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Exercícios sobre a Sabinada (com gabarito explicado)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A Sabinada foi uma das mais importantes revoltas do período regencial brasileiro, ocorrida na Bahia entre 1837 e 1838. Liderada por Francisco Sabino, o movimento refletiu as tensões entre o governo central e as províncias, além de expressar o desejo de maior autonomia política e administrativa.

Estes exercícios com gabarito explicado ajudam a compreender as causas, os objetivos e as consequências da revolta, bem como o contexto social e econômico da época — fundamentais para o estudo de História do Brasil e para a preparação para o ENEM e vestibulares.

Questão 1

"Portanto, ó Brasileiros em geral, unamos e gritemos em altas vozes - Viva a liberdade e Independência das províncias brasileiras, durante a menoridade do nosso jovem imperador o Sr. D. Pedro 2 - vivam os brasileiros livres; morrão os infames absolutistas, que tantos estorvos têm causado a perfeita felicidade de nossa querida pátria."

(O SETE DE SETEMBRO. Rio de Janeiro, n. 1, 21 nov. 1897. Disponível em: Hemeroteca Digital Brasileira - Biblioteca Nacional)

O documento acima foi publicado durante a Sabinada, revolta que eclodiu na Bahia em novembro de 1837. A partir da análise do texto, é possível identificar que o jornal, alinhado aos interesses dos revolucionários baianos, defendia:

a) a autonomia provincial temporária até a maioridade de D. Pedro II, opondo-se ao centralismo político dos grupos conservadores.

b) a proclamação da República em todo o território nacional, rompendo definitivamente com a monarquia e a figura imperial.

c) o retorno de D. Pedro I ao trono brasileiro, considerando ilegítima a abdicação ocorrida em 1831.

d) a emancipação política das províncias do Norte em relação ao governo central sediado no Rio de Janeiro.

e) a abolição da escravidão como condição fundamental para o estabelecimento de uma sociedade verdadeiramente livre.

Gabarito explicado

a) Correta. O jornal expressa apoio à autonomia baiana até que D. Pedro II atingisse a maioridade e rejeita o controle rígido do governo central.

b) Incorreta. A Sabinada não defendia a ruptura completa com a monarquia. O movimento se dizia fiel ao jovem imperador.

c) Incorreta. Os sabinos não pediam a volta de D. Pedro I. A abdicação já era vista como fato consumado.

d) Incorreta. A proposta não era separar o Norte do resto do país. O projeto tinha foco na Bahia, não em todo o conjunto das províncias setentrionais.

e) Incorreta. A revolta não teve programa de abolição. A escravidão se manteve e o tema não ocupou o centro das reivindicações sabinas.

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Questão 2

"... observa-se que os revolucionários, de fato, procuraram evitar uma identificação com os setores mais pobres da cidade. O professor João da Veiga Murici, um dos principais intelectuais do movimento, sugeriu que sob o governo independente a chamada “canalha” – denominação típica do período para caracterizar a população mais pobre – encontrava-se sob controle, e que só mesmo por parte dos adversários da revolução havia interesse em torná-la ameaçadora (...). Assim, na perspectiva rebelde a população cindia-se em dois grupos: o povo e a canalha, sendo que a revolução estaria identificada ao primeiro desses grupos."

(LOPES, Juliana Serzedello Crespim. Dossiê Revoltas: Sabinada. Biblioteca Virtual Consuelo Pondê. Disponível em: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/category/dossie-revolltas-baianas/. Acesso em 10/11/2025).

A análise do trecho permite compreender um aspecto fundamental da composição social da Sabinada no contexto da Bahia oitocentista. A distinção entre "povo" e "canalha" estabelecida pelos revolucionários revela

a) a natureza popular e inclusiva do movimento, que buscava incorporar todos os segmentos sociais da província baiana.

b) o caráter abolicionista da revolta, que pretendia mobilizar escravizados e libertos contra a elite escravocrata local.

c) a influência das ideias socialistas europeias, que propunham a luta de classes como motor da transformação social.

d) a tentativa de estabelecer uma república federalista que garantisse direitos políticos iguais a toda a população.

e) o perfil predominantemente das camadas médias urbanas do movimento, que temia a participação efetiva dos setores mais pobres.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O texto mostra que havia uma clara fronteira social dentro do movimento, que não pretendia incluir todos os grupos populares.

b) Incorreta. A distinção entre povo e canalha não aponta para uma luta antiescravista. A Sabinada não se articulou como movimento abolicionista.

c) Incorreta. Não há referência a ideias socialistas. O movimento era liberal e urbano, sem debate teórico sobre luta de classes.

d) Incorreta. Embora existisse defesa de autonomia, a igualdade política total não aparece como objetivo. A desconfiança em relação aos mais pobres impede essa leitura.

e) Correta. O trecho mostra que o movimento era encabeçado por camadas médias e buscava se afastar do setor pobre, temendo sua atuação.

