplicação, de memória e de meditação.

Da terceira e quarta trilhas, os seguidores de Buda extraíram cinco preceitos, parecidos com os mandamentos judaico cristão, pois aconselhavam a não matar, não roubar, não cometer atos impuros, não mentir e não beber líquidos inebriantes.

Escolas budistas

Quatro são as escolas budistas mais conhecidas:

  • Nyingma
  • Kagyu
  • Sakya
  • Gelupa

Prevalece nelas o caminho da libertação pelas Três Joias:

  • O Buda como guia;
  • O Dharma como lei fundamental do universo;
  • O Sangha como a comunidade budista.

A expansão do budismo

Durante os três séculos que se seguiram depois da morte de Gautama, o budismo propagou-se pela Índia Antiga. Ele acabou tendo mais adeptos que o próprio hinduísmo, a religião tradicional do país.

Mas, após se alastrar pela Ásia toda, desapareceu do país de origem, cedendo lugar ao hinduísmo. No decorrer da expansão, levado pela rota comercial da seda, atravessou todo o Oriente.

A doutrina original diferenciou-se, tornou-se menos rigorosa, adaptou-se às necessidades espirituais da gente simples. Essa forma de budismo denominou-se mahayana, ou "veículo maior".

No Tibete, a doutrina fundiu-se com a antiga religião bon-po, derivando-se depois para o lamaísmo.

Na Birmânia, Tailândia, Laos, Cambodja, Ceilão e Vietnã, o budismo permaneceu ortodoxo, sendo chamado hinayana, ou o "veículo menor".

Gradualmente, peregrinos chineses e monges budistas hindus começaram a cruzar as montanhas, como missionários.

Um dos peregrinos, Hsuan-Tsang (ou Xuanzang), deixou a China em 629, atravessando o deserto de Gobi e chegou à Índia.

Ali, durante 16 anos, recolheu dados sobre o budismo e escreveu, segundo a tradição, mais de mil volumes.

Imperava na China a dinastia Tsang e milhares de pessoas se converteram ao budismo.

Entre as outras religiões, o confucionismo, o taoismo, o zoroastrismo, o budismo era a que apresentava conceitos mais profundos e com o tempo ramificou-se em muitas seitas.

Por volta do século VII, o budismo chegou à Coreia e ao Japão, que após a conversão do príncipe Shotoku Taishi, foi feito religião nacional.

No século seguinte, o budismo chegou ao Tibete, mas já bastante mudado. Foi introduzido por Padma Sambhava, monge budista hindu.

A religião oficial já estava em franca decadência. Ela se fundiu facilmente com os novos conceitos e surgiu o lamaísmo. Esse transformou o Tibete em Estado teocrático, governado pelos Dalai e Panchen Lamas - monges lamaístas considerados reencarnação de santidades.

O budismo entrou na Europa em 1819, onde o alemão Arthur Schopenhauer desenvolveu novos conceitos, muito próximos do budismo.

Em 1875 foi fundada a Sociedade Teosófica, que encorajou as pesquisas sobre as religiões asiáticas.

O budismo se expandiu pelo mundo e existem templos budistas em diversos países da Europa, das Américas e na Austrália. Líderes budistas levam pelo mundo seus conceitos de vida, adaptando-se a cada sociedade.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.