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Exercícios sobre a Metafísica na Filosofia (com gabarito explicado)

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

Confira exercícios sobre a Metafísica, com gabaritos explicados, os quais foram elaborados para auxiliar estudantes e interessados na Filosofia a aprofundarem seus conhecimentos sobre essa área central do pensamento filosófico.

Boa leitura e bons estudos!

Questão 1

Qual a origem e o significado do termo Metafísica?

A) O termo vem do grego e significa “além da física”.

B) O termo vem do latim e significa “tranquilidade do corpo”.

C) O termo surge da germânico e significa “algo que vem após a corporeidade”.

D) O termo vem do latim e significa “além da natureza “.

Gabarito explicado

Metafísica é uma palavra derivada do grego que vem da contração da expressão “metà tà physikà”, expressão presente nos textos aristotélicos e que significa “o que vem depois da Física”. Tornou-se nome dado a um conjunto de texto de Aristóteles sobre Filosofia Primeira e, com efeito, uma das áreas de investigação da Filosofia.

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Questão 2

Qual dos trechos abaixo se relaciona com o estudo da Metafísica?

A) “Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano”. (Aristóteles).

B) “É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa)”. (Aristóteles).

C) “[...] todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não há dúvida alguma, pois, do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de objetos que tocam nossos sentidos e em parte produzem por si próprios representações, em parte põem em movimento a atividade do nosso entendimento para compará-las, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência?”. (Kant).

D) “[...] (como teoria das artes liberais, como gnosiologia inferior, como arte de pensar de modo belo, como arte do análogon da razão) é a ciência do conhecimento sensitivo” (Baugamgarten).

Gabarito explicado

A Metafísica é um ramo da Filosofia que estuda a natureza do ser, buscando suas causas primeiras. Assim, o trecho que melhor expressa esse estudo é o que está presente na alternativa B).

A alternativa A) está incorreta, pois refere-se aos conhecimentos buscados no campo da Filosofia Política.

A alternativa C) está relacionada à formação de nosso conhecimento (como conhecemos a realidade à nossa volta), pertencendo ao campo da Epistemologia.

Por fim, a alternativa D) remete à Estética, afirmando-a como um conhecimento sensitivo, atrelada “a arte de pensar de modo belo”.

Questão 3

“A maior parte dos primeiros filósofos considerou como princípios de todas as coisas unicamente os que são da natureza da matéria. E aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro se geram, e em que por fim se dissolvem” (ARISTÓTELES. Metafísica, I, 3).

Qual dos primeiros filósofos afirmou que a água era o princípio material de todas as coisas existentes?

A) Demócrito de Abdera.

B) Empédocles de Agrigento.

C) Heráclito de Éfeso.

D) Tales de Mileto.

Gabarito explicado

Tales de Mileto (624 a.C. - 546 a.C.), considerado pai da Filosofia Ocidental, foi pensador pré-socrático que defendeu a água como elemento fundamental de todas as coisas existentes. Essa constatação, conforme diz Aristóteles, veio da observação de que “o alimento de todas as coisas é úmido” e do fato de que “todas as sementes terem uma natureza úmida e ser a água, para as coisas úmidas, o princípio de sua natureza”. Nesta última, está implicada o fato de as sementes dependerem da água para germinar.

Questão 4

“Porque a Natureza do Uno, sendo como é progenitora de todas as coisas, não é nenhuma delas” (PLOTINO, Enéada, VI, 9, 3). A partir do trecho, pode-se dizer que o uno para Plotino:

A) é o próprio ser que está na base de todas as coisas que existem.

B) está além de todo ser e, embora seja princípio das coisas, não se reduz a elas.

C) é um não ser, não podendo ser, portanto, princípio de nenhuma das coisas existentes.

D) está sob o ser, sendo um entre os vários existentes cujo ser é fundamento.

Gabarito explicado

Diferente dos pensadores da Antiguidade, que estabeleciam um princípio material ou formal (baseado na ideia de “ser”) como fonte dos existentes, Plotino entendia que o princípio deveria ser absolutamente simples e transcender a toda forma de determinação, uma vez que ele está no fundamento de todas as coisas (portanto, da multiplicidade).

Por isso, ao defender sua ideia de “uno” como causa de todas as coisas, afirma que “não é nenhuma delas”. Isso ocorre porque o uno não pode se submeter à mesma categoria de ser que os demais existentes, caso contrário, não estaria ele na base de tudo, mas seria apenas “mais um ser” entre os “demais seres”.