Questão 3

"E o ambiente na Bahia continuaria esquentado, mobilizando também as camadas médias, os militares e o povo pobre urbano. Persistia um claro sentimento antiportuguês, oriundo do fato de esse grupo monopolizar o comércio e ocupar altos postos administrativos, políticos e militares. Os ânimos se acirraram ainda mais com a renúncia do regente Feijó, em 1837, e com o projeto da lei de interpretação do Ato Adicional, o qual tolhia, ainda mais, a autonomia provincial.

(SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 257-8)

A Sabinada (1837-1838) inseriu-se num contexto de instabilidade política e social do Brasil regencial. Com base no texto, as principais causas do movimento revolucionário baiano foram

a) a defesa da abolição do tráfico de escravos e a redistribuição de terras entre a população pobre da província.

b) o apoio à centralização monárquica e a rejeição às reformas liberais implementadas durante o período regencial.

c) a contestação à presença britânica no comércio baiano e a defesa do protecionismo econômico provincial.

d) o ressentimento contra o predomínio português em setores estratégicos e a insatisfação com a limitação da autonomia provincial.

e) a reivindicação pela independência definitiva da Bahia e a criação de uma monarquia provincial autônoma.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A Sabinada não propôs redistribuição de terras nem combate direto ao tráfico.

b) Incorreta. Os sabinos criticavam o avanço centralizador que vinha sendo reforçado na Regência. Não defendiam o fortalecimento do poder monárquico.

c) Incorreta. O conflito não se estruturou em torno da Grã-Bretanha. A questão econômica central era o domínio português no comércio local.

d) Correta. O texto destaca a insatisfação com o predomínio português e também com a tentativa de reduzir a autonomia conquistada pelo Ato Adicional.

e) Incorreta. O movimento não buscou independência permanente. A separação seria provisória até a maioridade de D. Pedro II.

Questão 4

"A questão que se abre diante dos jornais analisados é que a Sabinada provavelmente não tinha esse caráter de politização negra em suas propostas iniciais – o que faz crer que a mobilização da identidade negra foi um recurso estratégico posteriormente adotado como forma de angariar adesões junto aos habitantes que se mantiveram na cidade. A identidade negra da Sabinada é, portanto, uma construção de parte de suas lideranças com uma finalidade política objetiva; não é algo dado naturalmente e nem previamente pelos revolucionários de primeira hora."

(LOPES, Juliana Serzedello Crespim. Dossiê Revoltas: Sabinada. Biblioteca Virtual Consuelo Pondê. Disponível em: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/category/dossie-revolltas-baianas/. Acesso em 10/11/2025)

O fragmento permite analisar a relação entre identidade racial e estratégia política durante a Sabinada. A partir do texto, conclui-se que

a) o movimento teve desde o início um caráter abolicionista, incorporando a população negra em suas lideranças principais.

b) a participação negra na revolta foi rejeitada pelas lideranças, que mantiveram o movimento restrito às elites brancas.

c) a identidade racial foi um elemento secundário, uma vez que a Sabinada priorizou questões político-institucionais e dispensou a mobilização da população negra de Salvador.

d) a mobilização da identidade negra foi uma estratégia pragmática adotada posteriormente para ampliar o apoio popular ao movimento.

e) os revolucionários promoveram a abolição da escravidão na Bahia como forma de consolidar a adesão da população africana e afrodescendente.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O texto afirma que a identidade negra não estava presente nas propostas iniciais, o que descarta um caráter abolicionista inicial.

b) Incorreta. Não houve rejeição plena da participação negra. O trecho mostra que a mobilização ocorreu de forma estratégica, não como exclusão total.

c) Incorreta. A identidade racial não foi descartada. Ela aparece como recurso político, ainda que não estivesse no projeto original.

d) Correta. A mobilização da identidade negra surge como estratégia para ganhar apoio em Salvador quando o movimento já estava em curso.

e) Incorreta. Ao contrário do afirmado, a Sabinada não aboliu a escravidão.

Questão 5

"A reação [à Sabinada] foi como sempre exemplar. Segundo dados oficiais, morreram em combate 1258 rebeldes e 594 soldados. Prenderam-se 2989 rebeldes, sendo muitos aprisionados em navios. Foram deportados 1520 homens para o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e por lá aguardaram julgamento. Já os africanos livres foram mandados de volta para a África. O destino de Sabino foi diferente: com anistia concedida por decreto imperial (...), ele foi enviado para Goiás, onde se envolveu com a política local."

(SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 259)

A repressão à Sabinada, descrita no fragmento, insere-se em um padrão mais amplo de atuação do Estado Imperial brasileiro durante o período regencial. A análise dos dados apresentados permite concluir que:

a) o governo imperial privilegiou soluções negociadas e pacíficas para os conflitos provinciais, evitando a repressão militar direta.

b) a anistia concedida aos líderes rebeldes demonstra a fragilidade do poder central em impor sua autoridade sobre as províncias.

c) a violência empregada contra os revoltosos refletia a percepção das elites imperiais de que as revoltas, especialmente as populares, representavam ameaças à ordem estabelecida.

d) o tratamento igualitário dispensado a todos os participantes da revolta evidencia o caráter democrático das instituições do Império.

e) a deportação dos rebeldes para outras províncias tinha como objetivo principal promover a integração nacional e o desenvolvimento das regiões menos povoadas.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O trecho mostra números elevados de mortes e prisões, o que indica que o governo recorreu à força direta e não a acordos pacíficos.

b) Incorreta. A anistia a Sabino foi uma exceção. O restante da repressão mostra um Estado disposto a punir duramente revoltas regionais.

c) Correta. O uso intenso de violência revela a preocupação do governo com movimentos populares que pudessem abalar o controle das elites imperiais.

d) Incorreta. Os diferentes destinos dados aos rebeldes provam que não houve igualdade de tratamento. africanos livres, por exemplo, foram enviados de volta ao continente africano.

e) Incorreta. A deportação servia mais como punição e isolamento político do que como política de integração territorial.

Questão 6

“Na Bahia, o crescimento econômico das últimas décadas coloniais e do início de 1820, deu lugar à crise, intensificada após as guerras de independência (1822-1823), a evasão do capital português e grande quantidade de moedas falsas em circulação. (...) A renúncia de Feijó em setembro de 1837, abriu as portas para um governo centralizador e conservador, contrário ao que pregavam os “exaltados”. Acreditava-se que a renúncia de Feijó teria servido de estopim para o início da revolta, segundo um documento encontrado tempos depois na casa de Francisco Sabino.“

(CAMBRUZZI, Bianca Novais. Francisco Sabino. Impressões Rebeldes — Universidade Federal Fluminense, 28 nov. 2023. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/pessoa/francisco-sabino/. Acesso em: 10 nov. 2025.)

O contexto político nacional que antecedeu a eclosão da Sabinada caracterizou-se pela tensão entre projetos políticos distintos para o Estado brasileiro. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o período regencial, identifica-se que

a) a aprovação do Ato Adicional de 1834 consolidou o projeto descentralizador, eliminando as divergências entre liberais e conservadores.

b) a renúncia de Feijó representou o fortalecimento dos setores favoráveis à ampliação da autonomia provincial e ao federalismo.

c) o Código de Processo Criminal de 1832 havia restringido os poderes locais, gerando insatisfação entre as elites provinciais, a exemplo dos aristocratas envolvidos na Sabinada.

d) a ascensão de grupos conservadores após a saída de Feijó sinalizava o retorno de medidas federalistas do Ato Adicional.

e) o movimento do Regresso, iniciado com a renúncia de Feijó, buscava limitar a autonomia provincial através da Lei de Interpretação do Ato Adicional.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O Ato Adicional ampliou a autonomia, mas não encerrou os conflitos. Ele gerou novas disputas entre grupos que queriam rever ou limitar essas mudanças.

b) Incorreta. A renúncia de Feijó fortaleceu os conservadores, que defendiam maior centralização, o que contrariava os exaltados.

c) Incorreta. O Código de Processo Criminal ampliou poderes locais, permitindo mais autonomia às autoridades provinciais, o que gerou críticas de grupos centralizadores.

d) Incorreta. Os conservadores não buscavam reforçar medidas federalistas. Eles agiram para reduzir a autonomia dada às províncias.

e) Correta. O movimento do Regresso tentou conter o avanço liberal do Ato Adicional. A Lei de Interpretação buscava justamente limitar os poderes provinciais.

Questão 7

"A sabinada reuniu uma base ampla de apoio, incluindo pessoas da classe média e do comércio de Salvador, em torno de ideias federalistas e republicanas. O movimento buscou um compromisso com relação aos escravos, dividindo-os entre nacionais - nascidos no Brasil - e estrangeiros - nascidos na África. Seriam libertados os cativos nacionais que houvessem pegado em armas pela revolução; os demais continuariam escravizados."

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 143.)

A proposta dos revolucionários baianos em relação à escravidão, apresentada no texto, evidencia:

a) uma tentativa de angariar apoio de parcela da população afrobrasileira de Salvador, sem romper com os interesses em definitivo das elites escravocratas.

b) a influência das ideias abolicionistas britânicas sobre as lideranças do movimento, que defendiam o fim imediato da escravidão.

c) a radicalização social do movimento, que pretendia transformar profundamente as relações de trabalho na província baiana.

d) uma falta de alinhamento entre os revolucionários e os interesses dos grandes proprietários de escravos da região do Recôncavo.

e) a antecipação das propostas que seriam implementadas pela Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários décadas depois, libertando os nascidos no Brasil.

Gabarito explicado

a) Correta. A libertação limitada dos escravos nacionais era uma forma de atrair apoio sem romper totalmente com os interesses senhoriais.

b) Incorreta. O texto não aponta influência de ideais abolicionistas radicais. A proposta era restrita e mantinha a estrutura escravista.

c) Incorreta. A medida não representa ruptura profunda. Ela preservava grande parte das relações escravistas da província.

d) Incorreta. A proposta buscava justamente não enfrentar de modo direto os grandes senhores, que continuariam com seus cativos africanos.

e) Incorreta. As leis posteriores tinham outros critérios. A proposta da Sabinada não antecipa as políticas oitocentistas de emancipação gradual.

Para estudar mais: Sabinada: resumo, causas, líderes e consequências

Continue praticando com exercícios sobre o Período Regencial (com comentários).

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.