Questão 5

Em seus estudos metafísicos, Aristóteles estabelece quatro sentidos para dizer acerca das causas de algo. Sobre essa concepção, considere as afirmações abaixo:

I. Entre as causas de um existente, está aquela que responde do que é feito tal existente;

II. A causa eficiente diz respeito a finalidade de um existente;

III. Michelangelo esculpiu La Pietà em mármore. Usando a teoria aristotélica das quatro causas, poderíamos dizer que Michelangelo é causa eficiente da escultura;

IV. A causa final de uma casa é servir de abrigo e moradia para as pessoas;

V. Quando se pergunta “o que é algo?” procura-se saber os elementos que compõem o objeto analisado, ou seja, a sua matéria;

Das frases acima, aquelas que estão de acordo com pensamento aristotélico são:

A) I, II e IV.

B) III e V.

C) II e V.

D) I, III e IV.

Gabarito explicado

Aristóteles estabelece quatro maneiras de expressar a causa de algo, a saber:

1) causa formal: aquilo que diz respeito à natureza de algo (sua definição essencial) e que responde à pergunta “o quê?”;

2) causa material: os elementos que compõem materialmente as coisas e que respondem à pergunta “do que é feito?” (Ex.: o mármore é a causa material da estátua de La Pietá);

3) causa eficiente: aquilo que deu início ao movimento ao objeto (aquilo que o causou) e que responde à pergunta “de onde vem?”;

4) causa final: a finalidade ou o “para que” algo é feito.

Cientes disso, pode-se dizer que as afirmações II e V são equivocadas:

Na afirmação II, é dito que a finalidade de algo está ligado à causa eficiente, quando na verdade está ligada à causa final;

A V relaciona a pergunta “o que é?” à causa material, em vez de à causa formal.

Questão 6

Entre os conteúdos atrelados à Metafísica no período Medieval, temos as tentativas de provar a existência de Deus. Com esse intuito, São Tomás de Aquino apresenta cinco vias.

De acordo com sua Primeira Via, que procura provar a existência de Deus a partir do movimento, pode-se inferir que:

A) o movimento do universo é uma ilusão dos sentidos e que Deus é o único ser que se move, por isso, ele é causa de tudo.

B) há uma cadeia de movimentos até o infinito e que essa cadeia movente é o corpo de Deus.

C) para que haja movimento do universo, deve haver um primeiro motor na cadeia de movimentos, mas que seja imóvel.

D) o movimento é uma propriedade interna da matéria e não necessita de causa externa, portanto, Deus não existe.

Gabarito explicado

São Tomás busca demonstrar a existência de Deus utilizando o pensamento aristotélico sobre o movimento, ou seja, da passagem de algo da potência ao ato. O filósofo nos mostra que, para que haja movimento no universo, é necessário um motor que o coloque em movimento.

Para ele, em linhas gerais, é impossível que o universo se mova por si, pois é impossível que algo esteja, simultaneamente, em ato e potência (ou seja, movimentando-se e, ao mesmo tempo, parado). Além disso, é impossível que haja uma cadeia infinita de movimentos, pois não pode haver infinitos movimentos em um tempo finito, assim como não haveria qualquer movimento, se um dos motores fosse retirado ou se não houvesse um para iniciar a sequência de movimentos.

Assim, é necessário que haja um ser que seja causa do movimento, sem ser movido por algo externo. Esse primeiro motor, visto como imóvel, seria Deus.

Questão 7

Para Heidegger, qual foi o erro fundamental cometido pela tradição em seus estudos metafísicos?

A) A metafísica dos antigos desconsideravam todo conhecimento derivado da razão.

B) O erro dos antigos é que estavam excessivamente focados em investigar as experiências subjetivas e compreender acerca da consciência.

C) A metafísica tradicional falha em suas buscas ao investigar o ser como se fosse um ente.

D) Eles adotaram uma perspectiva idealista, esquecendo da interferência da realidade material na formação de nosso conhecimento.

Gabarito explicado

Para o filósofo contemporâneo, Martin Heidegger, a tradição (em suas buscas pela metafísica) perdeu de vista o seu verdadeiro objeto de investigação (esqueceram-se de olhar para o Ser propriamente dito). Segundo Heidegger, ao perguntarem sobre o Ser, os gregos acabavam por analisar os objetos existentes (entes). Focavam em “coisas” como: mesa, cadeira, homem como “animal racional”. Em outras palavras, eles reduziram o ser à ideia de ente, confundindo ambos os conceitos.

Heidegger, em sua filosofia, propõe “uma remoção dos entulhos acumulados na história da ontologia” (HEIDEGGER, apud:SILVA, 2016, p. 163) e um resgate da pergunta sobre o ser, colocando o Dasein no centro da investigação, uma vez que o homem é o único ente que se pergunta acerca do próprio ser.

Pratique com mais exercícios de Filosofia para o 1º ano do Ensino Médio (com gabarito).

Referências Bibliográficas

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Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.